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Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
A participação da China nas exportações baianas nunca foi tão alta. Em 2018, os chineses compraram 32,4% de tudo que foi exportado pela Bahia, quase um terço dos produtos embarcados para fora do país. Até o ano passado, o envio de mercadorias para a China representava 26,6% do volume negociado. Os dados são da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).>
O crescimento foi impulsionado, principalmente, pelas commodities agrícolas, como a soja, que alcançou volume recorde de embarques este ano. Os grãos representaram cerca de 50,2% de tudo que foi exportado para o país asiático. Também estão na lista de grandes compras dos chineses outros produtos básicos, como algodão e produtos manufaturados como os termoplásticos.>
A variação cambial e a guerra comercial entre China e Estados Unidos, estão entre os fatores que beneficiaram a balança comercial baiana.>
“A China é o principal parceiro comercial da Bahia. E esta disputa entre os chineses e os Estados Unidos está nos beneficiando. Eles têm comprado cada vez mais soja do Brasil. No médio prazo, entretanto, o acirramento da crise pode afetar a demanda chinesa e os preços de commodities, com deterioração das condições de comércio internacional”, pontua Arthur Souza, coordenador de Comércio Exterior da SEI.>
Até agora, entre janeiro e novembro, os negócios com os chineses renderam às exportações baianas US$ 2,53 bilhões. É quase 50% a mais do que no ano passado, quando foram negociados US$ 1,27 bilhões. Os Estados Unidos continuam sendo o segundo maior comprador dos produtos baianos, representando uma fatia de 11,3% das nossas exportações.>
Crescimento>
De acordo com a SEI, a expectativa é de que exportações da Bahia fechem o ano em torno de US$ 8,6 bilhões de dólares, com crescimento de 6% comparado a 2017. No balanço parcial, entre janeiro e novembro, os números estão bem próximos disso. Neste período, a Bahia já faturou com exportações mais de US$ 7,83 bilhões. O montante é 5,6% maior do que no mesmo período do ano passado.>
“O crescimento é puxado pela venda de produtos básicos, que cresceu 12%, na comparação com o ano anterior. O aumento decorre tanto do aumento na produção de produtos agrícolas, como da alta do preço de commodities no mercado internacional. No caso da soja, que registrou volume recorde de embarques, o aumento das exportações foi de 23,2% no ano”, explica Arthur Souza.>
Os outros setores que mais avançaram foram celulose (16,2%), Metalúrgicos (20%) e Petróleo e Derivados (10%).>
“Com preços médios 8,5% acima dos praticados no ano passado, e queda de 2,6% no volume embarcado, tudo Indica que o crescimento das exportações esperado para 2018 se dará mais pelos preços do que por volume exportado. Isso não é de todo ruim, mas mostra que continuamos com o problema de sempre: exportando recursos com pouco valor agregado e sem integração de cadeias produtivas”, continha Souza.>
As importações também registraram alta, cresceram 8,6% e alcançaram US$ 7,11 bilhões de dólares. “É bom registrar que o crescimento das importações, este ano, ocorre sobre uma base bastante deprimida, e as importações ainda estão longe de recuperar o tombo registrado nos dois anos de recessão, reflexo ainda da baixa atividade econômica”, conclui Souza.>
Confiança em alta >
Além do dados sobre as exportações, a SEI também divulgou seu índice de confiança na economia medida entre os empresários, o Indicador de Confiança do Empresariado Baiano (ICEB). Segundo o índice, a agropecuária lidera entre os setores considerados mais confiáveis pelos empreendedores da Bahia.>
“Além de melhorar a pontuação, este é o sétimo mês seguido em que os empresários se mostram otimistas com a agropecuária. As boas safras e o clima têm sido bastante favoráveis. Isso gera confiança e expectativa positiva”, explica Luiz Lobo, especialista em Produção de Informações Econômicas, Sociais e Geoambientais da SEI. >
O indicador é medido com uma escala que pode variar de - 1000 até + 1000. Acima de zero, significa otimismo. Abaixo de zero, pessimismo. Se ficar exatamente no meio, ou seja, em zero, representa indiferença.>
