Chuva castiga na madrugada e soteropolitanos sofrem para sair de casa

Acúmulo de água também foi grande no interior; Extremo-sul está em alerta laranja

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  • Wendel de Novais

Publicado em 23 de março de 2022 às 19:00

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO
. por Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

Do ônibus que pega perto de casa, em Jardim Cajazeiras, até a estação do metrô de Pirajá, Eliana Rodrigues, 52, gasta, normalmente, 15 minutos de viagem. Nesta quarta-feira (23), no entanto, o percurso foi feito em mais de uma hora. Um atraso gerado pelo engarrafamento que se formou na região por conta da chuva iniciada na madrugada e que se prolongou por todo o dia.

E não foi só por lá que ocorreram engarrafamentos. Como sempre acontece em Salvador quando chove, diversos bairros registraram problemas como ruas alagadas. Calçada, Ribeira, Roma, Paripe, Base Naval e Fazenda Coutos são alguns deles. 

De acordo com a Defesa Civil (Codesal), entre ameaças e desabamento de muro, deslizamentos de terra, infiltrações e imóveis alagados, foram 14 notificações até o fim da tarde desta quarta.

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Atrasos

Por causa do mau tempo, Eliana perdeu todos os seus horários. "Tá terrível para sair de casa, um transtorno danado, porque ficou tudo engarrafado. Chuva é sempre assim, não é? Mais de uma hora no ônibus e minha vida toda atrasada. Sem contar a volta que deve ser sofrida também com mais engarrafamento", disse ela, que trabalha na área de saúde.

Vendedor que precisa circular pela cidade durante o trabalho, Emerson Figueiredo, 30, também sofreu com a chuva. Acostumado a usar ônibus para se locomover, perdeu muito tempo parado. "Para sair de casa nem foi tão sofrido. O problema maior está sendo circular. Eu trabalho fazendo vendas ao redor da cidade e isso está me prejudicando. O que a gente pega em 10 minutos, tô esperando mais de meia hora", conta ele, que tinha horários marcados com clientes e acabou atrasado. Emerson passou muito tempo esperando no ponto (Foto: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO) Dona Lurdes, 80, aposentada, foi mais uma soteropolitana prejudicada pela dificuldade de locomoção durante o dia. "Eu saí de Base Naval pra cá [Campo Grande]. É uma viagem de uma hora e pouco todo dia. Hoje, foi mais de duas horas no caminho. Só não atrasei porque saí muito antes. Mas, pra voltar, também tá difícil. Mais de meia hora no ponto e nada".

Transtornos no interior

No interior do estado, a chuva também causou problemas. Uma área de 10 metros do muro do aeroporto de Ilhéus, no sul da Bahia, caiu por conta do volume de precipitação. A estrutura será refeita nesta quinta-feira (24), segundo informações da concessionária que administra o aeroporto.

Já no Extremo-sul do estado, onde ocorreram inundações e mortes no fim do ano passado, também houve um volume grande de chuva. O Inmet alertou para o perigo de precipitação intensa na região, com média de 50 a 100 milímetros. Justamente por isso, a Defesa Civil do Estado pôs um alerta laranja na região para evitar maiores problemas.

Em Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, houve um deslizamento de terra que levou uma árvore e vários galhos para a pista da BA-001, que foi interditada e atrasou a vida de quem transitava entre os distritos de Tairu e Jiribatuba. 

O deslizamento aconteceu no início da manhã, mas a via ficou interditada até o começo da tarde, segundo moradores. "Caiu e ficou tudo interditado por umas cinco horas, foi horrível para o ônibus passar. Foi só agora por volta de meio-dia que tão tirando tudo", conta uma moradora que não quis se identificar, mas perdeu o dia de trabalho por conta do problema.

Próximos dias

Segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é que o tempo instável e a chuva durem até esta quinta-feira (24). Quem também confirma isso, em Salvador, é a Codesal: "As fortes chuvas são decorrentes de dois sistemas meteorológicos: alta subtropical do Atlântico Sul  e a formação de um cavado sobre a costa leste do Nordeste. A tendência é de que as chuvas continuem até quinta-feira [hoje], reduzindo gradativamente", disse o órgão, em nota.

Pelo fato da formação de um cavado se tratar de um sistema de baixa pressão em níveis médios e altos da atmosfera que atinge toda costa leste da região Nordeste, a previsão é a mesma para as cidades do extremo-sul, que também são litorâneas.

*Com a orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo