Catraca seletiva no Vitória

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  • Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Semana passada, anotei aqui que, se quiser reencontrar sua força e sua torcida, o Vitória deveria valorizar a sua casa, o Barradão, seu “maior artilheiro”, como bem diz o presidente Paulo Carneiro. Sabe-se que o mesmo Paulo Carneiro segue tentando levar as partidas da Série B para a Fonte Nova, mas o jogo deste sábado (4), ao fim e ao cabo, será em Canabrava.

Eis que um time afundado, com elenco pífio, com histórico recente sofrível e com o futuro cheio de nuvens vai enfrentar o Vila Nova e cobra 60 contos de quem quiser sentar na arquibancada. Quer cadeira? R$ 100. Deve ser a maneira mais genial de se reaproximar da torcida de que se tem notícia.

Alguém dirá que isso induz as pessoas a se associarem, já que, na ponta do lápis, é economicamente vantajoso. Só esquece que existe uma (vasta e crescente) camada da população que não se associa simplesmente porque não pode assumir este compromisso. E que batalha a cada semana para, quem sabe, comprar um ingresso a retalho. Mas talvez essas pessoas, por mais rubro-negras que sejam, não interessem muito à nova gestão do Vitória.

Se a tática é apostar na associação, que ao menos criem alternativas, como uma cota de ingressos populares (já que o Barradão não tem divisão de setores) ou um setor de valores reduzidos, em se concretizando a ida à Fonte Nova.  

Cruzeiro e Ceará disputam a primeira divisão e acabam de criar setores com ingressos a R$ 10. Seriam boas referências.

Se é que boas referências ainda possam ajudar o Vitória.

Mudança de tratamento Neymar tem 27 anos e, com maior ou menor interesse, acompanhamos seus passos há aproximadamente uma década. Como ele era ainda muito novo quando virou uma estrela, começou sendo tratado como “menino”. Ou “menino Ney”, pra ficar ainda mais meloso.

Os anos passaram e Neymar foi ficando cada vez mais mal educado – ou, na verdade, foi somente expondo gradativamente aquilo que sempre foi.

É chocante que tanta gente siga tratando como “menino” um marmanjo de 27 anos que, pirado com as críticas de um torcedor adversário, dá um soco na cara do rapaz.

Provavelmente Neymar é o primeiro jogador, em toda a história do futebol, a ser alvejado por críticas de um torcedor adversário dentro de um estádio. Nestas cerimônias de premiação em que os atletas sobem à tribuna transitando entre torcedores, certamente o xingamento é algo que jamais ocorreu antes de Neymar passar por ali. Então, frente ao ineditismo do ocorrido, é perfeitamente compreensível a reação com o murro, afinal, “ninguém tem sangue de barata”. Neymar virou uma caricatura.  

Tudo bem, não dá pra forçar ninguém a tomar pé da realidade - vide o momento brasileiro. Então, trago aqui uma sugestão: já que, sob nenhum ponto de vista, dá pra tratá-lo como “menino”, e, ao mesmo tempo, tem gente que se recusa a ver Neymar como adulto, podemos considerar que, no lugar de “menino”, ele deveria ser tratado como “moleque”.

Ou “moleque Ney”, pra ficar ainda mais meloso. 

*Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados**Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade exclusiva do autor