Chuva em Salvador ultrapassa média mensal e seguirá até quarta

Acumulado de 448mm é 443% maior que o esperado para o mês de janeiro

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  • Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2022 às 19:53

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/ CORREIO

Para muitos soteropolitanos, a chuva não tem sido de bençãos. O temporal que atingiu Salvador na madrugada de segunda-feira (24) e continuou durante o dia teve um acumulado de 448mm, 443% maior que a média de 82,5mm, esperada para todo o mês de janeiro. 

A Defesa Civil (Codesal) registrou até às 17h desta segunda 58 solicitações na capital baiana. Foram 14 ameaças de desabamento, 12 ameaças de deslizamento, duas árvores ameaçando cair, três avaliações de área, 15 avaliações de imóveis alagados, um desabamento de muro, um desabamento parcial, cinco deslizamentos de terra, três infiltrações e duas orientações técnicas.

Os bairros mais atingidos pelo mau tempo foram Plataforma, com 60,4mm, Base Naval de Aratu, que registrou 56,4mm, Praia Grande, com 47,2mm, Monte Serrat, com 44,9mm e São Tomé de Paripe, fechando com 44,1mm, de acordo com o último boletim divulgado pela Codesal. 

Depois que a chuva deu uma trégua, Márcia Flores, 56, proprietária de uma floricultura no bairro do Jardim Cruzeiro, saiu para trabalhar com a água cobrindo os pés, às 6h20, e teve dificuldade para abrir sua loja. O comércio também ficou alagado. “Foi muita chuva, muita água. A frente da minha loja encheu, então tive que esperar um pouco para abrir. A minha sorte é que moro aqui perto, mas a água estava tomando meus pés”, conta a florista.  Segunda-feira foi de chuva em Salvador (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) A Cidade Baixa é um dos locais mais atingidos por alagamentos no município. Desta vez, não foi diferente. A dona de um restaurante na região, Rita Silva, afirma já conviver com a situação desde que vive na Rua Isidoro Bispo dos Santos, há 42 anos. 

“Falar ou não falar com as autoridades não adianta nada, todo ano é tudo a mesma coisa. Não adianta você perder tempo falando, porque eles não têm interesse de resolver nadinha”, desabafa Rita.

Além dos transtornos e alagamentos causados durante o dia, as pancadas de chuva também deixaram diversas ruas e avenidas submersas. A região da Vila Militar, no bairro do Dendezeiros, ficou alagada e o ponto de vacinação contra covid-19 que funcionava no local precisou ser remanejado para o Centro de Saúde Mental Rubin de Pinho, no mesmo bairro.

Chuva continua Por causa do fenômeno meteorológico chamado de Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), associado a um sistema de baixa pressão, as chances de chuva aumentam nos próximos dias. Até amanhã, a previsão é de céu nublado com chuva fraca a moderada, acompanhada de trovoadas, segundo a Codesal. 

O morador do bairro do Uruguai, Jailson dos Santos Dias, se preocupa com os alagamentos que ocorrem no local, mesmo com chuvas moderadas. Segundo o morador, os carros que passam pelo bairro quando há um alagamento impulsionam a água para dentro das casas.

Para evitar que a água alcance as residências, os moradores constroem batentes nos portões de entrada. “Nessa situação de chuva a gente só tem que pedir a Deus para guardar, porque o batente na porta, que é o que dá para fazer, já está construído”, explica Jailson. Entretanto, de acordo com as informações do Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil de Salvador (Cemadec), há pouco risco para alagamentos e deslizamentos de terra durante a passagem do fenômeno.

Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo