Cabo Verde: suspeito de colocar cocaína em barco diz que velejadores são inocentes

Ele prestou depoimento à Polícia Federal nesta semana

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  • Da Redação

Publicado em 21 de abril de 2019 às 08:14

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Um dos suspeitos de colocar uma tonelada de cocaína no barco onde estavam os velejadores baianos presos em Cabo Verde, disse à polícia que os brasileiros são inocentes. Acusados de tráfico internacional, os brasileiros ficaram presos por 18 meses e foram libertados em fevereiro.

De acordo com a TV Bahia, Robert James Delbos, que foi preso no ano passado, prestou depoimento e admitiu que nenhum deles sabia que a embarcação estava lotada de drogas. Ele foi extraditado para Salvador, ficou custodiado na Superintendência da Polícia Federal em Salvador e, depois, foi transferido para o presídio da Mata Escura.

Em depoimento à Polícia Federal, o inglês informou que foi contratado pelo também inglês George Eduard Soul, o George Fox, para fazer uma reforma no veleiro. No entanto, ele garante que não sabia que objetivo era esconder a droga. George está foragido e há um mandado de prisão preventiva em aberto, junto com a Interpol, contra ele.

Ainda na oitiva, Delbos garantiu que os baianos Rodrigo Dantas e Daniel Dantas e o gaúcho Daniel Guerra "não tinham conhecimento de que estavam transportando entorpecente, e que tais pessoas são inocentes". Acrescentou ainda que George ficou muito abatido com a prisão dos brasileiros e que "queria se matar por ter colocado quatro pessoas inocentes dentro do barco com a droga".

Segundo o delegado Daniel Justo Madruga, superintendente regional da PF na Bahia, Delbos já se envolveu com tráfico internacional inicialmente. "Ele também teria sido preso, conforme ele próprio declarou, pelo transporte de 1,5 tonelada de haxixe, na década de 80, na Inglaterra", disse.

O caso As investigações da Justiça Federal concluíram que Robert Delbos veio ao Brasil como tripulante da embarcação Rich Harvest. Ele seria o responsável pelos pagamentos para reformas na embarcação, onde foram acondicionados os entorpecentes.

A embarcação era tripulada pelos brasileiros e o francês Olivier Michel Marie Thomas quando foi parada em agosto de 2017 em Cabo Verde.

Os velejadores baianos foram soltos após um ano e meio na prisão de Cabo Verde em fevereiro de 2019. Eles responderão o processo em liberdade após uma decisão da Justiça cabo-verdiana. A soltura, no entanto, não equivale à absolvição de Daniel Guerra, Daniel Dantas e Rodrigo, que estavam a bordo de um barco que transportava drogas. 

No Brasil, os baianos foram ao Rio Vermelho agradecer a soltura, contaram sobre rotina e deram mais detalhes sobre o dia-a-dia na Penitenciária de São Vicente.,

Investigações Quando ocorreu a prisão, a Justiça cabo-verdiana desconsiderou testemunhas brasileiras e um inquérito feito pela Polícia Federal brasileira, que indicou fragilidades na acusação contra os velejadores. Condenados a 10 anos, eles passaram 18 meses detidos na Penitenciária de São Vicente.

A sentença foi anulada em janeiro deste ano e o processo voltou para a primeira instância da Justiça do país, sob a responsabilidade do juiz Antero Tavares, e o mesmo que os condenou a dez anos de prisão.

Em decisão favorável à soltura, nesta quinta-feira, no entanto, Tavaes determinou liberação, considerando o Código de Processo Penal do país, segundo os apontamentos feitos pelos advogados das partes. 

Não há ainda, de acordo com Alex Coelho, um indicativo de data para um novo júri.