Branquinho básico: por que a cor se tornou a favorita na hora de comprar um carro?

Para os especialistas, cor do veículo é tão importante quanto encontrar o modelo apropriado

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  • Gil Santos

Publicado em 24 de julho de 2020 às 05:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Nara Gentil/CORREIO

Para alguns é uma questão de preço, para outros é a cor da moda, e há também quem fale em economia com a manutenção. Independentemente do motivo, o carro branco é uma tendência crescente no Brasil, com ou sem pandemia. No ano passado, 43% dos automóveis novos eram brancos, como indica pesquisa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em algumas concessionárias, essa tonalidade representa 80% das vendas.

Mas por que será que o branco é o queridinho da galera? Segundo o representante da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Raimundo Valeriano, o preço é um dos motivos. Carros com tinta metalizada podem custar até R$ 1 mil mais caro que os modelos branco, preto e vermelho com tinta normal. Se a coloração for perolizada o preço pode subir acima dos R$ 1,5 mil.

“A cor metalizada eleva um pouco o preço do veículo. No carro prata, por exemplo, a cor é metalizada. Tem também as cores perolizadas, como azul e marrom, que custam ainda mais caro. Existe outra questão que é a moda. Há alguns anos, eu ouvia muita gente dizer que não queria carro branco porque parecia táxi, mas isso mudou. Nos últimos cinco anos essa é a cor mais vendida. As pessoas passaram a gostar, e virou tendência”, contou.

Além de ser mais barato e estar na moda, o carro branco gera economia. O motorista por aplicativo Carlos Cezar Araújo, 47 anos, contou que nos veículos de cor branca as marcas de arranhão e outras pequenas avarias ficam menos evidentes. “O reparo também é mais barato. Por esse motivo, eu sempre preferi carros brancos ou prata. A única desvantagem que eu vejo é que ele suja mais rápido”, brincou.

O tempo que um profissional leva para corrigir arranhões em uma lataria branca, preta ou vermelha é, basicamente, o mesmo, mas são os materiais usados que fazem a diferença no orçamento. Quem explica é o pintor automotivo Geovane Paz Silva, 22 anos.

“A tinta que a gente usa para reparar arranhões em carros preto e vermelho, por exemplo, custa mais caro do que a que é usada nos carros brancos, então, o valor da manutenção acaba subindo um pouco. Além disso, quem dirige carro de cor escura precisa ter mais atenção porque os arranhões sobressaem mais nessas cores do que nos carros de cor clara”, disse. Foto: Nara Gentil/CORREIO Perfil  As pessoas ouvidas na reportagem disseram que não existe um perfil próprio para cada tonalidade, mas que é muito comum que mulheres escolham os carros vermelhos e que homens prefiram a coloração branca. Seguindo ou não essa tendência, o fato é que 80% dos carros vendidos pela Indiana Ford são da cor branca. O gerente de vendas da empresa, Leonardo Ferreira, contou que existe uma febre dessa tonalidade. 

“Quando o cliente vem à loja, geralmente, ele já tem ideia de qual cor de carro ele vai querer levar. Nós temos uma paleta com mais de 20 opções de cores que eu apresento para eles, mas no final é uma questão de gosto. O branco dominou o mercado. É possível ver isso nas concessionárias e também nas ruas”, afirmou.

Ele contou que existe uma vantagem na revenda, porque a procura por essa tonalidade é maior também entre os seminovos. “Quem tem um carro preto não terá propriamente um prejuízo na hora de revender, mas ele pode demorar um pouco mais para conseguir trocar o carro. Mas, às vezes, não. É preciso levar em consideração o modelo, as condições do veículo e uma série de outras coisas. Cada caso é um caso” disse.

Outro fato é que essa preferência é uma novidade. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em 2010, apenas 12% dos carros vendidos no Brasil eram da cor branca. Naquele ano, o cinza era quem liderava com 36%. Já no ano passado 43% dos automóveis vendidos eram brancos, e o preto, que há dez anos era o segundo lugar, agora, está atrás do prata (22%) e do cinza (13%).

Para os especialistas, saber escolher a cor do veículo é tão importante quanto encontrar o modelo apropriado para cada consumidor. Por isso, assim como a marca e designer, a tonalidade deve ser escolhida com cuidado e respeitando a identidade de cada ser humano.

Cor prata segue entre as mais vendidas desde 2010

De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), depois do branco, os carros mais procurados são o prata e o preto. Juntas, essas três cores são responsáveis por 70% das vendas de automóveis na Bahia. Na casa da estudante de comunicação Tamires Cardoso, 27, só entra carro da cor prata. O avô dela sempre dirigiu veículos dessa cor, o pai dela também e, agora, a terceira geração segue pelo mesmo caminho.

“A gente leva em consideração a manutenção do carro prata, como questões de riscos do dia a dia que essa cor disfarça mais (arranhões), e também porque o carro prata tem uma vida útil muito maior. É uma cor neutra que não esquenta tanto quanto o preto, por exemplo, que consome mais combustível por conta disso para resfriar o carro”, contou.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) fez um levantamento das cores de todos os carros vendidos no Brasil no ano passado e comparou com 2010. O modelo prata perdeu a liderança para o branco, mas ainda é um dos preferidos dos brasileiros, já que 22% dos automóveis comprados no país em 2019 tinham essa cor.

Cinza e preto aparecem quase empatados com 13% dos motoristas comprando o primeiro e 12% levando para casa o segundo, respectivamente. Em seguida, está o vermelho com 6% (em 2010, era 9%), e demais cores em um pacote de 4%.

Confira as cores de carros mais vendidas em 2019

Branca 43%

Prata 22%

Cinza 13%

Preta 12%

Vermelha 6%

Outras 4%

*Fonte: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea)