Com paralisação de seguranças, faculdades da Ufba cancelam aulas noturnas

Suspensão das atividades acaba às 7h desta sexta-feira (23)

Publicado em 22 de agosto de 2019 às 15:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Tailane Muniz/CORREIO

A paralisação dos seguranças da Universidade Federal da Bahia (Ufba) vai durar 24h e acabará às 7h desta sexta-feira (23), informou o presidente do Sindicato dos Vigilantes (Sindvigilantes), José Boaventura. Ainda de acordo com o sindicalista, logo após a retomada das atividades, os seguranças vão se reunir em assembleia às 8h, no portaria principal de Ondina.

A instituição tem uma dívida de R$ 15 milhões com a MAP, empresa que detém o contrato de terceirização dos 380 vigilantes que trabalham para a Universidade.

Na assembleia de amanhã, os vigilantes vão avaliar os resultados da paralisação e os próximos passos na movimentação. O diretor do Sindvigilantes afirmou que, na reunião desta quinta, foram repassadas as informações sobre as negociações com a universidade e foi definido que deve haver uma decisão sobre o processo de suspensão do contrato com a Ufba até o dia 29 deste mês.

A suspensão das atividades começou na manhã desta quinta (22) após reunião no campi de Ondina. Com a interrupção, as aulas vão acabar mais cedo em, pelo menos, cinco institutos da Federal da Bahia. 

No Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC/Ufba), as atividades acadêmicas e administrativas vão ser suspensas às 17h e retomadas na próxima manhã.  As aulas da Escola Politécnica vão parar às 18h30. No Instituto de Química, os estudantes e servidores deverão deixar as salas às 17h30. Já em Biologia, as aulas acabam às 17h45. Na Faculdade de Direito informou apenas que as aulas vão ser suspensas durante a noite, mas que a colação de grau da turma de 2019.1/noturno está mantida para às 19h, no Espaço Cultural Raul Chaves.

Em nota, a Ufba informou que solicitou os 30% da equipe de segurança, conforme prevê a legislação pertinente, e que alertou a Polícia Militar pedindo reforço no entorno dos campi (veja nota abaixo).

A PM, por sua vez, informou que segue realizando o policiamento nos campi, atuando inclusive com a chamada ronda universitária. "O policiamento no entorno dos Campi da UFBA é feito com viaturas (motos e carros) diuturnamente e as bases móveis de seguranças que ficam posicionadas em locais estratégicos. O policiamento conta ainda com a Ronda Universitária que é uma operação extraordinária que reforça as ações ostensivas no entorno das faculdades da capital baiana e oferece mais segurança à comunidade acadêmica. São 50 policiais militares por dia, 24 motocicletas, duas viaturas e uma base móvel para intensificar o policiamento que já é feito pelas Companhias Independentes", esclarece a PM em nota. 

Sem aulas Na noite da última terça-feira (20), os vigilantes abandonaram os postos de trabalho. O presidente do Sindivigilantes, José Boaventura Santos, afirmou que a orientação para a paralisação partiu da própria empresa. O sócio administrador da MAP negou a afirmação do sindicalista. “Os vigilantes fizeram uma paralisação. Eles param por iniciativa própria. O sindicato colocou no jornal que eu tinha dado entrada no rito processual para suspensão das atividades e eles entraram em pânico”, afirmou Sisnando. 

Na quarta-feira (21), a categoria trabalhou normalmente e as aulas ocorreram normalmente. Em nota, a Ufba também reforçou que "o trabalho de vigilância prossegue normalmente, no dia de hoje, sem qualquer interrupção, e as aulas, em todos os turnos, serão ministradas".

Com os problemas do pagamento, a MAP deu entrada no rito processual para suspensão das atividades na última sexta-feira (16). Agora, deve haver conversas com as partes para uma definição sobre a possível suspensão. "O sindicato recebeu comunicado da empresa MAP Serviços de Segurança Eireli acerca da sua decisão de suspender o contrato de trabalho dos vigilantes que atuam na Ufba por falta de pagamento de faturas de serviço prestados", informou o sindicato em nota."A empresa tem direito de suspender o contrato com 90 dias de atraso. A MAP entrou com uma correspondência para o sindicato laboral, patronal e para a Ufba. Caso o contrato seja suspenso, os vigilantes podem ficar até 180 dias em casa, sem trabalhar e sem receber", explicou Sisnando.Na tarde desta quarta-feira (21), os representantes do sindicato dos vigilantes foram recebidos pelo vice-reitor Paulo Miguez para discutir os salários atrasados.

Confira a nota da Ufba na íntegra:"A Universidade Federal da Bahia (Ufba) reconhece o direito a manifestação dos profissionais da vigilância e mantém diálogo com a MAP – na busca de alternativas para reduzir as pendências financeiras com a empresa – e também com o sindicato da categoria. A administração da Ufba, visando a segurança da sua comunidade, solicitou que, durante a paralisação de 24 horas, decidida em assembleia geral realizada na manhã de hoje, seja mantido os 30% da equipe, conforme prevê a legislação pertinente. A Polícia Militar foi alertada e já está reforçando a ronda no entorno dos campi.

A grave situação orçamentária atravessada pela universidade, produto da defasagem da dotação acumulada nos últimos cinco anos, do contingenciamento de recursos e do bloqueio de 30% de seu orçamento pelo Ministério da Educação, afeta diretamente a vida dos membros de sua comunidade, entre eles os trabalhadores terceirizados. Esse quadro, como é amplamente sabido, vem impedindo a instituição de manter em dia pagamentos a seus fornecedores, situação que a Reitoria tem buscado solucionar através de sucessivas tentativas de diálogo com o Ministério. Manter a universidade em funcionamento é prioridade da administração central da Ufba".

*Com orientação da Chefe de Reportagem Perla Ribeiro