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Mario Bitencourt
Publicado em 14 de março de 2020 às 08:00
- Atualizado há 2 anos
Há seis meses morando em Porto, em Portugal, onde o novo coronavírus avança, com 112 casos confirmados e 1.308 casos suspeitos, a estudante Janaína Cajado, 19 anos, deve embarcar neste sábado (14) para o Brasil, rumo a Feira de Santana, sua cidade natal e que já tem quatro casos confirmados do vírus.>
A preocupação dela, segundo disse ao CORREIO nesta sexta-feira (13), é ficar doente num país onde não tem família por perto. “Além disso, não tenho a cidadania portuguesa, não sei como serei tratada caso tenha algum problema, então meus pais acharam melhor eu voltar até a situação ficar controlada”, declarou.>
Janaína estuda Línguas e Relações Internacionais da Universidade do Porto, onde, segundo ela, houve um caso confirmado de uma aluna do curso de Farmácia que pegou o vírus da própria mãe. As aulas na universidade estão suspensas por tempo indeterminado desde segunda-feira (9).>
“Tivemos contato com os estudantes do curso de Farmácia, então estamos em quarentena. Por enquanto, não estou sentindo sintomas da doença”, afirmou Janaína.>
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Por conta do avanço da COVID-19 nos últimos dias, a rotina da estudante, que mora numa residência universitária junto com outros cerca de 200 alunos (todos ficam em quartos separados), mudou bastante. “A dona da residência está meio desesperada com essa situação, aqui fica tudo aberto pra dar ventilação”, contou.>
Na residência onde mora, vários estudantes já foram embora para suas casas, em outros países. Nos mercados, ela disse, já falta água mineral e alguns alimentos, além de produtos de higiene, como álcool em gel. Ainda não há proibição de sair nas ruas, como ocorre na Itália.>
“Chegaram a colocar álcool gel na universidade disponível para a gente e criaram uma sala para atendimento, como se fosse de isolamento de casos suspeitos, mas ninguém ia lá. Nos ônibus, falaram pra gente ficar 1 metro de distância do motorista, mas não tem como fazer isso com os demais passageiros, é complicado”, disse.>
A estudante disse que não se importa de ficar em quarentena quando chegar ao Brasil.“O que não quero é ficar aqui, pois está ficando feia a situação a cada dia e eu sozinha, sem minha família. É melhor ficar doente num local onde tem quem possa cuidar de nós, e aqui não tenho ninguém”.>