Câmara técnica da Saúde pode apresentar renúncia coletiva após decisão de Queiroga 

Grupo defende deixar representação caso Ministério não recue na suspensão de vacinação em adolescentes; Bahia decidiu manter a vacinação

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  • Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2021 às 23:06

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Conass

Membros da Câmara Técnica do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde exigiram, em reunião nesta sexta (17), uma mudança de posição e retratação da pasta em relação à suspensão da orientação sobre vacinar adolescentes de 12 a 17 anos contra a Covid-19. As informações são da coluna Painel, da Folha de S.Paulo.

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Os integrantes do grupo querem que o Ministério da Saúde diga publicamente que a câmara não foi consultada na decisão pela suspensão e que se comprometa a retomar a recomendação da vacinação dos adolescentes. Caso o ministro Marcelo Queiroga não siga a indicação do grupo, os integrantes pretendem entregar suas posições na câmara. O pleito teve apoio unânime entre os participantes da reunião.

A Câmara técnica é composta por professores, especialistas, representantes de sociedades de classe e conselhos de secretários estaduais e municipais de Saúde (como Conass e Conasems), e é responsável por subsidiar tecnicamente o ministério em suas decisões.

De acordo com o grupo, se o ministério pretende tomar decisões sem consultá-los, não faz sentido manter seus nomes associados às medidas tomadas. No encontro desta sexta, a pasta da saúde foi representada por Rosana Leite de Melo, secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19, que disse que levaria os recados ao ministro Marcelo Queiroga.

O encontro foi marcado por críticas dos membros à decisão do ministro, que tem dito que o órgão é consultivo e que não tem a obrigação de ouvi-lo. De acordo com a Painel, a performance de Queiroga ao longo do episódio foi descrita como desastrosa.    Além disso, na noite desta sexta, horas após a reunião, o Governo de São Paulo divulgou estudo onde aponta que a morte de uma adolescente, sete dias após tomar a vacina da Pfizer, não teve qualquer relação com a imunização. Para os integrantes da câmara, a decisão passou mensagens equivocadas e danosas à população em relação à eficácia da vacinação.

Publicada na noite da quarta (15), a nota técnica que falava sobre a suspensão da vacinação destaca que o ministério é subsidiado pela câmara, o que causou grande incômodo a seus membros. 

Diversos municípios decidiram manter a vacinação. Na Bahia, a  Comissão Intergestores Bipartite da Bahia decidiu manter a vacinação de adolescentes. A secretária estadual de Saúde Tereza Paim disse que a decisão do Ministério da Saúde não tem "respaldo científico".