Camisa de Vênus Irradiada

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  • Marcio L. F. Nascimento

Publicado em 7 de novembro de 2017 às 15:12

- Atualizado há um ano

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O passar do tempo impressiona... Não faz muito, coisa de algumas dezenas de anos, haviam termos e expressões proibidos, como por exemplo a palavra preservativo. As campanhas de sexo seguro eram muito poucas, ou mesmo quase não existiam, e o flagelo da AIDS começava a assolar o mundo, ceifando vidas de inesquecíveis artistas como Farrokh Bulsara (mais conhecido como Freddie Mercury, 1946 - 1991) e Agenor de Miranda Araújo Neto (o queridíssimo Cazuza, 1958 - 1990).

Nesta mesma década surgiu uma banda de rock nacional simplesmente fenomenal, de som único, batida forte, estilosamente punk, formada por jovens talentosos e liderada pelo radialista, cantor e compositor brasileiro Marcelo Drummond Nova (n. 1951). Os tempos eram realmente outros – para se ter uma ideia, os jornais não escreviam o nome completo do grupo musical, utilizando de reticências como: ‘novo disco da banda “Camisa de...”’, e assim por diante. O primeiro álbum foi lançado em 1983 com a estrondosa música de sucesso nacional “Bete Morreu”. O segundo foi lançado no ano seguinte, com outro enorme sucesso: “Eu Não Matei Joana D’Arc”. A célebre banda, que existe até hoje, lançou ainda outras antológicas canções, em que se destacam “Simca Chambord”, “Deus, Me Dê Grana”, “Silvia” (também celebrada por um famoso refrão) e “Só o Fim”. Maiores detalhes podem ser obtidos na recente (e excelente) biografia não-tradicional de Nova, intitulada “O Galope do Tempo”, conduzido na forma de entrevistas pelo jornalista André Barcinski (n. 1972).

Há algo de interessante a dizer sobre o processo de esterilização de produtos como preservativos ou a famosa camisinha de Vênus. Como boa parte de qualquer item de saúde ou higiene, ou mesmo qualquer material médico-hospitalar requer a passagem por um processo de esterilização eficiente, um dos mais eficazes se utiliza do princípio da irradiação e da tecnologia nuclear.

Existem muitas aplicações nucleares, desde detectores de fumaça até a conservação de alimentos. Grosso modo, para entender este processo é preciso lembrar que a matéria é feita de átomos. E os átomos tem um núcleo, massivo, composto de prótons e nêutrons. Ao redor destes, elétrons giram rapidamente. Reações nucleares em geral liberam tanto massa quanto energia na forma de luz (outro nome para radiação), por exemplo quando o núcleo de um átomo rompe-se em pedaços. Alguns destes são denominados de partículas alfa, outros chamados de beta – e ainda existem os raios gama e os raios X.

Com relação à conservação de alimentos, o tratamento por radiação pode ser aplicado para inibir brotamento (no caso de bulbos e tubérculos), além de retardar a maturação, bem como a eliminação de microorganismos, parasitas e pragas (de grãos, cereais, frutas e especiarias) e a esterilização propriamente falando. Tais alimentos podem durar meses, e alguns deles são vendidos comercialmente. A identificação de tais produtos se dá pelo selo Radura, ou ainda pela indicação na embalagem de “Alimento Tratado por Processo de Irradiação”. Entre os produtos que empregam tal técnica nuclear, podemos citar: alho, arroz, banana, batata, cebola, farinha, papaia, manga, milho, frango refrigerado, filé de peixe refrigerado, morango e trigo, entre outros. Por sinal, esta é uma técnica muito utilizada para conservação de alimentos por astronautas.

No Brasil existem empresas que prestam serviços de irradiação, como a Companhia Brasileira de Esterilização – CBE/ Embrarad: www.cbesa.com.br. Outras possuem irradiador próprio para esterilizar seus produtos, sejam alimentos ou mesmo produtos médico-hospitalares, como cotonetes, seringas, agulhas, luvas e... camisinhas de Vênus irradiadas. Segurança é tudo!  Professor da Escola Politécnica, Departamento de Engenharia Química e do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA