Com 9 meses de salários atrasados, médicos do Vitória são desligados

Profissionais não foram informados do motivo das demissões

  • D
  • Da Redação

Publicado em 4 de março de 2021 às 15:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: EC Vitória/Divulgação

O Vitória desligou praticamente todo seu quadro médico nesta quinta-feira (4). Os profissionais estão com nove meses de salários atrasados e não foram informados do motivo da demissão.

"Não houve qualquer comunicado oficial por escrito da instituição. Não sei o que motivou", afirmou, ao CORREIO, um dos ex-funcionários do clube, que preferiu não se identificar. Segundo o médico, desde o início da gestão Paulo Carneiro, os salários não eram pagos em dia. 

De acordo com a apuração do CORREIO, o Vitória vai adotar um novo modelo no departamento médico, que terá apenas um profissional fixo. Para atuar nas partidas, serão contratados freelancers, que receberão remuneração por diária.

Por meio da assessoria de comunicação, o clube rubro-negro informou que não se posicionará sobre o tema. Porém, em áudio enviado via Whatsapp, o presidente do clube rubro-negro explica que a decisão foi tomada por motivo financeiro e confirma o novo formato no DM."Nossa luta para reduzir custos no clube é diária. E nem sempre a gente agrada a todos os interesses. Hoje, depois de fazer consultas e estudar, nós tomamos uma decisão mais forte. Nós estamos substituindo os médicos que davam plantão, a quem agradeço os serviços prestados. São profissionais de alta qualidade. E eu vou ter um médico apenas, no turno de 8h às 12h. Ou seja, vou substituir cinco médicos por um. Vamos manter dois médicos, um para o sábado e outro para as viagens", disse Paulo Carneiro.De acordo com o presidente do Vitória, o Dr. Ivan Carilo retornará ao clube e será o profissional residente.

"Ivan foi o chefe do departamento médico durante 13 ou 14 anos no Vitória e, agora, vai dar mais uma colaboração, sendo o médico contratado para tomar conta de todo o DM do clube, seja base ou profissional. A redução de custos é de 50%. E vamos continuar tomando todas as medidas que forem necessárias para que o Vitória encontre seu equilíbrio financeiro, já que vivemos uma grave crise de receitas e temos que reduzir despesas", falou o gestor.

No áudio, Paulo Carneiro também comentou sobre as dívidas com os profissionais desligados.

"Temos, realmente, atrasos com esses médicos que saíram. Mas eu não podia deixar de tomar a decisão porque estamos atrasados. Esses atrasos são de 2019, quando nós convidamos eles na minha sala, estava chegando, e disse a eles que em 2019 a gente não tinha condição de pagá-los. Agora, não. O ano de 2020 praticamente já está pago, acho que falta o mês de dezembro, que pretendo fazer ainda essa semana", comentou.

Em 2019, os médicos do Vitória tiveram redução salarial e passaram a receber vencimentos na modalidade de pessoa jurídica. No áudio, Paulo Carneiro fala que o objetivo era reduzir custos, mas que não funcionou."A folha do departamento médico do Vitória, quando chegamos aqui, era acima de R$ 150 mil. A primeira medida que tomamos foi reduzir a carga horária dos médicos e transformá-los em pessoa jurídica - e não mais em pessoa física. Para reduzir os encargos sociais sobre seus rendimentos. E reduzir a carga de trabalho deles, porque eles não precisavam ficar aqui pela tarde, já que não tinha atividades. O médico, no clube, é para dar diagnóstico e atenção aos treinamentos. Reduzi a folha a praticamente metade, mas continuava alta".Em novembro do ano passado, após 10 meses sem os vencimentos, decidiram que não viajariam mais com a delegação rubro-negra para jogos fora de casa.

Alguns dias depois, uma reunião do Conselho Deliberativo do Vitória aprovou um adiantamento de R$ 3 milhões, que seria utilizado para pagara salários atrasados a atletas, funcionários e prestadores de serviço, bem como engargos trabalhistas. Esse dinheiro era proveniente de um bônus no valor total de R$ 30 milhões que o Leão tinha direito por assinar um contrato de transmissão de jogos em 2014. 

Os seguintes profissionais integravam o departamento médico do Vitória: José Olímpio Azevedo, Wilson Vasconcelos, Rodrigo Vasco da Gama, Luís Filipe Fernandes,  Marcelo Cortês e Marcelo Midlej Reis. Desses, o único que deve permanecer no clube é Rodrigo.