Cenas de Carnaval: trabalhadores

Enquanto uns pulam e dançam, outros sofrem

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  • Da Redação

Publicado em 1 de março de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/9.3.2011/Arquivo CORREIO
Carnaval 2013 por Marina Silva/Arquivo CORREIO

Os circuitos do Carnaval de Salvador não são feitos só das ruas principais, por onde os trios vão e vêm puxando multidões. São nas vielas e ruas adjuntas que o cenário do sonho de festa encontra a realidade da desigualdade social.

Se, para milhares de soteropolitanos e turistas, o Carnaval é sinônimo de alegria e esquecimento das rotinas diárias, para centenas de pessoas é a oportunidade de um ganha-pão. De conseguir pagar parte das dívidas e botar comida em casa.

Assim, levam barracas de camping, improvisam ‘lares’ com lonas e papelão para diminuir o custo de ir e voltar para suas moradias. Muitas vezes, com filhos das mais diversas idades. Se tornam ambulantes, cordeiros, carregadores de gelo. Quase sempre em condições precárias de trabalho e remuneração.

Ao menos, há algum tempo, existe uma fiscalização maior de órgãos públicos em relação a isso. São proibidas, por exemplo, as presenças de menores de idade e de gestantes como cordeiros. 

Ainda assim, a diária de R$ 51 para um cordeiro, por exemplo, não corresponde ao trabalho exercido durante o percurso, ainda tendo que aguentar, por muitas vezes, a falta de educação de foliões dos blocos. Alguns deles trabalham duas vezes no mesmo dia, para conseguir um dinheiro a mais e também o lanche, obrigatório para os contratantes.

De uma certa forma, o Carnaval escancara a desigualdade social para muitos que querem não encará-la. O cordeiro, responsável por separar quem pode e quem não pode, também ganha status de ‘broder’, ao impedir o contato entre as duas faces da folia. O ambulante é o fornecedor do combustível da festa.

Mas é sempre bom lembrar: enquanto os foliões se divertem, os trabalhadores estão lutando por suas vidas. Merecem, no mínimo, respeito.

*Cenas de Carnaval é um oferecimento do Bradesco, com patrocínio do Hapvida e apoio da Vinci Airports, Fieb, Salvador Shopping, Unijorge, Claro, Itaipava Arena Fonte Nova e Sebrae