Assine

Com Parangolé, Muquiranas tornam o Campo Grande um cabaré


 

Foliões dizem que se vestir de mulher ajuda a extravasar

  • Vitor Villar

Publicado em 02/03/2019 às 20:41:06
Atualizado em 19/04/2023 às 12:43:06
. Crédito: Marina Silva / CORREIO

A ideia do bloco Muquiranas para o Carnaval deste ano era fazer a avenida pegar foco num autêntico cabaré. O bloco, 100% masculino, escolheu fantasias de, digamos, 'meretrizes' para os foliões: penas por todo o corpo, paetês e rendas coloridas.

Neste sábado (2), o bloco no Circuito Osmar (Campo Grande) foi puxado pelo Parangolé, do cantor Tony Salles. O trio saiu no início da tarde da concentração. O bloco volta na segunda-feira (4), no mesmo local, com Psirico no comando.

ACOMPANHE TODAS AS NOTÍCIAS DO CARNAVAL CORREIO FOLIA 2019

A ideia do cabaré colou. Vestidos, digamos, de ‘meretrizes’, os Muquiranas usaram o bloco para extravasar. “A gente trabalha todo dia e passa o ano estressado. Aí quando bota essa roupa se solta, extravasa, e depois passa o ano mais leve”, resume o motoboy Marcos Vieira, 42 anos.

A irreverência sem confusão, segundo os foliões, é uma marca do bloco: “Carnaval só tem uma vez por ano e você tem que fazer algo que não fez todo dia. Se vestir de mulher é uma delas. Botar uma saia não quer dizer desrespeito, nada. É só para se soltar. Muquiranas é o melhor bloco por isso. Dá para você fazer essa brincadeira sem confusão”, disse o vendedor Jonathan Silva, 26.

Segundo os mais assíduos do bloco, se vestir de mulher não é preconceito. “É uma maneira que o homem tem de quebrar o paradigma do machismo, de ir pra rua vestido de mulher e se divertir”, disse Júlio César Reis, 38, auxiliar administrativo. “O Muquiranas todo ano homenageia uma mulher. As do cabaré são as que fazem muitos homens felizes e nós temos que respeitar elas”, disse o Soldado Pimentel, policial militar.

O administrador Roberto dos Santos, 48, resumiu: “A ideia de se vestir de mulher é a seguinte: quando você veste uma máscara, a tendência é se soltar. Quem sai no Muquiranas é porque gosta de brincar. Se fica na corda, é porque conhece o espírito do bloco, que é de molhar os outros, de passar a mão, de dançar”.