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Donaldson Gomes
Publicado em 13 de dezembro de 2022 às 06:00
Se hoje a Bahia é líder na produção de 19 substâncias minerais no Brasil, dentre elas, minérios e metais preciosos, como quartzo, magnesita e diamante, além de ser a única produtora no país de vanádio e urânio, a explicação se dá voltando 50 anos no tempo. Não existe vida moderna sem os produtos da mineração e, na Bahia, a atividade não se conta sem a história da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), que teve as suas cinco décadas de atuação comemoradas ontem, numa sessão solene na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). >
Terceiro estado em produção mineral do Brasil e primeiro do Nordeste, a Bahia arrecadou em CFEM, os royalties pagos pela atividade, R$ 174 milhões em 2021. Este ano, até novembro, a cifra já alcançou a casa dos R$ 163 milhões, distribuídos entre as regiões onde as substâncias são extraídas. No estado, o setor é responsável por 164 mil empregos diretos e indiretos, porém a conta é ainda mais elevada quando se imagina que a produção mineral está no início de diversas cadeias produtivas. CBPM recebeu homenagem na Alba pelos 50 anos de atividade (foto: Ana Albuquerque/CORREIO) Produtos que nascem em minas baianas são beneficiados e transformados nas mais diversas facilidades do dia a dia. É impossível imaginar um celular, ou um relógio sem os materiais do subsolo, muitas vezes extraídos na Bahia“Hoje nosso estado exerce um papel importante na alimentação de pessoas aqui no Brasil e no exterior, com a nossa agricultura, mas não existe agro sem fertilizantes, que vêm da mineração. Não existe energia sem mineração porque bens minerais são necessários para produzir e distribuir energia”, exemplificou o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm. Para o presidente da empresa baiana, o sucesso do estado no setor se deve ao trabalho de muitas gerações. “Nós temos 50 anos de trabalho, somos o estado brasileiro que melhor conhece o seu subsolo, o mais bem mapeado”, destacou Tramm. Ainda que valorize o sucesso alcançado pela atividade nos últimos anos, ele acredita que estamos diante de um longo processo de expansão. Hoje, a Bahia é o primeiro estado em pesquisa de novas áreas e o segundo em volume de investimentos previstos para os próximos anos, atrás apenas de Minas Gerais. >
Segundo ele, em breve a CBPM deverá divulgar o lançamento de uma nova província mineral no estado – uma região que concentra um volume expressivo de potenciais reservas no semiárido. Outro destaque viabilizado pela pesquisa, acrescenta, é o potencial de produção no raio de 100 quilômetros de distância da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), corredor logístico que vai ligar o litoral Sul da Bahia ao Centro-Oeste do país, quando estiver concluído. >
Os desafios logísticos são justamente os gargalos que a Bahia precisa enfrentar para aproveitar o potencial que a mineração tem para promover desenvolvimento, emprego e renda. Ele Lembrou que nos últimos anos a CBPM encampou campanhas para destravar as obras da Fiol e por uma solução para a recuperação da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). “Sem logística, todo este potencial continuará no subsolo e não vai se transformar em bem estar para os baianos”. >
O deputado estadual Angelo Almeida (PSB), autor da homenagem para a CBPM na Alba, destacou a relevância econômica da atividade para a Bahia. “Estamos falando de um crescimento de 14,2% em relação a 2021, de uma atividade que atraiu R$ 1,5 bilhão em investimentos, entre recursos privados e públicos”, lembrou. “Nós temos mais de 40 substâncias minerais com potencial econômico aqui, é preciso valorizar este potencial”, defendeu. >
Natural de Campo Formoso, o presidente da Alba, Adolfo Menezes (PSD), lembrou que em sua região podem ser encontradas diversas minas, como de ouro, ametista, esmeraldas, cromo e calcário, por exemplo. “Onde a mineração está presente, ela leva o desenvolvimento”, destacou. >
