Caso Michel: suspeitos de participar da morte de assessor são presos

Prisão aconteceu após audiência no Fórum Criminal de Sussuarana, em Salvador

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  • Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2019 às 17:00

- Atualizado há um ano

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Dois homens suspeitos de envolvimento na morte do assessor parlamentar Michel Batista de Sá foram presos após uma audiência no Fórum Criminal de Sussuarana, em Salvador, na última sexta-feira (14). O motorista Itazil Moreira dos Santos, 54, e o empresário Maurício Lucas Teive, 45, foram conduzidos ao Serviço de Polícia Interestadual (Polinter) e serão transferidos para o Complexo Penitenciário da Mata Escura.

A informação foi confirmada pelo advogado de Maurício, Hudson Dantas. "Eles se apresentaram de forma voluntária. Isso foi uma estratégia da defesa para mostrar ao poder judiciário e à população que eles são inocentes e não temem a justiça. A defesa vai entrar com um novo pedido de revogação da preventiva", afirmou Hudson ao CORREIO.

Itazil Moreira e Maurício Lucas foram denunciados pelo Ministério Público (MP-BA), em janeiro de 2019, por latrocínio - roubo seguido de morte. No mês seguinte, eles tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça. Segundo o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), as denúncias contra Maurício e Itazil Moreira dos Santos foram aceitas no dia 31 de dezembro e as prisões preventivas decretadas no dia 11 de fevereiro.

No documento, a promotora de Justiça plantonista, Norma Angélica Reis Cardoso Cavalcanti, alega que os três estavam no local do crime, segundo o inquérito policial. De acordo com Hudson, na sexta-feira (14), testemunhas de acusação foram ouvidas, como uma amiga de Gabriel, a mulher de Gabriel e o irmão de Michel. "As testemunhas de acusação não confirmaram a participação nem de Maurício, nem de Itazil. O próprio irmão da vítima informa que não conhecia Maurício e ninguém da família, antes da delação de Gabriel", afirmou Hudson.

Crime Michel foi morto na Avenida Tamburugy, nas proximidades do Condomínio Mediterrâno, atrás do Shopping Paralela, no bairro de Patamares, em 16 de agosto de 2018, entre 22h e meia-noite. O corpo do assessor foi encontrado no local na manhã do dia 17, baleado e com sinais de tortura. O CORREIO já havia divulgado a informação de que as impressões digitais de Maurício, que é casado com a mãe de Gabriel, foram encontradas no carro roubado de Michel, um Honda CRV - anunciado pelo assessor no site de compras OLX, por R$ 73 mil, dias antes de ser assassinado. Na época, no entanto, a Polícia Civil não confirmou o envolvimento do empresário, que trabalha com compra e venda de veículos. Segundo o suplente de vereador Arnando Lessa, pai da vítima - e que chegou a investigar o crime por conta própria -, o empresário já aplicou um golpe milionário na Europa.

PAI DA VÍTIMA MONTOU CRONOLOGIA DO CRIME'Não atirei' Quando foi apresentado à imprensa, em 23 de novembro, Gabriel utilizou o direito de permanecer calado. À imprensa, se limitou a dizer: "Nada a declarar". À Polícia Civil, no entanto, afirmou que estava no momento em que Michel foi baleado, mas negou que tenha apertado o gatilho. "Ele também nega que tenha torturado a vítima. Disse que não sabe quem teria feito isso. Sabemos que o crime teve a participação de outras pessoas e estamos investigando. Nossa suspeita é de que Michel se recusou a entregar o carro e, por isso, tenha sido assassinado, mas estamos apurando", afirmou Delmar Bittencourt aos repórteres. Pouco antes de ser preso, o principal suspeito chegou a gravar um vídeo incriminando o padrasto pelo crime. O material foi encaminhado para a família da vítima. Questionado durante a apresentação do preso, entretanto, Delmar e o diretor do DCCP, Élvio Brandão, não comentaram a suposta relação de Maurício no latrocínio - como acusa Gabriel no vídeo.  Arnando Lessa disse que filho foi torturado (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) Anúncio, morte e tortura O assessor Michel, que trabalhava na diretoria da Companhia de Processamento de Dados da Bahia (Prodeb), foi morto após se encontrar com Gabriel no Salvador Shopping, na tarde do dia 16 de agosto. Os dois negociavam um carro há cerca de um mês antes do crime. A vítima, que foi baleada ao menos seis vezes, também teve os "testítulos destruídos", de acordo com Arnando Lessa. O carro anunciado na OLX, que chegou a ser transferido por Michel para o nome de Gabriel, por meio do Documento Único de Transferência (DUT), e foi levado pelos bandidos, foi encontrado três horas depois do crime, por volta de 10h, no estacionamento do Shopping Bela Vista, no Cabula. "Ele chegou a encontrar com o assassino dentro da própria casa, onde ele viu os três carros, sendo que um da esposa. Para mim, foi isso o que fez crescer a vontade dele de cometer esse roubo. Michel confiava nele, tanto que o carro já estava transferido", afirmou o pai da vítima, na época.