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Braskem amplia produção de resinas sustentáveis


 

Empresa petroquímica prepara matéria-prima limpa para garrafas PET

  • Donaldson Gomes

Publicado em 25/04/2019 às 05:18:00
Atualizado em 19/04/2023 às 17:10:07
. Crédito: Foto: Divulgação

A Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas das Américas e principal operadora do complexo petroquímico no Polo de Camaçari, está prestes a iniciar a produção da principal matéria-prima para as garrafas PET a partir da cana de açúcar. Quando o projeto adquirir escala industrial, será possível encontrar no mercado um produto feito de matriz 100% reciclável. O anúncio foi feito ontem pelo vice-presidente de poliolefenos da Braskem, Edison Terra, durante uma conversa com jornalistas na Feiplastic 2019. 

“Estamos no último estágio, antes do desenvolvimento do monoetilenoglicol (MEG) Verde em escala industrial”, explicou o dirigente da empresa. Segundo ele, a nova linha, que está sendo desenvolvida em parceria com a startup norueguesa Haldortopsoe, está em linha com os esforços da Braskem na implementação da economia circular na indústria do plástico – o que consiste em colocar de volta na cadeia produtiva materiais que antes eram considerados lixo.

No caso do PET, a produção a partir de uma matriz limpa e sustentável será um passo no sentido da obtenção de materiais 100% renováveis, destacou o diretor de desenvolvimento de novos negócios, José Augusto Viveiros. Com a cana como matéria-prima como matéria-prima, substituindo combustíveis fósseis, além do produto passar a ter uma fonte renovável, a sua produção ainda ajudará a absorver gás carbônico, na etapa do plantio da cana, explica. 

O produto já passou pela fase de laboratório e numa planta piloto, na unidade de pesquisa da Braskem em Campinas. O estágio atual é o de demonstração. A estimativa é que o produto seja disponibilizado em escala industrial entre um ano e meio e dois anos. “É uma parceria global, que não utilizará apenas o açúcar brasileiro. Ainda não temos uma definição em relação à localização, embora haja uma vantagem para o Brasil”, destacou José Viveiros. 

Economia circular Atualmente, o Brasil recicla entre 22% e 25% dos produtos consumidos aqui. O índice, que vem aumentando nos últimos anos, ainda está distante do que se verifica em outros países do mundo. O Japão, por exemplo, atinge a marca de 99%. Após um primeiro passo rumo à economia circular, em 2009, com a adoção do chamado plástico verde, produzido pela cana, há dois anos a Braskem deu um novo salto, com a criação de uma área focada na gestão da economia circular e no incremento de novos produtos na indústria de transformação do plástico, lembra Edison Terra. 

“Nós percebemos que precisamos atuar em conjunto com toda uma cadeia. Nenhum elo vai conseguir fazer isso sozinho. As parcerias são importantes para todos”, destaca Terra. Segundo ele, a Braskem vem atuando tanto no apoio a melhorias nos processos de reciclagem, na melhoria da qualidade das resinas, o que ajuda a criar mais demanda, no engajamento da sociedade para o processo e no fomento de mudanças na cadeia, para que cada vez mais produtos sejam reaproveitados. 

“Existe um grande desafio, porque ninguém gosta de ver imagens do plástico no ambiente, ou nos oceanos. Talvez o maior avanço da indústria tenha sido essa consciência de que há um problema que precisa ser resolvido”, explica o vice-presidente da Braskem. Segundo ele, havia uma ideia de que os benefícios do plástico – na preservação de produtos e na redução de peso das embalagens, entre outros – falavam por si só. “Hoje há um entendimento de que é preciso entender que algumas aplicações do produto precisam mudar, outras serão mantidas e outras deixaram de ser utilizadas”, afirma.