Cia de Teatro da Ufba faz exposição sobre genocídio e encarceramento do povo negro

Eguns Dançam entre Necro&Ikupolíticas acontece no Goethe-Institut, localizado na Vitória, segue até 4/6

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  • Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2022 às 19:28

. Crédito: Foto: Lucas de Jesus

Questionar e combater a política de genocídio e superencarceramento da população negra no Brasil e, em particular, na Bahia é o objetivo da exposição “Eguns Dançam entre Necro&Ikupolíticas: encruzilhadas poéticas entre vídeo e performance”, promovida pela Cia de Teatro da UFBA.

Desde a última segunda-feira (2) está assentada uma encruzilhada poética na Galeria do Goethe-Institut Salvador e seguirá disponível para visitação até o dia 4 de junho, de segunda a sexta, das 9h às 18h, e aos sábados das 9h às 17h, com entrada gratuita.

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A exposição é composta por dez videoperfomances, distribuídas por três galerias e envolve mais de 20 artistas. O projeto foi um dos últimos aprovados pelo maestro Letieres Leite, poucos dias antes de sua morte. 

“Quem for terá a experiência de imersão no universo religioso afro-brasileiro, através das videoperformances criadas nos últimos meses pela Cia de Teatro da Ufba, registradas em Salvador e Itaparica a partir de vozes de Eguns (espíritos dos mortos) vítimas da necropolítica. Algumas vozes serão transmitidas de forma digital, através de qrcode e também da internet”, disse o diretor artístico, Stenio Soares.

Em 40 anos de existência, esta é apenas a terceira vez que a Cia de Teatro da UFBA é dirigida por um aquilombamento artístico negro, sendo, desta vez, composto pelos professores negres Alexandra Dumas, Evani Tavares, Stenio Soares e discentes negres dos cursos de graduação da Etufba. 

O texto “9 Eguns Dançam entre Necro Iku políticas" é um texto escrito pela crítica literária Denise Carrascosa (professora do ILUFBA), baseado em Dramaturgia AfroRitual. “É a primeira vez na história desta companhia teatral que uma mulher negra escreve a sua dramaturgia”, contou Stenio. 

A exposição se trata do terceiro ato do processo artístico-filosófico iniciado com o Seminário Abolicionismo e Artes, que contou com a presença de pensadores e artistas como Angela Davis, Gina Dent, Carmem Luz e Ângelo Flávio.

Nesta poética dos Ventos de Denise Carrascosa, regida pelo fogo musical de Letieres Leite (in memoriam) e nutrida pela Direção Artística das Águas de Stenio Soares, dançam Nadir Nóbrega, Fabrício Mota, Lazzo Matumbi, Gabi Guedes, Leonardo Luz, Alberto Pitta e muitas outras almas de força artística ancestral compostas por artistas-pesquisadores e estudantes da ETUFBA.

Algumas obras de Letieres foram adaptadas pelo músico e historiador Fabrício Mota e incorporadas para composição da trilha sonora. Parte dos figurinos é assinada pelo artista plástico Alberto Pitta, criador do Cortejo Afro.