Com falta de recursos, UFRJ diz que pode fechar em julho

Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro diz que desde 2012, redução do orçamento da universidade foi de mais de R$ 470 milhões

Publicado em 10 de maio de 2021 às 23:24

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/UFRJ

Na última semana, a reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) enviou um artigo ao jornal O Globo onde analisa o atual cenário de dificuldade financeira da instituição. De acordo com a Reitoria da Universidade, o cenário é consequência dos seguidos cortes orçamentários feitos pelo Governo Federal. O documento foi escrito pela reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, e pelo vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha.   Diante disso, a Universidade diz que corre o risco de fechar as portas até julho deste ano por incapacidade de realizar o pagamento das despesas que a mantém. Segundo a Reitoria, no último dia 29 de abril, o governo bloqueou R$ 41,1 milhões do orçamento destinado a UFRJ.  A instituição é a maior universidade federal do Brasil e a primeira instituição oficial de ensino superior do País.

O corte de verbas na UFRJ, assim como em outras instituições federais, tem sido recorrente nos últimos anos, o que tem dificultado a manutenção física das universidades e o desenvolvimento da pesquisa científica. Na UFRJ, desde 2012 a redução orçamentária do governo fez com que a Universidade perdesse R$ 474 milhões do orçamento em caixa. As informações são do Brasil Escola.   Veja os números do orçamento discricionário da UFRJ nos últimos anos:   2012 – R$ 773 milhões 2013 – R$ 735 milhões 2014 – R$ 611 milhões 2015 – R$ 606 milhões 2016 – R$ 541 milhões 2017 – R$ 487 milhões 2018 – R$ 430 milhões 2019 – R$ 389 milhões 2020 – R$ 306 milhões 2021 – R$ 299 milhões   No entanto, os R$ 299 milhões destinados para 2021 não estão garantidos à UFRJ. A reitoria informou que somente R$ 146,9 milhões foram liberados e, do valor, R$ 65,2 milhões já foram utilizados, restando apenas R$ 81,7 milhões para a instituição. Os outros R$ 152,2 milhões ainda aguardam aprovação do Congresso Nacional, que não tem data para apreciação.   Como houve o bloqueio de R$ 41,1 milhões, se a suplementação orçamentária for aprovada, a UERJ só receberá R$ 111,1 milhões, fechando um orçamento de R$ 258 milhões, um valor inferior ao recebido em 2008, quando a instituição tinha 20 mil alunos a menos do que tem atualmente.   “É uma situação muito temerária para o nosso funcionamento. Nós temos poucos meses de fôlego, cerca de dois ou três, com base no orçamento livre. E mesmo com o orçamento condicionado vindo a ser aprovado, diante desse bloqueio a gente tem orçamento, no máximo, até o mês de agosto ou setembro. É uma situação muito crítica”, disse o pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças da UFRJ, Eduardo Raupp.   A reitora Denise Pires de Carvalho afirma que no atual cenário de pandemia esperava que houvesse aumento das verbas fornecidas às instituições federais e não o corte, já que os centros de pesquisas das universidades têm sido fundamental para o enfrentamento da pandemia, por meio dos hospitais e laboratórios universitários.   Na UFRJ duas vacinas contra a Covid-19 estão sendo desenvolvidas e estão em fases de testes pré-clínicos, que podem ser comprometidos com o corte de verbas.