Casa desaba na Chapada do Rio Vermelho de madrugada; ninguém dormia no local

Osmar Santos, 55 anos, passou o dia com a filha e, com dor de garganta, decidiu dormir na casa dela

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 12 de maio de 2020 às 15:19

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Um imóvel localizado na Rua Coreia do Norte, na Chapada do Rio Vermelho, desabou parcialmente durante as chuvas que atingiram Salvador na madrugada desta segunda para terça-feira (12). Da casa do pedreiro Osmar Santos, 55 anos, só sobrou a sala – banheiro, cozinha e quarto, o local onde o morador dorme normalmente, foram ao chão.  “Por sorte, eu passei a segunda na casa da minha filha e decidi dormir por lá. Quanto era de madrugada, acordei com pessoas ligando para ela dizendo que a casa tinha caído”, recordou Osmar, que contou que sentiu dor de garganta.O desabamento do imóvel ocorreu por volta das 2h20. Vizinhos acordaram com o estrondo e ficaram preocupados quando viram a situação da casa, pois pensavam que seu Osmar pudesse estar soterrado.  

“Eu estava dormindo com meu esposo quando tudo aconteceu. Na hora, tomei um susto e fiquei um pouco desesperada, mas quando soube que ele não estava na casa, fiquei mais tranquila”, disse a vizinha Gilmara Fernandes, 33 anos.

Com o desabamento, toda a casa foi condenada e será demolida pelos agentes da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur). No entanto, a data que o procedimento será feito ainda não foi informada para os moradores.  No momento do desabamento, não tinha ninguém no imóvel, que agora será demolido (Foto: Marina Silva/CORREIO) Outra pessoa que acordou de madrugada com o estrondo foi Davi Francisco, 48 anos, que mora com seus dois filhos do outro lado da casa de Osmar, na Rua Dr. João Carlos Cavalcante. Os escombros atingiram o quintal da casa de Davi, que também teve que deixar a residência, pois se houver um novo desabamento, há o risco dos entulhos invadirem a casa.  

“A gente saiu do imóvel assim que tudo aconteceu e ficamos com medo de retornar. Ligamos para a Defesa Civil de Salvador (Codesal) que veio agora pela manhã. Praticamente, eu não dormi essa noite por causa disso”, disse Davi Francisco. Junto com os filhos, ele deve se abrigar no andar de cima da casa, que por sua vez não foi condenada. Lá moram outros familiares.   

Desse andar, é possível olhar para o quintal da casa de Davi e não enxergar mais as antigas plantas que a família cuidava. Colchão, fogão e televisão se misturam agora com os escombros da casa de Osmar, que perdeu praticamente tudo e ainda não sabe onde vai morar. “Acho que vou voltar para a casa da filha ou ficar com minha irmã”, disse Osmar. 

Contenção  Entre as duas casas afetadas havia um muro de contenção erguido pelos próprios moradores, que já temiam um possível deslizamento da encosta que sustentava a casa que desabou. "Eu liguei para a Codesal duas vezes no ano passado. Eles vieram e notificaram, mas não fizeram nada. O muro estava rachando e isso que me deixava preocupado”, afirmou Davi. 

As duas famílias afetadas fizeram o cadastro na Defesa Civil de Salvador para receberem os benefícios que têm direito. Em nota, a Codesal, que esteve no local por volta das 8h, informou que, após a demolição do imóvel, agentes da Limpurb vão instalar uma lona plástica de 80 metros quadrados para evitar novos deslizamentos.  

Essa foi apenas ima das 108 solicitações que a Defesa Civil recebeu até às 11h desta terça-feira. Houve ainda em Salvador 22 deslizamentos de terra e outros nove desabamentos parciais, mas sem nenhuma vítima ou ferido.  

Até esta quarta-feira (13), a previsão do órgão é que Salvador tenha Céu nublado com pancadas de chuvas fracas, por vezes moderadas, a qualquer hora do dia. Há o risco para deslizamento de terra. Em caso de emergência, o cidadão deve entrar em contato pelo telefone gratuito 199.   

* Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.