Com previsão de 30% a mais de chuva, Salvador terá operação especial até julho

Pacote de medidas preventivas foi lançado nesta segunda-feira (16)

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  • Eduardo Dias

Publicado em 16 de março de 2020 às 16:21

- Atualizado há um ano

. Crédito: Max Haack/Secom

Para receber o período mais intenso de chuvas, que vai de março e junho, Salvador preparou um plano de ações que visa, além da prevenção contra deslizamentos e alagamentos, a implantação de oito novas sirenes do Sistema de Alerta e Alarme.

Lançada nesta segunda-feira (16), a Operação Chuva 2020 foi pensada levando em conta a previsão de que a capital baiana terá um aumento de 30% na média histórica de acúmulo de chuvas para o período, que era de 812,1 milímetros, segundo a Defesa Civil do Salvador (Codesal).

O planejamento deste ano conta com investimento de R$ 55 milhões e envolverá diversos órgãos municipais e entidades parceiras, dentro do Sistema Municipal de Defesa Civil (SMDC), como as secretarias municipais de Manutenção (Seman); de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre), de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), além da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), Codesal, Desenvolvimento Urbano (Desal), Guarda Civil Municipal e Prefeituras-bairro.

Na solenidade de lançamento do plano de ações, o prefeito ACM Neto disse que, para que sejam feitas as instalações das novas sirenes em áreas de risco, será aberta uma licitação. Essa e outras medidas preventivas e emergenciais foram anunciadas pelo gestor e pelo diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macedo

Atualmente, Salvador tem 11 sirenes em dez áreas de risco em funcionamento. Com o edital de licitação, a prefeitura pretende a aquisição de mais oito, com investimento previsto em R$ 840 mil. Salvador conta ainda com duas estações meteorológicas, instaladas no Parque da Cidade e Monte Serrat, e será lançada licitação para aquisição de mais seis estações hidrológicas.

Neto disse ainda que, apesar da prefeituratern dedicado bastante tempo para estudar medidas para evitar mais infestações do novo coronavírus, não pode descuidar das demais questões da cidade. 

“Nós temos que nos preocupar com muitas coisas ao mesmo tempo. E a preocupação com o coronavírus não pode nos separar da preocupação fundamental com as chuvas. Nós sabemos que no mês de abril, em geral, as chuvas se intensificam em Salvador. E essa intensidade se estende até o mês de julho. Por isso, estamos assinando o decreto de instituição da Operação Chuva", disse.

O prefeito acrescentou ainda que a gestão municipal já vai começar a trabalhar com todas as equipes envolvidas na Operação Chuva. "Estamos anunciando um conjunto de investimentos. E, mais do que isso, estamos fazendo um apelo aos cidadãos para se juntar a prefeitura e proteger as pessoas”, afirmou o prefeito.

Ainda segundo Neto prefeitura já possui um estudo das áreas de maior risco e que precisam de mais atenção. “Nós já sabemos quais as áreas de maior risco, mas o comprometimento deve ser de todos, que vai de não jogar lixo num canal e encosta até uma atitude mais necessária e urgente. Por exemplo, caso haja o acionamento das sirenes, as pessoas devem sair de casa imediatamente. Seguir o protocolo que a prefeitura já validou com a comunidade é fundamental. A gente começa, a partir de agora, a dobrar a nossa atenção e nosso esforço com relação às chuvas, que trazem muitos riscos”, completou. Prefeito apresenta detalhes da Operação Chuva (Foto: Max Haack/Secom) Etapas A primeira etapa da operação é preparatória, onde ocorrerão as ações de limpeza de canais e córregos (macrodrenagem); manutenção preventiva da rede de microdrenagem, limpeza de bueiros do sistema de águas pluviais; vistoria e poda ou erradicação de árvores sob risco de tombamento; além da remoção de materiais de construção e resíduos de obras que estejam armazenados em vias públicas.

Além disso, serão realizadas limpezas de encostas e remoção de lixo acumulado; drenagem superficial de águas lançadas nas encostas; manutenção e recuperação de escadarias; manutenção da pavimentação asfáltica (tapa-buracos); monitoramento de pontos críticos de alagamentos e plantio de árvores em áreas do município.

Em seguida, será iniciada a etapa de alerta, que envolve a população. Neste processo, moradores em situações de alto risco serão retirados dos imóveis de forma preventiva, com a concessão de auxílio moradia nos casos cabíveis. Além disso, haverá demolição imediata de imóveis condenados pela Codesal; ações de socorro e assistência à população; avaliação de danos; desmontagem de estruturas danificadas; remoção de escombros e limpeza de ambientes; e incremento das vistorias técnicas de imóveis e áreas de risco, com notificação aos moradores.

Mudança climática Durante a solenidade, o diretor da Codesal avaliou que as mudanças climáticas nos últimos anos têm surtido efeitos na capital baiana, a ponto de chover granizo pela primeira vez na cidade, no mês de janeiro. Acrescentou ainda que o órgão realiza conversas e tratativas com as comunidades afetadas visando afastar o risco de desastres. (Foto: Max Haack/Secom) “As mudanças climáticas vêm se apresentando, muito por conta do uso inadequado dos recursos naturais. E, para isso, a Defesa Civil tem que estar sempre se preparando, trabalhando junto com todos os órgãos do Sistema Municipal de Proteção, para que os problemas sejam minimizados. Durante todo ano a gente mantém essas conversas para afastar o risco das localidades. Com todas essas novas aquisições previstas, a Defesa Civil de Salvador se mostra a mais bem estruturada de todo o Brasil, com mais insumos tecnológicos e de pessoal”, opinou.

Segundo dados da Codesal, em 2019 a Operação Chuva realizou 7.748 vistorias, beneficiando 3.506 famílias cadastradas. Além disso foram 196.636 m² de lonas distribuídas, beneficiando 1.649 famílias.

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier