Bom, certo e competitivo: ESG é fundamental para garantir imagem das empresas

Prática se transformou num diferencial de mercado para empresa de qualquer porte

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 8 de novembro de 2021 às 06:00

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Shutterstock/reprodução

Ter dentro da empresa energia limpa; manter agenda de diversidade, equidade e inclusão; reduzir o desperdício; contratar colaboradores que residam no entorno do negócio; realizar reciclagem; praticar a economia circular; adotar políticas de sustentabilidade não são modismos. Na verdade, ter uma cultura pautada na ESG (sigla em inglês para políticas ambientais, sociais e de governança) se transformou num diferencial de mercado para empresas de qualquer porte.

Uma pesquisa divulgada na semana passada pela Fundação Dom Cabral em parceria com a XP corretora apontou que não apenas os stakeholders, mas o próprio mercado financeiro influencia e pressiona o ambiente corporativo a buscar melhorias alinhadas com esse propósito. Cerca de 80% dos entrevistados afirmaram que as organizações que não adotarem uma gestão alinhada ao ESG sofrerão impactos negativos no futuro. 

Formado em ecologia pela UFRJ, Renato Paquet, CEO da Polen, trabalhou com governança para sustentabilidade corporativa, analisando empresas de capital aberto e seus relatórios de risco, com foco na parte ambiental. Ele diz que, na prática, qualquer empresa precisa, minimamente, seguir as leis ambientais do país, estado e município; zelar pelos aspectos ambientais e também pelos sociais que devem levar em conta, pelo plano básico, a ausência de trabalho escravo, ausência de trabalho infantil, prezar pelo bem estar social nos entornos de sua operação e em todas as áreas impactadas direta ou indiretamente por sua operação, e por fim, garantir que estes fatores não sejam meros projetos da empresa, mas sim que estejam embutidos no dia a dia, na rotina e cultura da empresa.  Renato Paquet destaca que, na prática, a adoção da ESG impede que as organizações infrinjam as leis e tenham suas imagens comprometidas (Foto: Divulgação) “Os pequenos negócios devem sempre estar atentos ao atendimento das leis, das boas práticas de seguridade social e de governança básicas. Precisam ter prioridade às legislações brasileiras, que não são poucas, e que o não cumprimento pode acarretar em punições tanto de grandes compradores quanto dos consumidores de modo geral e também dos órgãos ambientais”, completa. 

Consumidores

Acostumado a palestrar sobre o tema, o advogado e escritor Augusto Cruz afirma que o  ESG não é uma opção, mas uma obrigação e lembra que as gerações "Z" e "Millenials" despejarão, nos próximos 10 anos, cerca de 30 trilhões de dólares no mercado. “Ambas as gerações evidenciam preocupação com o propósito e engajamento das empresas em que trabalham, consomem e investem. Isso vale para todo e qualquer negócio, assim, as pequenas e médias não devem ficar de fora e precisarão aderir ao ESG e divulgar o que fazem”, diz. Augusto Cruz lembra que os consumidores consideram  as empresas aderentes à agenda de ESG mais confiáveis e elas estão no topo das indicações (Foto: Divulgação) O advogado destaca que, se uma PME pode crescer por meio de investimento de terceiros, sendo uma startup ou não, o cuidado com a ESG não pode ser esquecido. “Acontece que os fundos de investimento, principalmente internacionais, têm buscado empresas que evidenciem adotar elementos do ESG em sua estratégia de negócio e na adoção de boas práticas internamente”, esclarece.

Augusto cita ainda uma pesquisa da consultoria RepTrack que mostra que os consumidores consideram que as empresas aderentes à agenda de ESG são mais confiáveis, recebem o benefício da dúvida em caso de crise reputacional, recebem as primeiras indicações para outros consumidores e estão no topo quando se trata de indicação para compra.

Certo pelo certo

Paquet diz que se pudesse resumir, diria que os pequenos negócios têm que ter como prioridade fazer o que é certo pelo ponto de vista dos órgãos reguladores e de seus clientes, e crescer o negócio. “Por isso, é de suma importância ouvir os seus consumidores nos primeiros passos de sua jornada empreendedora. Não tente adivinhar o que seu consumidor valoriza dentro das práticas ESG: pergunte a eles e aplique a interseção entre sua estratégia e o que o consumidor quer dos seus produtos”, ensina. 

Para Renato, fazer aquilo que se acha correto mas sem ter base de conteúdo e pilar estratégico pode ser um tiro no pé. “Acredito que os maiores desafios da ESG nas organizações são de ordem pessoal. Estar embebido ou embebida de conhecimento para por em prática algo com um grau de segurança satisfatório é fundamental para a crença geral sobre o tema na empresa e também para que esteja firme em suas decisões”, diz.

O ecologista defende que o caminho seguinte seja difundir as práticas na organização e fazer com que o conhecimento seja incorporado pelos colaboradores. “ Com isso, geramos valor através do conhecimento, engajamento interno e o respeito e admiração dos consumidores ao verem sua empresa sempre se atualizando para fazer com qualidade aquilo que eles pedem e querem do seu negócio”, conclui. 

Passo-a-passo do ESG em 5 etapas:

1 - olhe pra dentro de casa: veja que leis, normas e regulações se aplicam ao seu negócio. Cumpra todas, sem exceção. Dá trabalho, pode gerar algum custo pontual com taxas e licenças, mas é fundamental fazer. 

2 - Pergunte aos seus colaboradores como eles enxergam a empresa, peça sugestões, sejam elas anônimas ou não, mas pergunte o que elas acham. Seus maiores “influenciadores” são as pessoas que trabalham com você, todo o resto é menos importante que isso. Com as sugestões, crie uma dinâmica de escuta ativa e adaptação do modelo atual, para aquele que está eu seu plano estratégico e junte a isso as sugestões de seu time. 

3 - Pergunte aos seus clientes como eles enxergam a empresa, os produtos, a reputação da marca e também peça sugestões a sua base de consumidores para melhorias. Comunique as mudanças para essa mesma base que te respondeu o que desejava. Seus segundo maiores influenciadores são sua base de consumidores. Cliente satisfeito indica produto, cliente que se sente parte do negócio promove produto. 

4 - publique sobre suas práticas ESG dentro da empresa. Antes de falar a mercado, garanta que todos os seus funcionários e terceirizados tenham um conhecimento homogêneo sobre suas práticas. 

5 - crie um canal de comunicação de suas ações para o mercado, publique aos seus consumidores, aos seus fornecedores e também aos seus compradores e distribuidores. Fazer com que sua estratégia chegue mais longe e que o canal de escuta aos seus consumidores esteja ativo faz com que você nunca fique pra trás em relação a opinião deles é isso extremamente importante. (Fonte: Renato Paquet)