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Cidade baiana é destaque em desenvolvimento territorial pela mineração

Maracás foi apresentada em case sobre ESG em maior feira de mineração da América Latina

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  • Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2022 às 05:00

. Crédito: Glenio Campregher/Divulgação Ibram

O município baiano de Maracás, a 350 quilômetros de Salvador, foi um dos destaques no segundo dia da Exposibram 2022, a maior feira de mineração da América Latina, que acontece até amanhã, em Belo Horizonte (MG). A transformação econômica proporcionada pela atividade mineral na cidade baiana foi apresentada pelo presidente e CEO da Largo Inc, Paulo Misk, durante um talk show sobre o avanço da agenda ESG na mineração brasileira. 

Nos últimos anos, a atividade econômica abraçou a sigla de três letrinhas, que prometem transformar a relação do setor produtivo com o restante da sociedade. O investimento em ESG – que engloba políticas em sustentabilidade ambiental, social e na área de governança – foi apontado por representantes do setor como um caminho sem volta. 

Ana Cunha, diretora de Relações Governamentais e Responsabilidade Social da Kinross e coordenadora do Comitê de Acompanhamento da Agenda ESG da Mineração no Conselho do Ibram – Instituto Brasileiro de Mineração, lembra que a mineração brasileira já tratava de sustentabilidade muito antes de falar em ESG. 

“Este é um processo que se iniciou há muito tempo. Em 2019, um grupo de pessoas ligadas à mineração criou uma carta de compromissos, que foi sendo discutida nos últimos anos”, lembra. “Temos trabalhado para que estes compromissos se tornem ações, que amadureçam a agenda ESG. A gente fala de ESG hoje, mas nós somos sustentáveis há muito tempo”, destacou. 

Responsável por um grupo de trabalho sobre desenvolvimento territorial no setor mineral, Paulo Misk falou sobre as ações que vêm sendo desenvolvidas pela Largo em Maracás. “Este trabalho de desenvolver a localidade e preparar o território para os desafios futuros é fundamental”, apontou, frisando a necessidade de respeitar sempre as vocações locais. “Acho que isto está ligado aos conceitos básicos da mineração e daquilo que ela pode fazer”, diz. 

“A mineração é a atividade que vai a lugares remotos, carentes, e consegue desenvolver a realidade daquela região”, destaca Misk, que é também presidente do Sindicato das Mineradoras na Bahia (Sindimiba). “Se no primeiro momento a empresa é uma agente externo numa comunidade, em seguida ela passa a ser parte daquela comunidade”, ressaltou.

“A Largo atua no interior da Bahia e a gente teve a felicidade de perceber a importância do relacionamento com a comunidade. Lá na Largo, todas as pessoas estão juntas nessa história, não é uma equipe que cuida do relacionamento com a comunidade, todo mundo está inserido neste desafio, atuantes no trabalho de desenvolver Maracás”, pondera. 

Segundo o executivo, esta forma de atuação da empresa tem impactado positivamente no modo como a comunidade enxerga a mineração. “Na Bahia, nós temos uma visão extremamente positiva, as pessoas associam a nossa atividade ao desenvolvimento da cidade”, ressalta. Ele lembra que Maracás não era um município com tradição mineradora antes da chegada da Largo. “Hoje a cidade abraçou a mineração porque perceberam o compromisso que nós levamos, de ajudar a desenvolver a região”, conta. 

“Precisamos ter propósitos dentro das empresas. As pessoas precisam perceber que não estamos ali só para tirar um recurso”, acredita. “A gente precisa criar um ambiente aberto para a inclusão. É imprescindível trabalhar com a coletividade. Temos que envolver todos os steakholders (pessoas ou grupos impactados pela atividade, além de clientes e fornecedores)”, aponta Adriana Kupcinskas Alencar, vice-presidente de Recursos Humanos da Mosaic Fertilizantes.