Presidente do Instituto Brasileiro da Mineração (Ibram), o ex-ministro da Defesa Raul Jungmann ressaltou o potencial que a Bahia tem para contribuir com a oferta de substâncias necessárias para uma transição de energética que freie as mudanças climáticas. “Estamos falando de um setor que faturou R$ 339 bilhões no ano passado, que contribuiu com R$ 17 bilhões em impostos, mais R$ 10 bilhões em royalties e que é fundamental para o superavit da balança comercial. Porém, a maior contribuição que podemos dar está no combate às mudanças climáticas”, apontou.>
“Graças ao trabalho da CBPM e das empresas aqui na Bahia, sabemos que podemos encontrar aqui no estado diversos minerais estratégicos e críticos para a transição a uma economia de baixo carbono”, disse. “Este é um desafio que precisa ser enfrentado, porque não existe nada mais imoral do que entregarmos para as futuras gerações um mundo pior do que o que recebemos”, enfatizou. >
Jungmann enfatizou que o setor mineral baiano deve investir nos próximos anos um volume de aproximadamente R$ 20 bilhões.“A Bahia deve crescer muito nesta área, mas já é uma realidade há muito tempo. Estamos falando de 400 empresas, em 186 municípios, lidando com 40 substâncias. Isso tudo só é possível pelo papel da CBPM”, acredita. Reconhecimento A sessão em homenagem à CBPM serviu também para o reconhecimento do trabalho de diversas empresas e integrantes do setor mineral na Bahia. Além da Largo e o seu presidente, Paulo Misk, que foram escolhidos para o premio anual do setor, concedido pela CBPM, o presidente da Assembleia recebeu uma medalha, concedida pela CBPM, e o presidente da empresa, Tramm, e os diretores Rafael Avena e Carlos Luciano de Brito Santana receberam um reconhecimento concedido pelo Sindimiba, entidade que representa as empresas do setor na Bahia. >
Paulo Misk, que também preside o Sindimiba, ressaltou que o trabalho realizado pela CBPM na Bahia vai além da pesquisa mineral. “Precisamos reconhecer o empenho da CBPM e da sua direção na luta por melhorias nas condições logísticas da Bahia e por uma atuação mais sustentável do setor, com a implantação dos ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU)”, avaliou. Paulo Misk, Raul Jungmann e Antonio Carlos Tramm (Foto: Ana Albuquerque/CORREIO) O líder da Largo e do Sindimiba ressaltou o papel social da mineração no estado, lembrando que além do impacto econômico, as empresas se responsabilizam por uma série de ações que trazem resultados positivos do ponto de vista ambiental e social também.“A Bahia merece ter uma mineração forte, com empresas preocupadas em fornecer cada vez mais oportunidade, dignidade para as comunidades do entorno e oferecendo à sociedade os produtos necessários para que todos tenham uma vida digna”, acredita. Misk defendeu a necessidade de mostrar cada vez mais que a mineração opera com níveis elevados de responsabilidade. “Eu cito o nosso exemplo na área ambiental. Primeiro que buscamos aproveitar o máximo possível de tudo o que retiramos da natureza. Em segundo lugar, eu gosto de apresentar este exemplo, nós usamos uma área de 400 hectares em Maracás e preservamos outra de 4,7 mil hectares”, disse. >
Para Paulo Misk, a premiação recebida pela empresa significa um reconhecimento da dedicação da Largo em tornar suas operações cada vez mais sustentáveis e ao intenso trabalho na área de responsabilidade social. “Temos muito orgulho de contribuir para o desenvolvimento de toda a comunidade, por meio de apoio e investimentos nas mais diversas iniciativas sociais, sobretudo nas áreas de saúde, educação e esportes e geração de emprego e renda. E de todas essas temos um olhar muito cuidadoso para a educação e a qualificação”, avalia. >
“Nos últimos dois anos, tivemos grande parte de nossos investimentos direcionados para área de saúde, ajudando o poder público e as comunidades no enfrentamento da Pandemia. Este ano, o foco se voltou de novo para a educação, área que responde por 36% de nossos investimentos este ano”, ressalta Misk.>