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Da Redação
Publicado em 1 de julho de 2021 às 17:44
- Atualizado há 2 anos
Pressionado por denúncias de corrupção no governo e pelo superpedido de impeachment protocolado ontem, o presidente Jair Bolsonaro participou, nesta manhã, de uma missa com parlamentares e seus familiares, em Brasília. Bolsonaro assistiu à celebração ao lado da deputada Bia Kicis (PSL-DF), autora da chamada PEC do Voto Impresso, e, pouco antes do evento, repetiu que, se a impressão do voto não for adotada, "vamos ter problemas no ano que vem".>
Antes de comparecer à missa, em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro retomou o tom de ameaça que adotou no início do ano, ao comentar a invasão do Capitólio por ativistas ligados ao ex-presidente Donald Trump, que resistia à posse de Joe Biden sob o argumento de que houve fraude no processo eleitoral.>
Sem mencionar nomes, o presidente também reclamou de "três ministros" do Supremo Tribunal Federal (STF) que estariam empenhados numa "articulação" para barrar a impressão do voto. De acordo com Bolsonaro, caso o voto impresso não seja implementado no pleito de 2022, "eles (os ministros) vão ter que apresentar uma maneira de ter eleições limpas".>
"Dinheiro tem, já está arranjado dinheiro para as eleições, para comprar impressoras", insistiu Bolsonaro. E completou: "Tiraram o Lula da cadeia, tornaram elegível, pra ele ser presidente na fraude. E isso não vai acontecer!">
No último fim de semana, presidentes de 11 partidos se reuniram e fecharam posicionamento contra o voto impresso nas eleições de 2022. Os caciques das legendas, incluindo os da base do presidente Bolsonaro no Congresso, decidiram derrubar a proposta discutida na Câmara e patrocinada pelo chefe do Planalto.>
Conforme o Estadão/Broadcast Político apurou, os ministros Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atuaram para demover os partidos da ideia de aprovar o voto impresso. Moraes assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no período das eleições presidenciais e Barroso é o atual chefe da Corte eleitoral.>
A reviravolta ocorre no momento em que Bolsonaro é alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera pesquisas de intenção de voto para o próximo ano.>
O Estadão revelou no início do mês passado que a PEC tinha votos suficientes para avançar na comissão especial da Câmara. A articulação, porém, enfrentou resistência e agora os partidos prometem se movimentar pela rejeição da PEC com os deputados, ou até mesmo engavetá-la. Os 11 partidos que mobilizaram o encontro virtual representam 326 deputados entre os 513 integrantes da Câmara, número suficiente para derrubar a medida.>
A missa não estava prevista na agenda oficial do presidente Jair Bolsonaro e contou ainda com a presença de outros parlamentares aliados, entre eles os deputados Evair de Mello (PL-MG), Eros Biondini (PROS-MG), General Peternelli (PSL-SP), Sanderson (PSL-RS), Diego Garcia (Podemos-PR) e General Girão (PSL-RN).>
Reportagem de Matheus de Souza, com colaboração de Camila Turtelli.>