Caso Michel: pai e motorista de autor confesso têm prisão preventiva decretada

Defesa afirma que recorreu da decisão; suspeitos estão foragidos

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  • Tailane Muniz

Publicado em 23 de fevereiro de 2019 às 06:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo Pessoal

O Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) decretou, no último dia 11 de fevereiro, as prisões do empresário Maurício Lucas de Teive e Argollo, 45 anos, e do seu motorista, Itazil Moreira dos Santos, 54, por envolvimento no roubo, seguido de tortura e morte do assessor parlamentar Michel Batista Santana de Sá, 35, há seis meses.

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) havia solicitado a preventiva à Justiça em 31 de dezembro de 2018. No documento, a promotora de Justiça plantonista, Norma Angélica Reis Cardoso Cavalcanti, alega que os três estavam no local do crime, segundo o inquérito policial.

Maurício é pai adotivo de Gabriel Bispo dos Santos, 23, autor confesso do latrocínio - preso três meses depois do crime, no dia 21 de novembro, na cidade de Pomerode, em Santa Catarina. 

Em nota enviada ao CORREIO nesta sexta-feira (22), o TJ-BA confirma que a denúncia foi aceita e, posteriormente, as prisões preventivas foram decretadas. A corte não informou, no entanto, se os suspeitos estavam presos.

Porcurado, o advogado de Itazil e Maurício, Hudson Dantas, que já defendeu Gabriel - autor confesso do crime, os suspeitos foram notificados há cerca de cinco dias. À reportagem, a defesa dos suspeitos afirmou que recorreu da decisão da Justiça e aguarda resposta. Os clientes, que ainda não se apresentaram para o cumprimento judicial, são considerados foragidos."Eu estou aguardando a decisão a resposta do MP, que deve sair ainda essa semana. Em caso de indeferimento, eles vão se apresentar espontaneamente. Por enquanto, estão, sim, foragidos", disse ao CORREIO. Gabriel Bispo dos Santos acusa policial civil de atirar em assessor (Foto: Alberto Maraux/SSP) Ao CORREIO o TJ-BA afirmou que não poderia liberar acesso à decisão do juiz. Hudson Dantas afirmou, no entanto, que as prisões foram decretadas com base apenas no depoimento de Gabriel, que acusa o próprio pai de ter atirado na vítima.Impressões digitais Segundo as investigações, reiterou o MP-BA, Michel foi morto na Avenida Tamburugy, nas proximidades do Condomínio Mediterrâno, atrás do Shopping Paralela, no bairro de Patamares, em 16 de agosto de 2018, entre 22h e meia-noite. O corpo do assessor foi encontrado no local na manhã do dia 17, baleado e com sinais de tortura. O CORREIO já havia divulgado a informação de que as impressões digitais de Maurício, que é casado com a mãe de Gabriel, foram encontradas no carro roubado de Michel, um Honda CRV - anunciado pelo assessor no site de compras OLX, por R$ 73 mil, dias antes de ser assassinado. Na época, no entanto, a Polícia Civil não confirmou o envolvimento do empresário, que trabalha com compra e venda de veículos. Segundo o suplente de vereador Arnando Lessa, pai da vítima - e que chegou a investigar o crime por conta própria -, o empresário já aplicou um golpe milionário na Europa.

PAI DA VÍTIMA MONTOU CRONOLOGIA DO CRIME'Não atirei' Quando foi apresentado à imprensa, em 23 de novembro, Gabriel utilizou o direito de permanecer calado. À imprensa, se limitou a dizer: "Nada a declarar". À Polícia Civil, no entanto, afirmou que estava no momento em que Michel foi baleado, mas negou que tenha apertado o gatilho. "Ele também nega que tenha torturado a vítima. Disse que não sabe quem teria feito isso. Sabemos que o crime teve a participação de outras pessoas e estamos investigando. Nossa suspeita é de que Michel se recusou a entregar o carro e, por isso, tenha sido assassinado, mas estamos apurando", afirmou Delmar Bittencourt aos repórteres. Pouco antes de ser preso, o principal suspeito chegou a gravar um vídeo incriminando o padrasto pelo crime. O material foi encaminhado para a família da vítima. Questionado durante a apresentação do preso, entretanto, Delmar e o diretor do DCCP, Élvio Brandão, não comentaram a suposta relação de Maurício no latrocínio - como acusa Gabriel no vídeo.  Arnando Lessa disse que filho foi torturado (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) Anúncio, morte e tortura O assessor Michel, que trabalhava na diretoria da Companhia de Processamento de Dados da Bahia (Prodeb), foi morto após se encontrar com Gabriel no Salvador Shopping, na tarde do dia 16 de agosto. Os dois negociavam um carro há cerca de um mês antes do crime. A vítima, que foi baleada ao menos seis vezes, também teve os "testítulos destruídos", de acordo com Arnando Lessa. O carro anunciado na OLX, que chegou a ser transferido por Michel para o nome de Gabriel, por meio do Documento Único de Transferência (DUT), e foi levado pelos bandidos, foi encontrado três horas depois do crime, por volta de 10h, no estacionamento do Shopping Bela Vista, no Cabula. "Ele chegou a encontrar com o assassino dentro da própria casa, onde ele viu os três carros, sendo que um da esposa. Para mim, foi isso o que fez crescer a vontade dele de cometer esse roubo. Michel confiava nele, tanto que o carro já estava transferido", afirmou o pai da vítima, na época.