Cenas de Carnaval: Olodum

O sucesso do afro á base da emoção e da criatividade

  • D
  • Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo CORREIO/20.02.1980

A fundação do Ilê Aiyê, 1974, influenciou toda uma geração de jovens negros de Salvador. No Pelourinho, na região do Maciel, em 1979, numa época que o bairro era o retrato do abandono pelo poder público, amigos se reuniram para fundar o Olodum, nome que, em iorubá remete a Olodumaré, o Deus supremo do candomblé. As cores - preto, branco, verde, vermelho e amarelo - remetem às cores internacionais da diáspora africana.

Seu primeiro Carnaval aconteceu em 1980, e, assim como o Ilê, o Olodum iniciou  tratando de temas internacionais, sobretudo para mostrar toda a cultura e riqueza da África. Em 1986, mudou e trouxe Cuba - Um País Afro Latino Americano na tematização. Era o início da abertura que chegou em 1990, com Do Deserto do Saara ao Nordeste Brasileiro. O momento mais difícil aconteceu em 83, quando não desfilou no Carnaval por falta de recursos. O afro, então, passou por uma reestruturação, que contou com a chegada de João Jorge Rodrigues à presidência da entidade e a chegada de Neguinho do Samba, que transformou a musicalidade do grupo. “O Olodum era muito popular nos primeiros anos, mas tinha dificuldades. Nasceu pequeno e cresceu com muita garra”, diz João Jorge Rodrigues.

[[galeria]] A banda Olodum, em si, só foi criada em 1987, já fazendo estrondoso sucesso com a música Faraó. O samba-reggae do grupo foi se estabelecendo, já tinha admiração de Jimmy Cliff,  e ganhou um enorme plus com a gravação de Obvious Child, em 1990, ao lado de Paul Simon. “O final da década de 80 foi a hora do crescimento”, diz o presidente. Em 1996, outro momento histórico, com a gravação do clipe de They Don’t Care About Us, com Michael Jackson. Tudo isso deu uma visibilidade enorme ao grupo, que chegou também ao Carnaval. Até hoje, faz sua saída de sua origem, o Pelourinho, de onde parte para o Campo Grande.  Para João Jorge, o Carnaval é como o Rio São Francisco, para onde tudo deságua. “É um minadouro de consciência, de possibilidades, gerando algo para fora e, com isto, dando opções de novas visões e oportunidades.  Fazer o Carnaval a cada ano não é fácil mas é muito bom”, analisa. “Aos 40 anos, a gente quase não se lembra das dificuldades do início, mas ainda há outras dificuldades, que fizeram o Olodum ser o que é hoje. Usamos a nossa emoção para o Olodum crescer, sempre com a premissa de jamais desistir e sempre criar”, conclui.

*Cenas de Carnaval é um oferecimento do Bradesco, com patrocínio do Hapvida e apoio da Claro, Fieb, Salvador Shopping, Vinci Airports e Unijorge