“Certamente, um fato relevante, de repercussão positiva, diz respeito ao fim do período eleitoral. Após as eleições não há mais incerteza eleitoral. Com o fim do suspense e das indefinições do momento pré-eleitoral, os resultados surgidos das urnas passam a ser incorporados nas expectativas empresariais. Há, assim, uma implicação positiva sobre a confiança empresarial que pode perdurar alguns meses. No entanto, acredito, há um teto para esse efeito positivo inicial, que dependerá das ações concretas dos governantes eleitos após a posse - ou seja, a continuidade da recuperação da confiança dependerá da aceitação e eficácia das ações e medidas empreendidas pelo novo governo”, analisa Lobo.>
Em novembro, a Agropecuária avançou 189 pontos no índice de confiança em relação a outubro, bem acima dos outros setores incluídos na pesquisa. A Indústria registrou um avanço de 124 pontos, os Serviços subiram 28 pontos e o Comércio obteve alta de 112 pontos. A Indústria teve o segundo maior progresso do indicador, enquanto o Comércio foi o menos otimista.>
Nas pesquisas anteriores, quando perguntados sobre os quatro setores juntos, os entrevistados reagiram negativamente. Mas em novembro, já responderam com mais otimismo, e o índice geral saiu da posição negativa para o marco zero. Foi a primeira vez, em 26 meses, que as expectativas deixaram a chamada Zona de Pessimismo Moderado.>
Os empresários também responderam perguntas sobre inflação, vendas e capacidade produtiva. Nestes casos, a confiança geral atingiu o melhor nível desde 2013.>
“Eles estão com expectativa sobre o câmbio, em segundo lugar vem as vendas, depois inflação e exportação. O Índice de confiança funciona como um fluido de lubrificação das engrenagens. Se tem confiança, tem mais perspectiva de investimento e de contratações. Isto facilita a tomada de decisão, dá ânimo e favorece as ações do empresariado. Mas nós não podemos deixar de reconhecer que a economia apresenta uma falta de dinamismo que ainda funciona como espécie de âncora, impedindo a obtenção de um índice de confiança mais contundente”, acrescenta Lobo.>
Brasil>
O Brasil exportou 5,3% a mais de produtos agrícolas nos últimos 12 meses, e ultrapassou a marca dos US$ 100 bilhões. O montante é 5,2% maior do que o obtido no mesmo período do ano passado. Esta é a maior marca registrada pelos produtos Agro desde dezembro de 2012, quando o Brasil exportou US$ 100,7 bilhões em produtos do agronegócio. É um bom desempenho apesar da participação do setor nas exportações totais do Brasil ter caído 1,9 pontos percentuais. Em 2017 o agro representava 44% do total exportado pelo Brasil, agora 42,1%.>
“A superação da marca dos US$ 100 bilhões de exportações anuais do agronegócio brasileiro reflete tanto a boa gestão do Ministério da Agricultura como a excelência do nosso setor produtivo”, comemora o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Odilson Ribeiro e Silva.>
Além do aumento na produção agrícola, outro fator essencial para este desempenho foi a abertura de mercado externo. Este ano, 30 novos mercados externos foram abertos para produtos brasileiros, principalmente na China e em países árabes.>
Os produtos do setor agro foram essenciais para a manutenção de uma balança comercial positiva do Brasil. De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, na segunda semana de dezembro, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 918 milhões de dólares. No ano, as exportações somam mais de US$ 230 bilhões de dólares e um saldo comercial positivo que ultrapassa os US$ 54 bilhões.>
Recordes>
Segundo o Ministério da Agricultura, o mês de novembro foi marcado por recordes nas exportações dos produtos agro. No mês passado as exportações do agro chegaram a aumentar 18,3% quando comparado com novembro de 2017. Foram negociados mais de US$ 8,37 bilhões de dólares.>
No mesmo mês, as importações também cresceram 2,2%. Mas a balança comercial permaneceu positiva em 21,4%, mais de US$ 7,20 bilhões. Entre os produtos exportados, estão os grãos de soja, café, celulose, carne bovina in natura e algodão.>
Apenas a comercialização da soja rendeu US$ 2 bilhões, um montante 147% maior do que em novembro de 2017. A elevação das exportações do grão foi provocada pelo aumento do volume produzido, 5,07 milhões de toneladas, cerca de 136,6% a mais do que na safra anterior.>
Os recordes foram registrados também por outras commodities, como o café, que teve um aumento de 44,5% nas vendas, e a carne bovina in natura, que alcançou 130,57 toneladas comercializadas, num total de US$ 521,75 milhões.>
O algodão não ficou para trás. As vendas da fibra somaram US$ 344 milhões, 36,6% a mais. Um outro destaque é a celulose, que também alcançou um valor recorde em exportações. Foram mais de US$ 649 milhões negociados, 17,6% a mais do que em novembro de 2017. >