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Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2022 às 14:12
- Atualizado há 2 anos
O indigenista Bruno Pereira foi morto com um tiro na cabeça e outros dois nas regiões do tórax e abdômen. O resultado parcial da perícia foi divulgado neste sábado (18), pelo Comitê de crise, da Polícia Federal, no Amazonas. Além dos três tiros em Bruno, o jornalista britânico Dom Philips também foi atingido por um dos disparos no abdômen. Segundo o boletim da PF, foram os tiros, disparados de uma arma de caça, que causaram as mortes. >
Comparações entre exames odontológicos entregues pela família do indigenista e a arcada dentária recolhida pelos policiais federais confirmaram a identidade de Bruno. O mesmo procedimento foi usado na identificação do jornalista. No caso de Dom, houve ainda a análise de impressões digitais e caraterísticas físicas, método conhecido como "antropologia forense".>
Ainda de acordo com o comunicado da Polícia Federal, não existem indicativos da presença de outros indivíduos em meio ao material que passa por exames. >
Ainda de acordo com a PF, nos próximos dias os trabalhos dos peritos serão concentrados nos exames de "Genética Forense, Antropologia Forense e métodos complementares de Medicina Legal, para identificação completa dos remanescentes e compreensão da dinâmica dos eventos". >
Na quinta (16), os restos mortais de Bruno Araújo e Dom Phillips chegaram ao Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, em Brasília. >
Eles estavam desaparecidos desde 5 de junho, na região do Vale do Javari, no oeste do Amazonas. Os remanescentes humanos foram encontrados após o pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como "Pelado”, ter confessado a participação no desaparecimento e indicado o local onde os corpos foram enterrados.>
Suspeitos presos O terceiro suspeito de envolvimento nas mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips foi preso na manhã deste sábado (18).>
Jeferson da Silva Lima, conhecido como "Pelado da Dinha" se entregou na delegacia de Atalaia do Norte (AM), onde foi ouvido pelo delegado Alex Perez Timóteo. Ele é apontado pela Polícia Federal como sendo um dos envolvidos na emboscada, morte e ocultação dos corpos no Vale do Jari.>
"Conforme todas as provas, todos os depoimentos colhidos até o momento, ele estava na cena do crime e participou ativamente do duplo homicídio ocorrido", disse o delegado ao g1.>
Além de Jeferson, foram presos Amarildo da Costa Oliveira, o "Pelado", que confessou o crime na quarta (15), e seu irmão, Oseney da Costa de Oliveira. Os dois estão presos em Atalaia do Norte, a 1.136 quilômetros de Manaus.>
Embarcação As buscas pela embarcação utilizada pelo indigenista e pelo jornalista britânico continuam neste sábado (18). O barco foi afundado pelos criminosos em uma área de mata da região do Vale do Javari. >
Na sexta-feira (17), as ações das forças de segurança encerraram no final da tarde. Equipes da Marinha e Defesa Civil de Atalaia do Norte, que dão apoio nas buscas, retornaram ao porto do município por volta das 15h45 (horário local). Bruno e Dom durante pesquisas e entrevistas (Foto: Unijava) Desaparecimento Bruno e Dom tiveram o desaparecimento informado pela União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), na segunda (6). Eles sumiram no trajeto entre a comunidade de São Rafael e Atalaia do Norte, diz a entidade.>
Dom Phillips fazia a viagem para realizar entrevistas para um livro que escrevia sobre a Amazônia. Bruno, servidor licenciado da Funai e profundo conhecedor da região e dos povos indígenas, o acompanhava. >
No dia 5, os dois deixaram o Lago do Jaburu para a comunidad de São Rafael, onde o indigenista participaria de uma reunião. Eles chegaram lá por volta das 6h, conversaram com uma moradora e depois começaram a viagem de volta, mas jamais chegaram e não foram mais vistos. Baseado no Brasil há 15 anos, Dom Phillips era repórter e colaborava para várias publicações, incluindo o The Guardian. Ele morava em Salvador com a esposa, que é baiana.>
Já Bruno era um servidor licenciado da Funai, sendo um dos indigenistas mais experientes do país. Segundo a Univaja, ele recebia várias ameaças de madereiros, garimpeiros e pescadores por conta do seu trabalho na Amazônia.>