Brasil é o maior consumidor de produtos com agrotóxicos do mundo

Substâncias elevam incidência de câncer

Publicado em 5 de julho de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Antônio Saturnino/Arquivo CORREIO

Segundo o Instituto Nacional do Câncer, desde 2009, o Brasil é o maior consumidor mundial de produtos com agrotóxicos. Chamados também de defensivos agrícolas ou agroquímicos, eles são utilizados na agricultura para eliminar insetos ou ervas daninhas nas plantações, mas fazem mal à saúde. Aos serem pulverizados, eles se espalham, contaminando o solo e a água.

Os agrotóxicos estão presentes em alimentos in natura de origem vegetal como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, castanhas e outras oleaginosas, ou minimamente processados, ou ainda ovos, leite e carnes frescas.

O que muita gente não sabe é que os resíduos dos defensivos também podem estar presentes nos alimentos ultraprocessados como biscoitos, salgadinhos, pães, cereais matinais, lasanhas e pizzas, entre outros, que têm como ingredientes o trigo, o milho, a cana-de-açúcar e a soja, por exemplo.

De acordo com o Instituto, regiões com alto uso de agrotóxicos apresentam incidência de câncer acima da média nacional e mundial. O órgão orienta que sempre que possível, as pessoas consumam alimentos agroecológicos ou orgânicos, porque além de serem mais saudáveis, contribuem para a preservação do meio ambiente e para a agricultura familiar.

Já o Ministério da Saúde (MS) informa que o uso contínuo, indiscriminado ou inadequado de agrotóxicos é considerado um relevante problema ambiental e de saúde pública. Os efeitos à saúde humana decorrentes da exposição direta ou indireta aos defensivos podem variar de acordo a toxicidade, tipo de princípio ativo, dose, tempo de exposição e via de exposição.

Os mais vulneráveis são os trabalhadores rurais, de empresas do agronegócio, de fábricas formuladoras e desintetizadoras e de campanhas de saúde pública. Já os mais suscetíveis a esses efeitos são crianças, gestantes, lactentes, idosos e pessoas com a saúde debilitada.

O MS informou que vem buscando definir e implementar estratégias e ações articuladas voltadas para a promoção, prevenção e vigilância à saúde de populações expostas ou potencialmente expostas a agrotóxicos. O órgão estruturou, para este fim, a Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos (VSPEA), como componente da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes Químicos (Vigipeq).

O CORREIO solicitou à Sesab o número de pessoas intoxicadas por agrotóxicos nos últimos cinco anos e de mortes decorrentes dessa contaminação no mesmo período na Bahia, mas, a Secretaria informou que essas não são doenças de notificação compulsória.