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Com 4,3 milhões, Bahia tem o quinto maior número de inadimplentes do país

Feirão da Serasa em Salvador deve ‘limpar’ nome de até 15 mil pessoas

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  • Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2022 às 06:30

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Se tem uma coisa que mexe com a honra de alguém é ficar com o nome sujo na praça. Principalmente quando os débitos sequer foram contraídos por você, como é o caso da diarista Evonice dos Santos, 57 anos, que tinha emprestado o cartão de crédito a seu filho e agora, cerca de dois anos depois, vai ter que arcar com o preço. “Eu peguei meu cartão, confiei em meu filho. Meu filho comprou, ostentou, gastou e, quando acaba, disse que não tinha dinheiro pra pagar”, conta ela. “Quando eu fui ver, foi a bomba me ligando, me dizendo que eu estava devendo quase R$ 10 mil”, lamenta-se. 

A diarista é só uma das 4,3 milhões de pessoas que moram na Bahia e estão inadimplentes, ou seja, têm contas em atraso. Dessas, 1,2 milhão estão concentradas apenas em Salvador. Os números fazem com que o estado ocupe o quinto lugar no ranking da inadimplência, liderado por São Paulo (16 mi) e que possui ainda o Rio de Janeiro (6,8 mi), Minas Gerais (6,4 mi) e Paraná (3,5 mi). Entre as capitais, a baiana integra o ‘Top 3’, atrás apenas de São Paulo (4,5 mi) e Rio de Janeiro (2,6 mi). 

Evonice aguardava a realização do Feirão Serasa Limpa Nome, que teve início terça-feira (8) e vai até o sábado (12). “Eu vim aqui pra pagar por ele [seu filho]. A única coisa que a gente tem de importante é nosso nome”, disse ela. Uma tenda montada pela Serasa na Praça Irmã Dulce, na região da Cidade Baixa, oferece renegociações com mais de 260 credores e até 99% de desconto. É necessário levar um documento com foto e, caso o atendimento seja para outra pessoa, deve ser apresentada uma procuração.

Segundo o gerente do Serasa Limpa Nome, Matheus Moura, o abatimento depende da política da empresa e do tempo em que o débito está em aberto. “O que a gente vê é que, nesse momento de feirão, as empresas estão com muita vontade de negociar. A gente fala que é a ‘Black Friday da Dívida’”, avalia Moura, que espera que entre 10 mil e 15 mil pessoas procurem o serviço presencial.

A tenda, com 20 guichês, funciona das 8h às 20h, e tanto quem mora como quem apenas está de passagem pela cidade pode regularizar seus débitos com bancos, telefonia, varejo, universidades e outros segmentos. Além disso, o feirão deste ano traz novidades como a possibilidade de pagamento via Pix, a baixa da negativação em até 24 horas e o Extrato Serasa, funcionalidade gratuita que informa se há pendências no CPF do usuário. 

Maiores vilões 

Matheus Moura aponta bancos e cartões de crédito como os maiores vilões da inadimplência, gerando 30,5% dos casos de inadimplência. “O cartão de crédito é um grande aliado, mas, se não tiver cuidado, ele pode gerar um endividamento”, explica o gerente do feirão. Em seguida, lista Moura, vêm as contas básicas (22,1%), como água, luz e telefonia, e o varejo (18,4%). 

O autônomo Ângelo Miguel, 24, que tinha acumulado pagamentos em atraso em mais de um banco, aproveitou a oportunidade para quitar, com o credor, os 400 reais que restavam. “Deu um aperto no começo do ano, e eu fiz um empréstimo nesse banco. Aí, eu me embolei. Agora, rolou esse feirão, e eu vim aqui pra resolver, com um desconto bom”, revelou, otimista.

Já Carmelita Carvalho, 65, se viu prejudicada por seu inquilino. Há um ano, a aposentada descobriu que o homem não estava pagando as contas de água e luz, ainda registradas no nome dela. “Estava constando [no sistema] que eu estava devendo, na época, R$ 4 mil e pouco”, contou Carmelita. “Ele fez o gato lá. [...] Vou pagar e vou pedir a casa pra ele. Agora, eu nunca mais vou fazer isso [manter a titularidade]”, desabafou. 

No caso da faxineira e catadora de material reciclável Luciene da Silva, 57, o problema foi causado por compras de alimentos para sua própria casa, feitas em duas redes de supermercado. “Aí, eu sujei meu nome. Quando ligaram pra mim, [o débito] tava em R$ 3 mil. O do outro eu não perguntei, não. Era pouco”, disse ela.

Nos canais digitais da Serasa, a ação segue até o dia 5 de dezembro. Os consumidores que buscam renegociar seus débitos no Feirão Serasa Limpa Nome podem acessar os canais oficiais da Serasa: 

- Site: serasalimpanome.com.br; 

- App Serasa: disponível para qualquer smartphone; 

- Ligação gratuita: 0800 591 1222; 

- WhatsApp: (11) 99575-2096. Feirão oferece renegociações com mais de 260 credores e até 99% de desconto (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Inadimplência em crescente 

De acordo com o Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas, da Serasa, em setembro, o Brasil chegou à marca de 68,3 milhões de pessoas com o nome negativado — o nono crescimento consecutivo. A soma de todos os débitos passou de R$ 295 bilhões. Desse total, a Bahia é responsável por R$ 14,5 bilhões, e o débito médio de cada baiano inadimplente está em R$ 3,3 mil, o equivalente a quase três salários-mínimos. 

A despeito do aumento da inadimplência — atraso de contas — nos últimos nove meses, o endividamento — compromisso com pagamentos futuros — é visto como uma questão "crônica’" no país pelo educador financeiro Antonio Carvalho, que acompanha os índices desde abril de 2010. “Desde aquela época, nunca foi menor do que 50% da População Economicamente Ativa (PEA), ou seja, metade dos brasileiros que possuem renda estavam endividados, e em torno de 30%, com algum nível de inadimplência”, analisa Carvalho. 

Também educador, Raimundo Sousa alerta para os compromissos assumidos ao fazer compras parceladas com cartões de crédito. “Os cartões impactam muito a dívida, porque têm uma das taxas de juros mais altas do mercado, o que, às vezes, torna a dívida impagável, principalmente quando a pessoa não consegue pagar o total da fatura”, afirma Sousa, que ainda acrescenta que não se deve comprometer mais de 30% da renda com pagamentos futuros. 

Bom negócio 

Para Antonio Carvalho, oportunidades como a do Feirão Serasa Limpa Nome são sempre positivas. “Primeiro, porque você ‘limpa’ o nome. Paralisar a dívida, para que a ela não sejam mais adicionados juros e multas, é outra vantagem”, orienta o educador financeiro. Mesmo assim, ele considera importante avaliar as condições na renegociação:

- Observar se o desconto anunciado, realmente, está sendo praticado; 

- Procurar saber o valor original do débito;

- Verificar se há possibilidade real de pagar o valor estabelecido.