Brasil já produz mais lixo por pessoa do que pode suportar

Segundo o gerente do Instituto Akatu, Dalberto Adulis, o acúmulo é insustentável e precisa ser revisto

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  • Daniela Leone

Publicado em 27 de novembro de 2013 às 07:16

- Atualizado há um ano

Cada brasileiro produz, em média, um quilo de lixo por dia. De acordo com o gerente de conteúdos e metodologias do Instituto Akatu, Dalberto Adulis, esse acúmulo é insustentável e precisa ser revisto. Na opinião dele, a conscientização do cidadão passa pela educação ambiental. “O volume é muito grande e a gente tem que repensar a questão do consumo. É preciso ter consciência de que cada coisa que se consome tem um impacto”, afirma.Mariana: incineração para gerar energia ainda é polêmica; Adulis e a necessidade de repensar os níveis de consumo; Soto: como a Braskem reutiliza resíduos na produção Em parceria com a Braskem, o instituto criou a Edukatu, uma rede de compartilhamento de práticas sustentáveis e de consumo consciente voltada para alunos e professores. “O interessante é que o professor é motivado a desafiar os alunos, que depois passam a fazer parte de uma rede com outros estudantes”, explica. A secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Mariana Meirelles, falou da implementação da educação ambiental no currículo escolar. “A nossa cidadania engatinha. A gente tem que melhorar a educação ambiental no país que é muito precária ainda. Quantos não falam ‘Ah, mas não vou separar o lixo porque o governo junta tudo’. Então, o próprio cidadão ainda não percebe que parte da solução começa por ele e é uma questão de educação muito séria no país. Mas embora contrarie a maioria dos educadores que desejam que haja uma disciplina específica para educação ambiental, a posição do governo já está tomada que é de transversalidade dessa disciplina no parâmetro curricular”, avalia. Jorge Soto complementou a discussão indicando a experiência da Braskem no tema. “Nós também educamos os integrantes e várias coisas passam transversalmente. Mas em algum momento é necessário fazer um recorte, entrar com um mínimo de profundidade para que não fique superficial. Eu acho que não é ‘ou’ é fazer ‘e’. Não transversalidade ou um módulo único, mas os dois. Talvez temporariamente”, defendeu.Certificação é estímulo a mais para a produção verde, diz diretor da Braskem em debate Mediado pelo vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Irundi Sampaio, o debate realizado na manhã de ontem no Fórum Agenda Bahia discutiu o tema Política Nacional de Resíduos Sólidos: Desafio Imediato para Economia Verde. Participaram da discussão o gerente de conteúdos e metodologias do Instituto Akatu, Dalberto Adulis, o diretor de sustentabilidade da Braskem, Jorge Soto, e a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Mariana Meirelles. De acordo com Adulis, a grande questão da Economia Verde é o fechamento do ciclo. “A única espécie viva que produz lixo é o homem, nenhum outro animal produz. O grande desafio é fazer com que a gente produza menos lixo e que o resíduo entre novamente em atividade produtiva, aliviando a pressão da natureza, por um lado, e, de outro, limpando as nossas cidades”, afirmou o gerente da Akatu, antes de reforçar que os desafios para que esse fechamento aconteça são inúmeros. A secretária do Meio Ambiente levantou a discussão sobre a incineração como forma de transformar o resíduo em energia. “Esse é um ponto que o próprío ministério não decidiu ainda”, explica. Já o diretor de sustentabilidade da Braskem defendeu a criação de certificação como estímulo à produção verde. “Na década de 1990, o Brasil foi o país que mais rapidamente adotou a certificação de gestão ambiental. É possível, mas é preciso um mínimo de estímulo. Penso que o Senai, o Cese podem ser organizações que podem ajudar nessa questão”, defendeu Soto.