Bolsonaro pede que apoiadores invadam hospitais para filmar supostos leitos vazios

Presidente segue defendendo tese de que pandemia tem sido tratada de forma exagerada pela mídia

  • D
  • Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2020 às 10:33

- Atualizado há um ano

. Crédito: AFP

Após falar sobre a nova forma de divulgação dos dados de Covid-19 pelo Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro disse que a população deveria filmar leitos vazios em hospitais públicos e afirmou que há "ganho político" com as mortes que ocorreram durante a pandemia. As afirmações foram feitas em transmissão ao vivo nas redes sociais nesta quinta-feira, 11. 

Bolsonaro reforçou a ideia de que a pandemia de coronavírus que matou, até a tarde de hoje, 40.919 brasileiros, vem sendo tratada de forma exagerada pela mídia e pelos governos estaduais e municipais. Para ele, esses números não condizem com a verdade. “Caso em que a pessoa tinha uma série de problemas de saúde, entrou em óbitos. Até o momento, não tinha nenhum familiar que tinha contraído o vírus e aparece lá no óbito como Covid-19”, destacou.

O presidente afirma que recebe dezenas de relatos do gênero e que “não sabe o que acontece”. Bolsonaro não comenta sobre a taxa de mortalidade no país, que mata 20 a cada 100 mil habitantes, de acordo com dados do Ministério da Saúde. O tempo necessário para que o teste de diagnóstico para coronavírus obtenha o resultado também não é levado em consideração pelo presidente.

Bolsonaro pontua ainda que encaminha essas supostas denúncias de falsificação de atestados de óbitos para investigação na Polícia Federal e na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele pede: “Você aí que tem um hospital de campanha perto de você, um hospital público, né. Arranje uma maneira de entrar e filmar. Muita gente tem fazido isso, mas mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados ou não”.

Bolsonaro não menciona nenhum dado estatístico ou fonte para sustentar que os hospitais estariam vazios. Em contraponto, um levantamento feito pela Folha junto às secretarias estaduais de saúde, mostrou que no dia 8 de junho, pelo menos nove estados brasileiros possuíam taxa de ocupação acima de 80% nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O presidente afirma ainda que “desconhece qualquer morte de coronavírus que tenha sido causada por falta de respiradores”.

Apesar das declarações do chefe do executivo, o Brasil completou nesta quinta-feira, o terceiro dia consecutivo registrando mais de 1.200 mortes e mais de 30 mil casos em 24 horas. Atualmente, são 802.828 confirmações da doença. O Brasil, desde 22 de maio, é o segundo país do mundo com maior número de casos e mortes de Covid-19, atrás somente dos Estados Unidos.