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Caminhada da Pedra de Xangô reúne 5 mil pessoas em Cajazeiras

Ato sagrado aconteceu na manhã deste domingo (9)

  • Foto do(a) author(a) Eduardo Dias
  • Eduardo Dias

Publicado em 9 de fevereiro de 2020 às 12:13

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Eduardo Dias/CORREIO

"Eu vim atender o chamado que a mãe natureza me mandou, eu vim, eu vim para a Pedra de Xangô", foi com esse canto que as cerca de 5 mil pessoas seguiram atrás do trio na XI Caminhada da Pedra de Xangô, em Cajazeiras, na manhã deste domingo (9), em direção ao monumento, símbolo de resistência para o povo de santo. Candomblecistas, capoeiristas e simpatizantes acompanharam o evento.

O 'mar branco' composto pelo povo de santo começou a se formar no Campo da Pronaica e, em seguida, liderado pela diretora da Associação Pássaro das Águas, Mãe Iara de Oxum, seguiu para o local sagrado. O evento deste ano tem como tema: "Intolerância Não, Respeito Sim!”, que segundo Mãe Iara, serve para combater todo tipo de intolerância religiosa praticada em Salvador.

"Estamos indo para a 11ª edição juntando todo esse povo de axé em prol do amor, contra ao ódio e contra todo tipo de intolerância. Ser organizadora desta caminhada me faz uma mulher determinada, mas eu não faço só, eu faço com todas essas pessoas de Cajazeiras e adjacências. O povo de terreiro, que esta de branco nesse momento, está pedindo a paz. A gente só precisa de respeito, queremos ser respeitados", afirmou. (Foto: Eduardo Dias/CORREIO) Mãe Iara também lembrou do processo de construção do Parque Pedra de Xangô, que, segundo ela, servirá como uma forma de preservar o monumento sagrado para o povo de santo e transformar o local mais visitado.

"Esse ano a caminhada é mais que especial pois temos dois motivos para comemorar. Desde muito tempo que a gente luta para ter a preservação desse monumento sagrado garantida, e por isso hoje é motivo de mais uma comemoração, porque já foi assinado a ordem para a obra para começar depois do Carnaval. Agradecemos à prefeitura e ao prefeito ACM Neto", completou. Mãe Iara de Oxum participou da caminhada para Xangôc (Foto: Eduardo Dias/CORREIO) A caminhada também teve o apoio da prefeitura, através da Fundação Gregório de Matos. O presidente da FGM, Fernando Guerreiro falou sobre sua relação com a Pedra de Xangô e o processo de tombamento do monumento como patrimônio cultural de Salvador. (Foto: Eduardo Dias/CORREIO) "Tenho uma história muito importante com essa pedra. Eu sou de santo e tinha como missão, na gestão da FGM, realizar o tombamento dela, pela importância que ela tem para o povo de santo da cidade. A pedra já foi vandalizada de diversas formas, jogaram sal, houve pixações. Mas, nós esperamos que, daqui para a frente, com a construção do Parque Pedra de Xangô, o local se transforme numa grande área de lazer e de referência para o bairro de Cajazeiras. Além de preservar uma zona de culto religioso, estamos preservando também a última área verde da cidade, que possui uma importância para o local, a cultura e é símbolo de religião de matriz africana", afirmou Fernando.

Durante a caminhada, vários grupos de capoeira estiveram presentes. Um deles era o Grupo Tribos Gingarte, liderado pelo contramestre Mister, que acredita que a capoeira atua como elo entre as religiões no combate ao preconceito, pois segundo ele, adeptos de todas as elas praticam o esporte.

"A capoeira se inclui muito com o axé e também com outras religiões. Esse movimento é muito importante e a nossa participação é de extrema importância contra o preconceito e intolerância. Somos favoráveis a diversidade, tanto de gêneros quanto de religiões, estamos abertos a todos. Fazemos parte desse processo de combate ao preconceito, essa luta também é nossa. Temos que acabar com qualquer tipo de preconceito". Contramestre Mister ao lado de alunos do Grupo Tribos Gingarte (Foto: Eduardo Dias/CORREIO) "Essa é a nossa homsnagem para Xangô, que é o guerreiro lutador, e também rei da justiça. É uma linha que a gente preserva, mas a gente sabe que tem gente que é contra. Essa luta já é de séculos, e nós estamos tentando amenizar, porque é difícil e o nosso caminho é esse. O processo da igualdade só vai se dar no momento que todos os meios entenderem que a gente pode chegar, que nós somos a maioria, nós somos uma África aqui na Bahia", comentou o professor de música, Nadinho do Congo.  Nadinho é professor de música e participou da caminhada (Foto: Eduardo Dias/CORREIO) A Pedra de Xangô é um símbolo de resistência para o povo de santo. O monumento era usado por escravos que fugiam das fazendas localizadas na região como esconderijo durante o século XIX.  Antes conhecida como Pedra do Buraco da Onça, ela ficava escondida por um matagal, que favorecia os escravos em sua fuga. Hoje, é considerada sagrada pelos religiosos de matriz africana.

Xangô, um dos principais orixás no panteão africano, é o patrono da justiça. Kaô kabiesilê, sua saudação, em tradução aproximada para o português, significa “o rei quis assim”. Tem como parceira mais constante a orixá Iansã, embora se relacione também com Obá e Oxum. A rocha é sua força da natureza e o machado, seu símbolo.

*Com supervisão da repórter Amanda Palma