Circuito da fé: procissão de ramos arrasta centenas de fiéis neste domingo (25)

Com trio elétrico e banda, católicos caminham do Campo Grande à Praça Municipal

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  • Raquel Saraiva

Publicado em 25 de março de 2018 às 15:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva

A aposentada Amenaide Dias, 89 anos, percorreu o trajeto de mais de 2 km entre o Campo Grande e a Praça Tomé de Souza ajudando a amiga Margarida Vieira, 89, que andava com dificuldade, mesmo se apoiando em uma bengala. “Vou comungar lá na praça!”, disse Margarida.  As duas moram no abrigo Mariana Magalhães, nos Barris, e logo cedo pegaram um táxi para participar da Procissão de Ramos, realizada pela Arquidiocese de Salvador neste domingo (25). “Sou religiosa, confio muito em deus. É maravilhoso estar na presença dele”, disse Amenaide segurando o tradicional ramo.  Dezenas de pessoas acordaram cedo para ir ao Campo Grande para a concentração da caminhada, que terminou com a missa do Domingo de Ramos, na Praça Municipal. No mesmo dia foi comemorado o Dia Mundial da Juventude - e até 'jovens de cabelo branco' curtiram com muito canto e dança a celebração pela fé.   Atrás do trio elétrico, comandado por padres e banda, os fiéis caminharam animados, sacudindo os ramos e cantando músicas religiosas - teve axé, rockabilly e até reggae. A tradição de carregar o ramo surgiu do gesto feito pelo povo de Jerusalém, agitando galhos de oliveiras e palmeiras, com a chegada de Jesus à região.  “Nós queremos nos unir àquela experiência que Jesus teve quando entrou em Jerusalém e foi espontaneamente aclamado como rei. Queremos dizer ‘entre em nossa casa, em nosso coração e mude nossas vidas’”, disse o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil dom Murilo Krieger, antes de iniciar a procissão, por volta de 8h. Dom Murilo antes de iniciar a procisão (Foto: Raquel Saraiva/CORREIO) A aposentada Marilene Bonfim, 65, nunca perde a procissão. “Hoje começa a Semana Santa. Nós temos amor pela vida e também pela morte, porque acreditamos na ressurreição”, disse ela, que se arrumou com muitos ramos e as cores da bandeira brasileira.  A jovem Catarina Ribeiro, 16, foi acompanhada de cerca de 20 amigos, todos com idade entre 15 e 17 anos, para celebrar o início da Semana Santa. “A gente gosta de vir, tem cinco anos que participamos da procissão”. Sua amiga Gabriela Moura, 15, era das mais animadas do grupo “É bom participar para reforçar nossa fé na igreja”, diz a jovem que frequenta a paróquia da Ressurreição, em Ondina e participa do grupo de jovens católicos Trilha.

Zelador dos ramos O carro cheio de ramos chamou a atenção e atraiu os fiéis que estiveram no Campo Grande. O funcionário público Nelson Barbosa, 68 anos, era só sorrisos, ao lado da esposa, Yacir Santos, 60. Ele traz e entrega os ramos aos fiéis. 

“Tem 24 anos que faço isso. Começou porque eu frequentava a capela do São Rafael, que fica perto do meu trabalho, e levava uns 500 ramos pra lá para que os fiéis não prejudicassem o jardim do hospital”, lembra ele, que acordou às 4h e às 6h já tinha chegado no Teatro Castro Alves. Dona Yacir e seu Nelson: zeladores dos ramos (Foto: Raquel Saraiva/CORREIO) Nelson pega os ramos em um sítio próprio, onde ele cultiva mais de mil coqueiros e pés de licuri que, segundo ele, é a planta que dá os ramos mais bonitos. “Vou servindo ao Senhor, aclamando a entrada do Rei e distribuindo os ramos até o final”, ele disse emocionado.

Agenda da fé Confira roteiro de onde e como ocorrerão as principais celebrações religiosas do mais importante período da igreja:

Segunda (26) e terça (27) A segunda e a terça-feira são dias para relembrar o momento em que Cristo foi traído por um dos 12 discípulos, depois de receber um beijo no rosto. Judas Iscariotes entregou Jesus aos soldados romanos em troca de 30 moedas de prata. Em seguida, o profeta seria julgado e começaria a percorrer o caminho do Calvário. Para os cristãos esses são dias de fazer jejuns, orações, vigílias, e peregrinações, oferecendo essas ações a deus como provas de que estão arrependidos dos pecados. O objetivo é expiar os delitos ou agradecer pelas graças recebidas.

Quarta (28) A Quarta-feira Santa é o quarto dia da celebração. Em Salvador, ela será marcada pelo encontro simbólico das imagens de Nossa Senhora das Dores e do Senhor Bom Jesus dos Passos. Neste dia, o bispo auxiliar, Dom Marco Eugênio Galrão, presidirá a Missa na Igreja da Ajuda, no Centro Histórico, às 12h30. Logo após a Celebração Eucarística, a imagem do Senhor Bom Jesus dos Passos será conduzida até a Igreja de São Domingos, no mesmo bairro, onde se encontrará com a imagem de Nossa Senhora das Dores. A procissão percorrerá algumas ruas do Centro Histórico e as duas imagens serão levadas de volta para a Igreja da Ajuda.

Quinta (29) A Quinta-feira Santa é um momento de reflexão. Dois eventos serão realizados pela Arquidiocese nesse dia. Pela manhã, a Missa da Renovação das Promessas Sacerdotais e dos Santos Óleos. A celebração acontecerá no Santuário Nossa Senhora de Fátima, localizado no Colégio Antônio Vieira, no Garcia, às 8h30, e concelebrado pelos bispos auxiliares, por padres e diáconos da Arquidiocese.

Às 19h, o arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, presidirá a Missa da Ceia do Senhor, na Igreja São Pedro dos Clérigos, no Terreiro de Jesus.

Sexta (30) A Sexta-feira da Paixão representa o dia em que Jesus foi crucificado, depois de percorrer as ruas de Jerusalém, carregando uma cruz de madeira, pesada, e enquanto era flagelado.Nesse dia, dom Murilo presidirá a Liturgia da Paixão, a partir das 15h, na Igreja Nossa Senhora do Carmo, no Centro Histórico. As imagens do Senhor Morto e de Nossa Senhora das Dores serão carregadas pelos fiéis, durante uma procissão, relembrando os últimos passos de Jesus no caminho até o calvário.

Sábado (31) O Sábado de Aleluia é conhecido pela 'queima do Judas', o traidor de Cristo. Fiéis constroem bonecos para simbolizar o discípulo traidor e o incineram. Em alguns casos é feito até um testamento com os pertences do falecido, que serve para fazer troça com as pessoas. Brincadeiras à parte, o Sábado Santo é de Vigília Pascal e terá início às 19h, na Igreja São Pedro dos Clérigos, no Largo do Terreiro de Jesus, no Pelourinho.

Domingo de Páscoa (1º) O domingo de Páscoa representa a data em que Jesus Cristo ressuscitou e, por isso, é dia de festa entre os cristãos. Para celebrar a Ressurreição do Senhor, dom Murilo presidirá a missa, às 10h, na Igreja São Pedro dos Clérigos.