Com abraço simbólico, grupo cobra medidas de preservação para restinga de Stella Maris

Ecologistas e moradores realizaram ato na manhã de sábado, pedindo controle do esgotamento e preservação da vegetação

  • Foto do(a) author(a) Carmen Vasconcelos
  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 24 de abril de 2021 às 17:21

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Alexandre Piza
. por Divulgação/Alexandre Piza

Descrita como uma planície arenosa, de origem marinha, que contempla praia, cordões arenosos, depressões entre-cordões, dunas e margem de lagunas, a restinga da área de Stella Maris foi o palco de um manifesto pacífico que moradores e ambientalistas fizeram na manhã desse sábado,24. 

Os manifestantes, integrantes dos grupos Guardiões do Litoral, Salve Stella Maris, SOS Stella Maris e Ações Stella-Flamengo, fizeram questão de sensibilizar a população para os perigos que a retirada dessa vegetação traz para a praia, que fica sem contenção e retenção da areia. Além do perigo para fauna, que fica sem o abrigo da vegetação nativa. Na oportunidade, os manifestantes também cobraram dos poderes públicos o remanejamento dos esgotos clandestinos, que são despejados na praia e a discussão das obras de requalificação realizadas no local.

Para o voluntário e educador físico Lander Salgado, se as obras realizadas comprometerem a restinga, a área ficará sem a certificação e o selo azul, que prevê um turismo sustentável e ambientalmente responsável. “Essa certificação é importantíssima para o local e para os moradores dessa região, que é uma das poucas praias do litoral soteropolitano que ainda não sofreu com a urbanização excessiva”, disse. 

Apelo

O turismólogo Moisés Pinheiro fez questão de ressaltar que alguns contatos já foram realizados com os órgãos públicos, mas até agora nada foi efetivamente realizado e que as obras continuaram nos mesmos moldes. “Soubemos que a Embasa poderia fornecer um estudo sobre o esgotamento dessa área, mas não houve, até o momento, um posicionamento concreto sobre o que poderia ser feito para evitar que a possível solução da requalificação se transforme num problema ainda maior para o meio ambiente”, reforçou.

A oceanógrafa Iasmin Gargur enfatizou que não se tratava de uma manifestação contra obras de requalificação, mas a favor do meio ambiente e de todos os seres vivos que dependem daquele sistema equilibrado e vivo. “Toda essa vegetação funciona como uma franja que protege contra a erosão marinha e garante a preservação do local, como também do Parque das Dunas. Estamos pedindo que isso seja protegido mantido e recuperado”, disse.

Presente à manifestação, a bióloga Débora Bluhu chamou atenção que além da preservação da fauna e flora locais, qualquer projeto que seja realizado na área precisa adotar medidas protetivas para que não haja impermeabilização do solo, que recebe as águas das chuvas e alimentam as lagoas, e que garantam a acessibilidade.  “O resgate dos animais também precisam ser realizados com cuidados especiais. O que temos visto aqui é chocante e se não fossem os voluntários das diversas ongs que atuam aqui e a participação dos moradores, teríamos perdido inúmeros indivíduos por descuido”, completou. 

Após o abraço simbólico realizado na área, os manifestantes fixaram os cartazes na sede da obra como um apelo para que as obras não destruam os sistemas ecológicos presentes na região. De acordo com os manifestantes, uma empresa de consultoria ambiental trabalha no projeto, contratada pelo empreendimento, após manifestações do grupo na primeira fase da obra. [[galeria]]