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Gabriel Moura
Publicado em 10 de abril de 2020 às 13:41
- Atualizado há 2 anos
De fevereiro até 8 de abril, o número de ligações para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) aumentou em Salvador. O grande responsável por esse salto foi o novo coronavírus. Em fevereiro, foram 8.400 ligações; em março, 11.500, e a projeção é que esse número salte para 13 mil no fim de abril.>
(Esse texto foi alterado após a inclusão dos dados absolutos. As ligações deverão dobrar até o fim deste mês de abril, segundo projeções do órgão.)>
Ivan Paiva, coordenador do serviço na capital baiana, explica que boa parte das ligações tem sido de pessoas reclamando de dificuldade para respirar, febre e dor de cabeça - algun dos sintomas da covid-19. Mas, ele alerta que boa parte destas chamadas são desnecessárias e que as pessoas devem solicitar o serviço apenas em casos de emergência.“Nós somos um serviço de urgência e não de atendimento domiciliar. Fora que nossos atendentes são médicos preparados para dar instruções médicas e, quando há esse grande número de ligações, eles ficam exaustos e com dificuldades para atender às outras demandas, pois as outras ocorrências não tiraram férias. Ainda existem pessoas se acidentando, tendo AVCs e paradas cardíacas, por exemplo, e elas também precisam de atendimento”, explica.Além disso, o coordenador lembra que os sintomas da covid-19 são os mesmos de gripes e resfriados, cujo tratamento é mais simples. Para isso, ele recomenda a vacinação para a H1N1, por exemplo, para que, caso alguém tenha esses sintomas, seja mais fácil identificar a doença, facilitando o atendimento.>
Apesar disso, Ivan projeta que, quando a pandemia atingir seu pico em Salvador, boa parte das unidades e médicos do Samu irão focar exclusivamente nestes pacientes.“O pior ainda está por vir, a crise ainda nem começou. Eu costumo dizer que essa pandemia é igual a quando estamos na praia e enxergamos uma nuvem se aproximando com raios e trovões. Nós não ficamos lá torcendo que o vento leve ela para outro lugar, vamos imediatamente para casa nos proteger. A postura tem que ser a mesma agora, temos que nos proteger para não nos molharmos”, alerta.Precauções A chegada da pandemia também mudou a forma com que os médicos e enfermeiros do Samu atendem os pacientes. Ivan Paiva contou que, atualmente, existem três níveis de precaução, que dependem do tipo de ocorrência.>
“O primeiro nível são aqueles atendimentos que já existiam antes, como acidentes de moto. Nesses casos, o uso de luvas e máscaras já são o suficiente para proteger os profissionais. Em casos suspeitos de coronavírus, usamos aventais e botas de borracha para evitar que o vírus pegue nos macacões dos atendentes. Daí quando eles chegam à central, são imediatamente lavados. E em casos confirmados, os médicos e enfermeiros usam aquela roupa branca, que parece de astronauta e cobre o corpo inteiro”, detalha. >
*Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro>