Celebrações lembram 28 anos da morte de Santa Dulce dos Pobres

Preocupados com coronavírus, fiéis intensificam cuidados na missa

  • Foto do(a) author(a) Gabriel Amorim
  • Gabriel Amorim

Publicado em 13 de março de 2020 às 17:18

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Há 28 anos, o 13 de março foi um dia triste, de despedida. Morria, naquela dia, Irmã Dulce, freira baiana que reunia centenas de admiradores. De lá para cá, no entanto, a data virou sinônimo de demonstração da devoção. Este ano, pela primeira vez, a data foi lembrada após a freira baiana ser canonizada e se tornar Santa Dulce dos Pobres.

Os fiéis não deixaram de ir à missa para celebrar a santa soteropolitana, mas levaram, desta vez, além da própria fé, um item novo: as máscaras, para proteger contra a disseminação do novo coronavírus, que teve três casos da doença Covid-19 confirmados nesta sexta-feira (13).

Em 1992, ano da morte de Santa Dulce dos Pobres, o dia 13 também caiu numa sexta-feira. Quase 30 anos depois, uma intensa programação foi montada nas Obras Sociais deixadas por ela: seis celebrações foram distribuídas durante o dia para marcar as homenagens. Apesar do clima de apreensão que toma conta do mundo, por conta do novo vírus, era difícil encontrar um fiel que tivesse pensado em deixar de comparecer às missas.“Eu venho todo ano, isso não ia mudar esse ano. Ela é alguém muito especial, que transmite e transmitiu tanta paz, que merece ser lembrada sempre. Ela cuidou tanto dos mais pobres e necessitados. Não podemos nunca esquecê-la, nem deixar de homenageá-la”, disse a aposentada Nida Ramos, 69 anos.Entre as missas, celebrações especiais contaram com a presença de sacerdotes como Dom Washington, arcebispo de Goiânia. Entre os fiéis, bastante emoção na hora de homenagear Santa Dulce. “Eu já recebi muitas graças dela. Nós vivemos hoje num mundo em que as pessoas são muito ‘cada um por sí’. Mas, a força dela, o que ela deixou, faz com que as pessoas que trabalham aqui vivam o ensinamento dela”, afirmou a devota Francisca Dantas, 67.

“Se o mundo tivesse mais Dulces, com certeza seria um lugar melhor”, completou Margarida Nunes, 74. Margarida e Francisca fazem parte de um grupo de devotos que veio de São Paulo especialmente para as celebrações da data. “Eu gostaria de ter estado na canonização, em Roma. Como não deu, estou vindo aqui só por ela”, contou Francisca.

Sem medo  Morando em uma das cidades brasileiras com o maior número de casos do coronavírus, as devotas não demonstraram preocupação com a viagem ou ainda com a celebração que envolve estar em uma igreja cheia.

“Lá em  São Paulo, não vi esse pânico que vi aqui, no aeroporto um monte de gente de máscara sem estar doente. Não precisa, é só seguir se cuidando. Mantendo os hábitos de higiene, lavando as mãos”, opinou Eliana Dantas, 60, também parte do grupo que veio de São Paulo. 

Antes de entrar na igreja, Eliana limpou as mãos com álcool gel disponível na porta do santuário. Como ela, vários outros fiéis tomaram a mesma precaução. Durante todo o dia de missas, alguns ainda escolheram ir de máscaras. Na hora da comunhão, como orientou a arquidiocese, a hóstia  foi entregue nas mãos ao invés de ser dada diretamente na boca do fiel. Para quem não abriu mão de homenagear Dulce, uma certeza:“Eu estou protegida pela fé”, disse uma devota ao sair da celebração. *Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier