Brasileira que tentava entrar ilegalmente nos EUA é encontrada morta no deserto

Corpo foi encontrado abandonado na fronteira com o México; grupo com 140 brasileiros foi detido em outra parte da divisa

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  • Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2021 às 19:06

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Agentes fronteiriços encontraram no deserto o corpo de uma brasileira que tentava entrar ilegalmente nos Estados Unidos. Lenilda de Oliveira, de 49 anos, foi abandonada pelo grupo de imigrantes do qual fazia parte, e chegou a contatar a família algumas vezes antes de morrer. Parentes e amigos organizam no momento um crowdfunding para trasladar o corpo de volta ao Brasil.

Nascida em Ouro Preto do Oeste, Rondônia, Lenilda era técnica em enfermagem e morava com as duas filhas em Vale do Paraíso. Ela pretendia chegar ao Estado de Ohio e, de acordo com relatos de amigos e familiares, viajava com conhecidos e amigos de infância A travessia se iniciou no dia 7 de setembro, quando o grupo atravessou a fronteira ilegalmente em direção à cidade de Deming, no Novo México. Sob condições climáticas extremas, a técnica em enfermagem passou mal e foi deixada para trás pelo grupo, que prometeu retornar para buscá-la.

De acordo com o relato dos organizadores do crowdfunding, Lenilda entrou em contato com a família e compartilhou sua localização por Whatsapp. Ela também teria enviado áudios relatando que a situação era grave e que temia estar morrendo. Áudios obtidos pelo O Globo mostram que ela pediu à família que contatasse uma das amigas que fazia parte do grupo de imigrantes para pedir que eles trouxessem água na volta.

Ao jornal local Deming Headlight, o xerife do condado de Luna, Michael Brown, afirmou que a família demorou três dias para compartilhar a localização de Oliveira com a polícia. A família afirma que buscou ajuda imediatamente, acionando advogados, amigos e parentes que já residiam nos Estados Unidos, além de ter reportado o abandono à Patrulha da Fronteira.

O corpo de Lenilda foi encontrado na quarta-feira, 15, por volta das 16h, no deserto do Estado do Novo México. De acordo com as autoridades americanas, ele estava próximo ao cruzamento das rodovias Castaneda e Hondale, a 400 metros de uma residência.

Nesta quinta-feira, 16, a família iniciou uma arrecadação de fundos para repatriar o corpo de Lenilda. Até o momento, 43 pessoas doaram o total de R $2.320. A estimativa é que os custos do traslado fiquem em torno de R$ 15 mil.

Os Estados Unidos enfrentam atualmente uma crise de imigração. Neste ano fiscal, iniciado em 1o de outubro de 2020, 1.002.722 indivíduos foram encontrados por agentes fronteiriços, contra 851.513 durante o mesmo período no ano fiscal de 2019, de acordo com os dados da Customs and Border Protection. O recorde foi em julho, quando autoridades registraram 212.672 encontros ao longo da fronteira com o México, maior número registrado em 21 anos.

O número de brasileiros que tentam cruzar a fronteira ilegalmente também aumentou. Um levantamento da BBC feito a partir de dados da Customs and Border Protection mostra que, entre outubro de 2020 e agosto de 2021, 46.410 brasileiros foram detidos na região - seis vezes mais do que o registrado no ano fiscal de 2020.

Brasileiros ilegais

Na manhã desta quinta-feira (16), um grupo de 140 brasileiros foi detido tentando entrar ilegalmente nos Estados Unidos, através da fronteira com o México. 

Agentes da Patrulha de Fronteira do Setor Yuma, responsáveis por cobrir uma área de 470 mil quilômetros quadrados que vai da Califórnia até o Arizona, abordaram o grupo após operadores de câmeras de segurança flagraram a movimentação.

No Twitter, o chefe da Patrulha de Fronteira do setor, Chris T. Clem, postou as imagens captadas pelas câmeras.

"Agentes da Patrulha de Fronteira detiveram um grupo de 140 migrantes brasileiros nesta manhã. Até o momento, neste mês, os agentes se depararam com uma média diária de mais de 600 migrantes, um aumento de mais de 2.000% em relação ao ano passado", relatou Clem.