Bruna Surfistinha para Bolsonaro: 'Deveria cuidar mais da moral da própria família'

Presidente usou filme baseado na vida da ex-prostituta como exemplo negativo

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  • Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2019 às 20:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Raquel Pacheco, mais conhecida como Bruna Surfistinha, comentou as declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro sobre o filme baseado em sua vida. Para Bolsonaro, não se pode "admitir que com dinheiro público se façam filmes (como esse)". Hoje, voltando a falar do tema, ele admitiu que não assistiu "Bruna Surfistinha", mesmo tendo dito que o longa ofende as famílias. Lançado em 2011, o filme traz Deborah Secco no papel da protagonista.

Hoje trabalhando como DJ e com consultoria sexual, Raquel falou em entrevista ao Extra, classificando a fala de Bolsonaro de "infeliz". Disse ainda que ele deveria "cuidar da moral da própria família"."Sobre mais uma infeliz declaração do Bolsonaro, eu digo que ele, antes de fazer juízo de valor sobre os outros, ele deveria cuidar da moral da própria família, e ainda do nosso país. Afinal, ele está cuidando demais do que não precisa e fazendo pouco do dever dele principal, que é ser presidente", afirma.O filme é baseado no livro "O doce veneno do escorpião", que Raquel lançou em 2005. Mais de 2 milhões de pessoas foram ao cinema assistir ao longa.

A atriz Deborah Secco também comentou o caso, defendendo o filme. "Fico um pouco chocada com o 'Bruna' ter sido colocado nesse lugar, porque o filme retrata uma história real não só da Raquel, mas de outras milhares de mulheres que se encontram nessa situação. O que a gente queria com o filme era debater e falar sobre como nós, como a população, lida com essa realidade", afirmou Secco em entrevista ao F5. 

Ainda segundo Deborah Secco, o filme é motivo de orgulho em sua trajetória, por ter dado a ela uma nova visão sobre a prostituiçã. "A gente queria muito que nenhuma mulher estivesse nessa situação, que nenhuma mulher tivesse que se vender para sobreviver, mas essa não é a realidade do nosso pais, então a gente precisa falar sobre isso, resolver, debater", finalizou

A roteirista do filme, Antonia Pellegrino, também foi às redes sociais criticar a declaração do presidente. "Como roteirista do filme, sinto-me orgulhosa de ter trabalhado numa produção que empregou 350 pessoas, premiada no Brasil e no mundo e que levou 2 MILHÕES de pessoas ao cinema. O que você não deveria admitir é 13 milhões de desempregados, universidades sucateadas e ter laranjas na sua família. Cegueira e ignorância levam à censura. Melhore", escreveu.

Bolsonaro usou o filme como exemplo ao falar sobre sua intenção de mudar a sede da Agência Nacional do Cinema (Ancine) do Rio para a capital federal, na quinta. Hoje, em um evento em uma igreja evangélica em Brasília, foi perguntado sobre se tinha visto "Bruna Surfistinha". "Eu não, pô! Vou perder tempo com Bruna Surfistinha? Tenho 64 anos de idade";