Chuvas invadem casas e abrem crateras na Bahia; Igaporã decretou emergência

No interior do estado, 10 voos precisaram ser cancelados no domingo (24)

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 25 de março de 2019 às 20:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Leitor CORREIO

A chuva que cai na Bahia desde quinta-feira (21) e que deve continuar pelos próximos dias causou vários estragos na capital e no interior. Casas invadidas pelas águas, crateras em vias públicas e voos cancelados foram alguns dos transtornos. Não houve registro de mortos ou feridos.

Somente em Salvador, entre sexta (22) e esta segunda-feira (25), foram registrados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) 186 mm de chuva, 19% a mais do que o esperado para o mês de março (156 mm), tendo como referência a média histórica. Só nesta segunda, um casarão desabou e desabrigou seis famílias, e o muro de uma casa caiu sobre uma concessionária, deixando 10 carros destruídos.

Em Mucuri e Nova Viçosa, ambas na região do extremo Sul, cerca de 6 mil estudantes tiveram as aulas canceladas nesta segunda devido à ameaça de tempestade tropical que se desloca no Oceano Atlântico. As aulas deverão ser retomadas nessa terça-feira (26).

Segundo a Marinha do Brasil, o fenômeno que foi batizado de Tempestade Tropical Iba - expressão em tupi-guarani que significa ‘ruim’ - está “em alto-mar, na altura da costa de Linhares (ES), estendendo-se entre o litoral Sul do estado da Bahia e Norte do Espírito Santo”.

Afirma ainda que “seu deslocamento é previsto predominantemente para Sul, com leve componente para Oeste nas próximas 12 horas, sem previsão de atingir a costa nesse período. Seus efeitos poderão ser sentidos no litoral Sul do estado da Bahia e do Espírito Santo, até o dia 27”, diz o comunicado enviado à imprensa.

São esperados ventos fortes nas proximidades do litoral Sul da Bahia e do Espírito Santo, podendo atingir 87 km/h em alto-mar e 61 km/h junto à costa, durante todo o período de atuação do fenômeno.

Há previsão de "mar grosso a muito grosso, com alturas de ondas entre 3 e 5 metros em alto-mar e possibilidade de ocorrência de ressaca atingindo a costa entre Vitória (ES) e Caravelas (BA), com ondas de até 2,5 metros". A saída para o mar aberto está suspensa.

Em Mucuri, segundo informou a prefeitura, o fenômeno provocou ondas fortes que danificaram as estruturas de cinco barracas de praia e destruíram parte de uma avenida próximo à beira-mar. 

Voos cancelados Ainda no interior, os aeroportos voltaram a operar normalmente, após 10 cancelamentos de voos entre as 7h e 14h20 de domingo (24), em Porto Seguro, no extremo Sul, e um cancelamento no sábado (23), em Barreiras, no Oeste do estado. Santa Maria da Vitória sofre os impactos da chuva em Correntina (Foto: Acervo pessoal) O problema em Porto Seguro fez com que 1.400 passageiros ficassem aglomerados no saguão do aeroporto, cuja administração aeroportuária, ainda na tarde de domingo, reprogramou os voos e operou o resto do tempo sem problemas.

De acordo com o Inmet, o volume de chuva em Porto Seguro no domingo foi de 41 mm – para o instituto, uma chuva pode ser considerada forte a partir dos 50 mm. Nesta segunda, não foi registrada chuva significativa. Santa Maria da Vitória (Foto: Leitor Correio) Na Bahia, a cidade onde mais choveu no domingo foi Correntina (107,6 mm), no Oeste. Contudo, os impactos maiores foram sentidos na vizinha Santa Maria da Vitória, cujas praças, ruas e casas foram invadidas pela chuva.

Um dos bairros mais atingidos foi o Malvão, onde moradores registraram imagens das águas acima dos joelhos dentro das casas. Diversos móveis foram perdidos. O CORREIO não conseguiu contato com a prefeitura de Santa Maria da Vitória.

Ainda no Oeste da Bahia, a cidade de Luís Eduardo Magalhães também foi afetada pela chuva. Nesta segunda, moradores, em meio à lama que restou, buscavam aproveitar algum móvel que não foi danificado. Até um trator da prefeitura atolou. 

Emergência Segundo informações da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), das cidades da Bahia atingidas pela chuva, apenas Igaporã, de 15 mil habitantes, no Sudoeste do estado, decretou emergência. “A Sudec está monitorando os efeitos das fortes chuvas em todas as regiões do estado. Estamos com equipes em campo ajudando as defesas civis municipais”, afirmou o superintendente da Sudec Paulo Sérgio Menezes Luz. Igaporã ficou alagada e decretou emergência (Foto: Acervo pessoal) Choveu por quase cinco horas ininterruptas, na quinta-feira, em Igaporã. Porém, como não há pluviômetros oficiais no local, não há registro do volume de chuva que caiu na cidade. No entanto, a estimativa da prefeitura é de mais de 180 mm. Praças ficaram alagadas e dezenas de casas localizadas no bairro Parque da Cidade foram invadidas pelas águas, que chegaram a quase um metro de altura. Ao menos 25 famílias foram atingidas, segundo informações da prefeitura. Entre essas famílias, 10 ficaram desalojadas por dois dias, mas já retornaram às casas, após ficarem em abrigos provisórios ou na casa de parentes. “Tem mais de 50 anos que não se vê uma chuva como essa”, disse o procurador da prefeitura Vitor Oliveira. Numa avenida de Igaporã, a prefeitura teve de abrir um buraco de 6 metros de comprimento para que a água que ficou acumulada escorresse para outro local, já que os bueiros não estavam dando conta. Igaporã (Foto: Acervo pessoal) Técnicos da Sudec estiveram na cidade na sexta-feira para atestar o estado de emergência. Segundo a prefeitura, foram realizadas diversas doações por parte de cidadão, de modo que a quantidade recebida de cestas básicas, roupas e colchões dá para prestar auxílio pelos próximos dois meses.

Recôncavo No Recôncavo Baiano, as chuvas fizeram com que barrancos caíssem em estradas que dão acesso à cidade de São Miguel das Matas, o que levou a prefeitura a fazer intervenções nesta segunda, com a retirada do barro e pedras das vias. A cidade mais atingida pelas chuvas na região foi Amargosa, onde, segundo o Inmet, caiu um volume de 123,6 mm, registrados no sábado, dia que mais choveu em Salvador neste fim de semana, com 121 mm. A Prefeitura de Amargosa informou que “está dando suporte aos moradores que necessitaram ser relocados de suas residências” e “cuidando da liberação de aluguel social, fornecendo apoio logístico para as mudanças e almoço para as famílias”. Diz ainda que “uma equipe de paisagismo está fiscalizando árvores para minimizar risco de queda, uma equipe de esgoto fiscaliza e limpa bueiros e a equipe de estradas também está na zona rural identificando pontos a serem reparados”. Outras cidades bastante atingidas pelas chuvas foram Serrinha (110 mm) e Jeremoabo (94 mm). Nas rodovias federais, houve problemas na BR-110, entre Ribeira do Pombal e Cícero Dantas, devido a alagamentos – os bueiros existentes não deram conta do escoamento da água. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), “houve danos apenas na saia do aterro e nas duas alas a jusante dos bueiros existentes, o que não afetou a rodovia estruturalmente. O tráfego flui normalmente”.