Castelo de emoções: Museu Garcia D'Ávila oferece viagem ao Brasil Colônia na Linha Verde

Museu foi oficialmente inaugurado nesta sexta-feira (24), dentro do Castelo Garcia D'Ávila, em Praia do Forte

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 25 de setembro de 2021 às 08:00

- Atualizado há 10 meses

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. por Nara Gentil/CORREIO

Em Salvador, não são só os pontos turísticos do centro da cidade que podem te embarcar numa "viagem no tempo" com destino ao Brasil Colônia. Na Região Metropolitana (RMS), no único castelo de características medievais construído na América, uma experiência histórica do tipo te aguarda, com direito a mapas históricos, maquetes, depoimentos de especialistas e achados arqueológicos da cultura indígena, afro-brasileira e portuguesa. Tudo isso é possível graças ao Museu Garcia D'Ávila, inaugurado oficialmente nesta sexta-feira (24).  

O atrativo foi instalado nas ruínas da Casa da Torre, mas conhecida mesmo como Castelo Garcia D'Ávila, localizada em Praia do Forte, distrito de Mata de São João. Pouco mais de 50 quilômetros (menos de 1h de carro, em dias sem engarrafamento) separam o espaço do Aeroporto Internacional de Salvador. Com mais quatro quilômetros percorridos, é possível chegar na vila de Praia do Forte. 

O nome do distrito, inclusive, teve origem na residência fortificada. Mas os anos em que o castelo ficou abandonado - desde 1835 até 1981, quando a Fundação Garcia D'Ávila foi criada - fez com que as belezas da Praia do Forte se tornassem mais conhecida do que a riqueza histórica do local, mesmo ele sendo tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1938. 

“No ano em que completamos 40 anos de existência, finalmente conseguimos entregar esse museu com uma riqueza enorme. Eu fecho o olho e imagino como era aqui a 400 anos. Quantas histórias aconteceram e foram vistas por essas paredes!”, exclama a presidente da Fundação Garcia D'Ávila, Geisy Fiedra. Ela explica que o objetivo do museu é contar a história desse Brasil Colônia através da história da família que comandou o local durante 10 gerações.  

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Para isso, o museu conta com uma série de recursos tecnológicos. O destaque principal são os video mappings que serão exibidos aos sábados, domingos e feriados, das 18h às 19h, nas ruínas do castelo. Esse projeto foi  realizado pelos VJs Grazi, Spetto e Gabiru. Esse último fez a apresentação principal, de cerca de 20 minutos, que conta a história do castelo e da família Garcia D’Ávila sem omitir as polêmicas envolvidas.  

Com ele nós aprendemos que o soldado Garcia de Sousa d'Ávila chegou na Bahia em 1949, membro da comitiva do primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Souza. Sete meses depois do embarque em Salvador, ele começou a expandir o domínio português em direção ao litoral norte, travando batalhas sangrentas contra aldeias indígenas e conquistando tanta terra a ponto de se tornar, na época, o maior latifundiário do mundo. Em 1551, o castelo começou a ser construído e se tornou um importante ponto para combater as invasões estrangeiras e auxiliar nas guerras contra os índios.  “Contar a história deles é contar a história do Brasil. É sim uma forma de honrar os nossos antepassados, nossas raízes, mas para que, daqui para frente, a gente possa fazer diferente. Nessa história tem escravidão, guerra, mortes...  hoje a gente não pode fazer mais isso”, defende Fiedra.  Mais história  O espaço tem também a Sonora Gameleira e a Sonora Capela. Ao se aproximar da árvore centenária, a gameleira, que faz parte da área verde do local, o visitante conhecerá a história do início da colonização do Brasil. Já em relação à Capela Nossa Senhora da Conceição, a Capela Sonora, ao pisar em suas dependências, um jogo de som e luzes de variadas cores será acionado. 

O museu funciona das 10h às 16h30, de quarta a domingo e feriados, mas terá seu horário estendido nos dias que tiver video mappings, já que a apresentação vai até 19h. O ingresso custa R$ 30, a inteira, e R$ 15, a meia. Crianças de até 5 anos e pessoas naturais de Mata de São João têm direito a gratuidades. Quem vai em grupo tem desconto.  

Alguns locais do castelo não têm cobertura e a visita pode sem comprometida em dias de chuva. No geral, um passeio completo pode ser feito em 1h. O estacionamento é gratuito, mas não há acesso a transporte público. Para receber os visitantes, o museu promete obedecer a todos os protocolos sanitários exigidos. Rose Lima é uma das curadoras do local.  “O nascer desse lugar se confunde com a história da Bahia e do Brasil. Ele passou por todos os grandes momentos de tensão social, guerras e tal. É bom conhecer da história daqui com toda a sua verdade. Saber do extermínio indígena, da violência contra os povos escravizados e das marcas que fazem parte da nossa história”, comenta Lima.