Chuva na Bahia já matou 18 pessoas e tem 72 cidades em situação de emergência 

Pelo menos 47 cidades estão sem energia elétrica ou abastecimento de água, como Amargosa e Itororó

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  • Da Redação

Publicado em 27 de dezembro de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Acervo Pessoal

A chuva na Bahia já deixou um saldo de 18 mortos e 72 municípios em situação de emergência, o equivalente a 17,2% do total de cidades no estado. São mais de 16 mil desabrigados, 19.580 mil desalojados e dois desaparecidos, segundo a Defesa Civil do Estado (Sudec). Os feridos somam 286 - número não atualizado por falta de dados. Pelo menos 47 cidades estão sem energia elétrica ou abastecimento de água, como Amargosa e Itororó.  

Em Itambé, Potiraguá e Iguaí, não há previsão de retorno da energia. Na primeira, foi preciso desligar as bombas da captação por risco de inundação. Na segunda, a correnteza virou o conjunto de bombas flutuante e, na última, o fluxo das águas entupiu com material sólido o crivo da bomba na captação. Segundo a Embasa, não há condições de acesso para dar manutenção no equipamento. 

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Na tarde deste domingo (26), o governador da Bahia, Rui Costa (PT), foi a Ilhéus, no Sul baiano, para incluir 47 municípios na lista. Até sábado (24), somente 25 cidades estavam em cenário crítico. Com o aumento de cidades atingidas, a força-tarefa do Corpo de Bombeiros foi ampliada. Além de Ilhéus, Itapetinga, Vitória da Conquista, Ipiaú e Santa Inês contam com postos avançados para facilitar o trabalho dos bombeiros. O gabinete de Itamaraju também continua em funcionamento. 

Segundo o coordenador da Defesa Civil da cidade e presidente do Conselho de Turismo, Vinícius Borges, a chuva deu uma trégua na cidade, que foi uma das que mais acumula prejuízos. São 150 famílias desabrigadas e mais de 50 desalojadas. “Essas últimas 24 horas choveu de forma moderada, então não houve nenhum estrago potencializado. Mas, estamos com medo de o rio subir novamente, porque estamos em cenário de tragédia e em risco, com o alerta de ciclone no oceano”, conta Borges.  

O rio Jucuruçu ainda está quatro metros acima do nível normal. Se passar de cinco, segundo Borges, já começa a atingir as casas, porque ele corta a cidade no meio. Algumas comunidades estão sem energia. Um caminhão da prefeitura, ao tentar reconectar a passagem entre a sede e Nova Alegria, terminou tombando. “Ninguém ficou ferido, mas, como era muita lama, e o trabalho está acelerado para ajudar essas famílias que estão ilhadas, terminou tombando”, conta Borges.  

Em Ibirapitanga, também no Sul, a cidade ficou sem luz na noite do Natal e algumas horas deste sábado (25). Cláudia Ribeiros dos Santos, diretora Grupo Escola Luis Viana Filho, começou a receber algumas famílias que não têm mais condições de se manter nas casas. “A situação se agravou ontem, porque foi chuva 24 horas, sem parar. Hoje, amanheceu tudo alagado. Nunca vi nada dessa proporção na vida. Fico grata por mim, mas fiquei pensando nas pessoas que estavam com situção pior que a minha. É uma situação muito ruim, porque não podemos fazer muita coisa”, conta Cláudia.  

Cachoeiras enchem na Chapada   Se o momento era de seca em setembro, na Chapada Diamantina, no Centro da Bahia, agora, há excesso de água. Com as chuvas, o nível das cachoeiras ficou além do normal, o que fez algumas comunidades ficarem ilhadas, como em Novo Horizonte. Além disso, o calçamento de algumas ruas foi danificado e as barragens ficaram cheias, mas não chegaram a romper.  

“Temos vários locais que estão isolados da sede, como os distritos de Passagem Funda e Sobrado. Como o rio corta a cidade, quando ele sobre, fica inacessível. Desde anteontem, ninguém entra e ninguém sai”, conta o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Novo Horizonte, José Alfredo Neto de Oliveira. A BA-152, próximo ao município, por conta da queda de uma árvore, também ficou interditada, por cerca de quatro horas, neste final de semana.  

As prefeituras de Jucuruçu e Itororó foram procuradas, mas não responderam até o fechamento. 

Saiba onde doar  Para ajudar as famílias que perderam móveis e suas casas pela chuva, diversos locais arrecadam doações. A Campanha Bahia Solidária aceita alimentos não perecíveis, materiais de higiene e limpeza, água e roupas para as vítimas, na sede das Voluntárias Sociais da Bahia, entre 8h e 20h, na Avenida Sete de Setembro, Campo Grande.  

Já o Corpo de Bombeiros também recebe as mesmas doações, em qualquer quartel. No Shopping Paralela, em Salvador, é possível doar alimentos, água e cobertores, no piso L2.  

Rodovias interditadas   As rodovias federais baianas também não passaram ilesas nesse período de chuvas. A BR 101, no km 485, em Itajuípe, está parcialmente interditada por conta de árvores que caíram na pista, desde às 23h da véspera de Natal (24). Em Jequié, na BR 330, km 802, um barranco caiu e interditou parcialmente a pista. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), houve deslizamento de terra e queda de árvore. Uma equipe do órgão foi ao local, na manhã deste sábado (25), com retroescavadeira, para desobstruir a área. A BR 101, no km 730 ficou interditada das 9h de quinta-feira (23), às 17h da sexta-feira (24), na véspera do Natal, em virtude de uma depressão causada pelas fortes chuvas.  

Também em Jequié, na BR 330, Km 792,  a via foi interditada toalmente, por conta de deslizamentos de encostas e queda de árvores, além de três pontos de alamento. Neste domingo (26), o trânsito fluiu em meia pista em alguns locais. Em Itabuna, na BR 415, km 50, ocorreu uma interdição total, em virtude das fortes chuvas que atingem a região. A Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) ainda realiza monitoramento em 25 pontos de rodovias estaduais da Bahia