“A Bahia vive um momento de transformação histórica em termos de desenvolvimento sustentável. Muitos municípios já vivem as expectativas de transformação social e econômica com a geração de empregos diretos e indiretos, e de geração de renda. Tudo isso promovido pela mineração. A nova ordem das siderúrgicas hoje é buscar minérios de alta qualidade reduzindo a emissão de CO2, alinhado à global necessidade de descarbonização. E a Bahia tem um tremendo potencial de ser um estado provedor de minério premium. Há muitos projetos aguardando a infraestrutura necessária para atender esta demanda. Em menos de cinco anos, a Bahia vai se consolidar como o terceiro maior produtor de minério de ferro do Brasil. A Bamin vai produzir 26 milhões de toneladas de minério de ferro em 2026. E tudo isso será possível porque estamos construindo para a mineração e para o agronegócio as soluções logísticas mais adequadas. A Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol Trecho-1) e o Porto Sul, em Ilhéus, formam um importante corredor logístico de integração e de exportação, mas acima de tudo, um corredor de oportunidades para alavancar os municípios da Bahia e os projetos de mineração”, prevê Eduardo Ledsham, CEO da Bamin.

Para Ivan de Araújo Simões Filho, diretor de assuntos corporativos e de impacto da Anglo American Brasil, as tragédias impactaram a reputação do setor, mas a situação vem se normalizando graças à atuação das empresas e na participação da mineração no processo de transição energética. “Mais do que fazer bem feito e comunicar, precisamos estar inseridos dentro das redes das comunidades. A vivência e a comunicação vão fazer a diferença no setor

“A gente está mudando, talvez não na velocidade que a sociedade demanda”, pondera Ivan. “Já foi-se o tempo em que a mineração dizia ‘sai da frente que eu quero passar’. Hoje a nossa ideia é de contribuir cada vez mais”, destaca. Ele ressalta, entretanto, a necessidade de uma atuação cada vez mais preventiva, no sentido de evitar que os problemas aconteçam.

Segurança de barragens Reuber Koury, diretor de projetos e sustentabilidade da Samarco, empresa que ficou conhecida pelo acidente em Mariana (MG), em novembro de 2015, conta que a corporação retomou as atividades com o compromisso de recuperar os danos causados pelo rompimento da barragem. Ele acredita que apenas com uma aproximação cada vez maior entre as empresas e as comunidades será possível cumprir a agenda ESG. “São as habilidades humanas que vão fazer a reconexão entre nós. Este processo só irá acontecer com o diálogo e com proximidade”, acredita.  

“Nós jamais esqueceremos Brumadinho”. Foi com essa frase que Rafael Jabur Bittar, diretor de geotecnia da Vale iniciou a sua apresentação na palestra O Desafio dos Rejeiros – Gestão e Inovação, durante a Exposibram 2022. Ele falou sobre ações para reforçar a segurança e a “busca por excelência operacional na empresa”. Segundo ele, as ações adotadas desde 2019 se deram no sentido de eliminar paulatinamente as estruturas de barragens à montante, como a que rompeu em Brumadinho, além de ações para reduzir a quantidade de rejeito produzidos, como o que transforma parte do material em areia. 

Em outubro de 2020, foi publicada uma política pública de compromissos, endossada pelo conselho de administração da empresa, contou.  “O processo de descaracterização é chave em nossos objetivos”, destacou, citando os processos de eliminação de barragens a montante. “Descaracterizar barragens de montantes é um dos maiores desafios da mineração brasileira. São estruturas que oferecem maiores riscos”. Segundo ele, para isso, são construídos grandes muros após as barragens, capazes de reter 100% do material, em casos de rompimentos. Bittar contou que algumas estruturas de reforço construídas têm mais de 100 metros de altura. Para reduzir os riscos às pessoas, os processos de remoção de rejeitos são feitos remotamente, conta. “As pessoas que estão operando estes equipamentos estão em média a 20 quilômetros de distância”.

* O jornalista viajou para a cobertura da Exposibram a convite da Bamin.