Bolsonaro recua e revoga trecho de MP que permitia suspender salários por 4 meses

Medida autorizava empregador a interromper contrato de trabalho

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  • Da Redação

Publicado em 23 de março de 2020 às 13:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/TV Brasil

Um dia após o governo publicar a Medida Provisória 927, que fixava regras para a relação entre empresas e trabalhadores durante a pandemia do novo coronavírus e permitia a suspensão do contrato de trabalho por quatro meses, o presidente Jair Bolsonaro decidiu rever um trecho do dispositivo e revogá-lo.

"Determinei a revogacao do art.18 da MP 927 que permitia a suspensão do contrato de trabalho por até 4 meses sem salário", afirmou o líder nacional em publicação no Twitter, pouco antes das 13h desta segunda-feira (23).

O restante do documento, no entanto, foi mantido. Entre as medidas, afirma que "para enfrentamento dos efeitos econômicos decorrentes do estado de calamidade pública e para preservação do emprego e da renda", poderão ser adotadas pelo empregadores as seguintes medidas: o teletrabalho, a antecipação de férias individuais, a concessão de férias coletivas, o aproveitamento e a antecipação de feriados, o banco de horas, a suspensão de exigências administrativas em segurança e saúde do trabalho, o direcionamento do trabalhador para qualificação e o diferimento do recolhimento do FGTS.

O documento também prevê, na seção sobre o teletrabalho, que "o empregador poderá, a seu critério, alterar o regime de trabalho presencial para o teletrabalho, o trabalho remoto ou outro tipo de trabalho a distância". Na seção de férias, o documento diz que "o empregador poderá optar por efetuar o pagamento do adicional de um terço de férias após sua concessão".

O plano anticoronavírus, divulgado na semana passada, já previa que trabalhador e empregador poderiam celebrar acordos individuais para reduzir o custo do trabalho. A MP, fora o trecho suprimido, tem vigência imediata, mas precisa ser aprovada por deputados e senadores em 120 dias para não perder a validade. O plano flexibilizava as regras trabalhistas para tentar evitar que, na crise, as empresas promovam demissões em massa, o que pode agravar o quadro de depressão da economia.

"É preciso que se ofereça instrumentos para que empresas e empregados consigam superar esses momentos de turbulência, até chegamos ao momento pós-pandemia, e a economia volta a se estabilizar em níveis similares aos anteriores à crise. Nesse momento, interesses de empresa e de empregadores são convergentes: a preservação do emprego e da renda", disse o secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo, na quarta-feira, durante o anúncio das medidas.