Caíque, uma necessária pausa para reavaliação

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  • Gabriel Galo

Publicado em 17 de maio de 2018 às 11:41

- Atualizado há um ano

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Dentre as frases conhecidas no mundo do futebol, uma das maiores é aquela que afirma que “um grande time começa por um grande goleiro”. Se esta afirmação é verdadeira, o oposto é também fato. Um péssimo time começa por um péssimo goleiro. E é nesta situação que se encontra o Vitória neste tenebroso ano de 2018, na figura de Caíque.

Depois de sucessivas e infantis falhas, está na hora de parar para reavaliar o guarda-metas rubro-negro. Está mais do que claro que não é questão de ter paciência. Que não se trata de queimar um jogador da base. Não é ter a noção de que um jovem naturalmente oscila. Tudo isto é aceitável e recomendável. O caso, no entanto, ultrapassa os apelos de parcimônia. Possivelmente, há chegado o momento de se questionar a qualidade efetiva de Caíque.

Temos que recordar o hexagonal final do Sul-americano Sub-20 em janeiro de 2017, quando Caíque, até então titular da Seleção, provocou inúmeros pênaltis em uma sequência esquecível de partidas. Merecidamente, perdeu a posição. Depois, descontrolado, ainda atacou a imprensa.

A impostura é secundada por graves falhas técnicas. Suas saídas de gol com os pés são das piores que jamais vimos, não somente no clube, mas na história do futebol. Acabasse aqui o problema, bastaria trabalhar para que ele se plantasse debaixo das traves sem se mover. Mas não. O que ele tem feito nos últimos jogos é evidência de um problema maior. Não é possível conceber que se trate apenas de uma má fase.

Recapitular os erros de Caíque faz a gente puxar uma longa história de catástrofes. Em vez de álbum de figurinhas da Copa, o defensor da meta rubro-negra decidiu colecionar frangos e entregadas. Apenas para listar os últimos jogos: Atlético-MG, Internacional, Vasco, e a cereja desta torta na cara do torcedor, Sampaio Corrêa. Caíque toma um frango clássico no jogo contra o Sampaio Corrêa (Foto: Paulo Soares/O Estado) Alguém poderá argumentar que esta esburacada zaga contribui, o que é parcialmente verdade. Porque a contribuição é inegável para que o Vitória tenha a defesa mais vazada do Brasileirão, mas não justifica os erros crassos do goleiro em lances isolados e sem interferência de quem quer que seja.

Neste ambiente de tragédias anunciadas, Caíque se posiciona corajosamente. Admite seus erros. Bradou até, depois da disputa de pênaltis contra o Internacional, pela Copa do Brasil, que “calou a boca de muita gente.” Eu, no entanto, digo um enfático “chega”. Quem você quer enganar, Caíque? Calou a boca de quem e por quê? Porque você foi bem numa disputa de pênaltis que não teria acontecido, para começo de conversa, não fosse o seu erro em Porto Alegre? Corrigir a própria falha não é “calar a boca” de ninguém, mas o mínimo que deve ser feito por alguém que tem culpa no cartório. Zerar a conta não é passar recibo.

Além do mais, prefiro um goleiro que não admita culpa porque não falha em vez de um que engata um peru atrás do outro, e depois paga de senhor da hombridade. Quer provar hombridade, Caíque? Que tal reconhecer seu péssimo momento e pedir para sair? Se não por orgulho próprio, por um motivo simples: você está prejudicando o Vitória, time do qual você se diz torcedor.

O fato é que a torcida está cansada. Estamos cansados. Mais até, estamos envolvidos no manto gélido da vergonha. Pelo péssimo goleiro que temos (e agora sem reserva à altura), pela zaga vazada, pelas contratações esdrúxulas, por vermos atletas do nível de Baumjohann vestindo o sagrado uniforme rubro-negro, pela panela de Mancini, pela arrogância de Correia, pelo indecente sobrepeso de André Lima, pelo abandono de um perna de pau como Denílson, que se julga superior a uma mais do que centenária agremiação, pela incompetência atroz dos gestores.

Repito, CHEGA. Puxem seus barcos e deixem meu Vitória em paz. E Caíque, se você quiser dar o exemplo e liderar o bando, garanto que ninguém vai achar ruim. Pelo contrário.

Gabriel Galo é escritor. Texto originalmente publicado no site Papo de Galo. A opinião do articulista não reflete necessariamente a do CORREIO.