Chamado de gay, amigo de infância revela mágoa com Bolsonaro

Gilmar diz sofrer até hoje com piadas e nega que ex-amigo tenha trabalhado quando menino

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  • Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2019 às 17:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: ABr e FT

Fotos: Antonio Cruz/ABr e FT Quando ainda era deputado federal, Jair Bolsonaro certa vez disse, para justificar seu posicionamento sobre o denominado "kit gay", que até um amigo "gay e ateu" dele tinha a mesma opinião. O tal amigo é o engenheiro agrônomo Gilmar Alves, 63 anos, que conhece o atual presidente desde a infância.

Agnóstico, pai e avô, Gilmar, que hoje diz desprezar seu amigo de infância, afirmou que a frase dita por Jair foi covarde e inverídica.

Até hoje o engenheiro agrônomo é vítima de piadas na região do Vale do Ribeira (SP), onde cresceu junto com Bolsonaro, por causa da afirmação feita pelo então deputado."O que me chateou foi a covardia, porque ele tem a mídia, ao contrário de mim, e sabe que é mentira. Sou avô, tenho família religiosa, mas até hoje sofro certo bullying. Sempre tem aquelas pessoas que dizem: ‘Onde tem fumaça tem fogo’, ou ‘É ativo ou passivo?’. É uma coisa que me chateia bastante, me prejudicou muito e até hoje me deixa incomodado. Só eu sei o que passei por causa disso. É difícil, fui caluniado”, desabafou Gilmar à Revista Istoé."Nunca trabalhou" Recentemente, Bolsonaro afirmou que, aos nove, trabalhou em uma plantação de milho. Ele também defendeu o trabalho infantil para "o desenvolvimento social das crianças".

“Não atrapalha a vida de ninguém, mas fiquem tranquilos, pois não vou apresentar um projeto para descriminalizar, caso contrário eu seria massacrado”, afirmou Bolsonaro. Entretanto, Gilmar não tem lembranças sobre este período de labuta de Jair enquanto criança. 

“Não me lembro de Jair trabalhando, até porque não tinha emprego mesmo para aqueles que queriam”, diz. Essa realidade pouco mudou nas últimas décadas e é reiterada pelo prefeito de Eldorado, Durval Adélio, amigo da família Bolsonaro: “os empregos são escassos”.

O próprio irmão de Jair, Renato Antonio Bolsonaro, confirma a versão de Gilmar. Em 2015 ele afirmou que o pai deles “nunca deixou um filho trabalhar, pois, para ele, filho tinha que estudar”.