Com 'ebó coletivo', ativistas protestam contra vereadora em frente à Câmara

Marcelle Moraes classificou protesto como "palhaçada"

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  • Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2019 às 21:10

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Almiro Lopes/CORREIO

A Frente Nacional Makota Valdina realizou um ato contra o racismo religioso em frente à Câmara Municipal no final da tarde desta segunda-feira (15).  Batizado de "ebó coletivo", o protesto é por conta do pedido da vereadora Marcelle Moraes (Sem Partido). para incorporar ao minuto de silêncio em respeito à morte de Makota Valdina  uma homenagem a uma "rinoceronta" falecida no zoológico de Salvador.

A educadora e ativista Lindinalva de Paula disse ao CORREIO que o ato é uma das ações contra a intolerância religiosa e o racismo que a frente tem planejado. "O ebó coletivo é para dizer que estamos atentos ao racismo, ao ódio. Que um representante daquela casa tem que ter ética, não se pode comparar uma vida humana à do animal, sabendo que as duas são importantes", diz. "É falta de de respeito (o aparte da vereadora), é racismo religioso atacar uma religião que tem uma predominância de um continente africano, de pessoas negras, numa homenagem que se fazia para uma mulher que contribuiu tanto para a educação do povo negro".

Marcelle, que se classifica como "voz dos animais na Câmara", postou em suas redes sociais um vídeo em que chama o ato de "palhaçada". Ela escreveu um texto em que afirma que os manifestantes são patéticos e que "com certeza" agiam a mando de um partido político.

"Mais uma vez um grupo de seguidores de matrizes africanas foram a Câmara Municipal de Salvador para "protestar" contra a nossa luta em prol dos animais, o que considero uma tremenda PALHAÇADA. E tenho certeza que foram convocados pelo PT, pessoas que querem aparecer em cima de uma causa séria que é a proteção animal. Isso é patético! Mas jamais irei retroceder um milímetro da minha luta!!! A Câmara Municipal é lugar de TRABALHO, é o futuro da nossa cidade. Respeitem aquela Casa, respeitem os animais e respeitem as opiniões contrárias. Meu trabalho é sério e lugar de palhaçada é no circo!", escreveu a vereadora.

Lindinalva rebate a acusação de que a ação tenha teor partidário. "Todos que estavam ali trabalham, são trabalhadores, profissionais. Querer associar o movimento a partido... Não foi chamado por partido, é suprapartidário. É um movimento político-religioso", diz. A ativista não descarta possibilidade de novos protestos. "Queremos uma retratação. Ela não fez retratação, quando ela diz que pede desculpas, não perde desculpas... Ela é tão confusa das ideias que ela falou em 'rinoceronta', sendo que nem tem esse animal no nosso zoológico. Ela desconhece até os animais".

A frente foi criada para acompanhar casos de racismo religioso envolvendo pessoas de matriz africana."Na última segunda, um babalorixá, Junior, de Paripe, sofreu agressões verbais de neopetencostais. Ele já fez denúncia no Ministério Público. Vamos também acompanhar o caso da iyá que está sendo acionada pro casa da árvore de um terreiro que caiu provocando a morte de uma pessoa. A frente vai além do desagravo da vereadora".

A confusão com Marcelle começou no dia 19 de março. O vereador Marcos Mendes (PSOL) foi quem pediu um minuto de silêncio pela morte da educadora e líder religiosa Makota Valdina. A interrupção de Marcelle para incluir um animal foi considerada desrespeitosa e foi alvo de protestos.