Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 16 de dezembro de 2018 às 17:14
- Atualizado há 2 anos
O mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) pode ser também o próximo cineasta brasileiro a ter uma produção concorrendo ao Oscar, maior prêmio do cinema mundial. Carlos Diegues, ou simplesmente Cacá Diegues, está em cartaz com O Grande Circo Místico, filme escolhido para representar o Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar do ano que vem, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. A lista dos escolhidos para a disputa será divulgada em janeiro. "Oscar não é o juiz supremo do cinema brasileiro', diz o cineasta Cacá Diegues (Foto: Divulgaçaõ/TV Brasil) Cacá não supervaloriza o prêmio. Para ele, a crítica do público está acima de tudo. “Eu não faço do Oscar o juiz supremo do cinema brasileiro. Aliás, de nenhum filme do mundo, do brasileiro sobretudo. Quem julga a qualidade do filme é o espectador”, diz o cineasta em entrevista ao programa Conversa com Roseann Kennedy, que vai ao ar nesta segunda-feira (17), às 21h15 na TV Brasil.>
Cacá Diegues considera O Grande Circo Místico seu melhor filme. “É uma síntese de tudo o que eu fiz em cinema até hoje, é uma síntese do que eu penso do cinema”, afirma.>
Adaptação de um poema do alagoano Jorge Lima, O Grande Circo Místico narra a história de cinco gerações de uma família circense e é embalado por músicas de Edu Lobo e Chico Buarque.>
A produção é resultado de 12 anos de trabalho de Cacá Diegues, que a considera ser uma obra diferente do que se produz atualmente na América Latina. “O que se espera do cinema latino-americano é um cinema realista, dentro do que eles acham que é a América Latina. E este é um filme mais fantasia, meio barroco, com imagens que não são propriamente realistas.">
Ao falar do futuro do cinema, Diegues é otimista. Ele destaca que o Brasil está produzindo quase 180 filmes por ano, com muito conteúdo de qualidade. "Temos cineastas estreando com ótimos filmes que estão ganhando prêmios no exterior e recuperando o prestígio do cinema brasileiro", afirma.>
Quanto à revolução tecnológica que hoje atinge todas as artes, o cineasta não titubeia ao responder que o futuro do cinema está na tela do celular. “A gente está filmando para o cinema, para o DVD, para a televisão e também para o streaming. O streaming é a plataforma do momento. Quantas pessoas estão vendo, como é fácil você ter [acesso ao filme]. No dia em que o streaming for uma indústria, uma economia viável dentro do Brasil, você vai ver filme um atrás do outro.">
Ainda sobre o avanço digital, Cacá Diegues reclama de quando o Festival de Cannes, na França, proibiu os filmes exibidos em plataforma de vídeo pela internet. "Achei de um reacionarismo insuportável", diz, expondo uma de suas características que é não ter medo de criticar, nem de ser criticado.>
Em 1978, por exemplo, para rebater críticas dos que exigiam postura política mais contundente nos seus filmes, Cacá se queixou das "patrulhas ideológicas". O que ele não imaginava, à época, é que a expressão de sua autoria seria atual até hoje. "Eu não faço o filme para mudar a opinião de ninguém. Eu faço filme sobre o estado do mundo. Eu não faço filme nem para o passado, nem para o futuro. Eu faço o filme sobre o presente, sobre o que eu acho sobre o estado do mundo para os meus contemporâneos. Então, vamos ver juntos isso, vamos discutir juntos. Agora, porque a ideologia está errada, aí eu já não sei”, afirma. >