Com procissão de volta depois de reforma, Mercado São Miguel celebra primeira lavagem

Evento também marcou reinauguração do altar de São Miguel do Arcanjo e Santa Bárbara, santos do mercado

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  • Wendel de Novais

Publicado em 29 de setembro de 2021 às 20:33

- Atualizado há um ano

. Crédito: Paula Fróes/CORREIO
Procissão voltou a acontecer na Baixa dos Sapateiros por Paula Fróes/CORREIO

Com procissão, roda de samba, capoeira, caruru e alegria. Foi assim, nesta quarta-feira (29), que aconteceu a primeira lavagem do Mercado São Miguel, localizado na Baixa dos Sapateiros e reinaugurado em novembro do ano passado depois de passar por uma reforma realizada após um incêndio no local. Teve também a reinauguração do altar de São Miguel do Arcanjo e Santa Bárbara, santos do mercado, que foram retirados antes da reforma e tiveram a capelinha reconstruída após pedido dos antigos permissionários à vice-prefeita, Ana Paula Matos, que esteve no evento.

Até então, por lá, todo dia 29 de setembro era marcado apenas pela procissão do andor do Arcanjo São Miguel, um dos símbolos da Baixa dos Sapateiros e da Barroquinha que passa por todo Centro Histórico. Ela vai continuar acontecendo, mas não vai estar só. É que este dia passa a ser também o momento da lavagem do mercado.

Uma ideia que, para Deco de Omolú, 82 anos, permissionário mais antigo do mercado, não soa mal. Proprietário de um bar que funciona no equipamento, ele se disse satisfeito com a nova festividade. "O Mercado São Miguel está na história do Centro. É um lugar que guarda tantas lembranças e continua dando espaço para cultura com música, capoeira, dança e tudo mais. Fico cheio de alegria em ver ele sendo valorizado e ganhando ainda mais um evento cultural que vai chamar as pessoas pra cá porque todo mundo precisa conhecer", diz Deco, que reclama, no entanto, da baixa procura, já que o mercado foi reinaugurado durante a pandemia.  Deco de Omolú é o permissionário mais antigo do mercado (Foto: Wendel de Novais/CORREIO) Convite ao mercado É até por isso que os comerciantes do São Miguel enxergam no festejo uma oportunidade de dar continuidade às tradições, inaugurar outras e dar visibilidade ao equipamento para que mais pessoas se interessem em visitar. "Estamos fazendo a lavagem que é uma festividade que celebra São Miguel e, com isso, queremos também colocar o mercado no mapa, atrair soteropolitanos e turistas e tentar, depois de um período complicado durante a pandemia que estamos atravessando, voltar a ocupar de maneira mais concreta esse espaço que é tradicional para o Centro Histórico", declara Sidna Marla dos Santos, presidente da Associação do Mercado São Miguel.

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Uma estratégia que, para o administrador e frequentador assíduo do local Nerinho Sampaio, 63, deve funcionar graças ao conforto do ambiente. Nerinho andava pelo mercado desde antes da reforma e elogia as diferenças. "Desde 2005, vivo aqui. Mudou da água pro vinho. Virou um espaço confortável, bonito e que abriga todo mundo de uma forma mais bacana. O que não se alterou foi a cultura. Ainda tem música, dança, capoeira e tudo que se tem direito. É um lugar de resistência cultural e que agora todo arrumado tem mesmo de virar ponto turístico", afirma Nerinho.

A estrutura do São Miguel encanta tanto quem já conhecia como quem nunca esteve por lá. Caso da aposentada Joana Coutinho, 70, que ouviu o barulho das pessoas na porta, resolveu entrar para ver o que era e se apaixonou.  "Achei muito lindo, a gente viu a agitação ali fora e entramos aqui pra ver como é. Sabia que tinha sido inaugurado, mas não que tava tão bonito. Achei bom porque é um lugar cultural antigo e que merecia essa atenção. Só não tinha dado na cabeça de passar por aqui. Agora, depois de ver como tá, quero é voltar mais vezes", confessa Joana.

Apoio público Marcus Passos, titular da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), falou sobre a intervenção. "É um mercado importante pra cultura e pro turismo da cidade. Vislumbramos isso aqui como grande ponto turístico que já existe. E esses eventos culturais são importantíssimos pra isso, olha quantas pessoas têm aqui hoje. O verão tá chegando e, com a retomada da economia, queremos ver ele evoluindo cada vez mais", explica Passos.

O Mercado São Miguel foi inaugurado em 1965 e é um símbolo do comércio da Baixa dos Sapateiros. O que sempre chamou a atenção para o local foi a diversidade dos produtos comercializados que vão de gastronomia e produtos culinários tradicionais da Bahia até ouro para fazer joias e artesanatos. A capoeira, que resiste no local, teve sua origem no meio do mercado e virou entretenimento para clientes e visitantes. Em 2017, um incêndio tomou o mercado, o deixando sem condições de funcionamento. Em março de 2019, a Prefeitura começou o processo de reconstrução que fez o Mercado São Miguel ser totalmente revitalizado.

O que tem no São Miguel?

Bares e restaurantes que servem, entre outras coisas, feijoada, sarapatel, pirão e outras delícias culinárias de terça a sábado;

Boxes de produtos típicos da culinária baiana como o dendê e a farinha;

Passarela do artesanato com diversos produtos feitos a mão para decoração da casa;

Boxes de roupas, técnica de computação e até lotérica da Caixa Econômica;

Rei do Pirão, Bistrô Nove, Restaurante Deco de Omulú, Bar da Loira e Feijoada da Juh são alguns dos restaurantes do local.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro