Com professores de volta, aulas são retomadas na rede municipal nesta segunda

Unidades têm baixa frequência dos alunos; veja os protocolos sanitários

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  • Marcela Vilar

Publicado em 23 de agosto de 2021 às 05:01

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Valter Pontes/Secom

Após completarem o esquema de imunização contra a covid-19, os professores da rede municipal de ensino de Salvador retornam às salas de aula, nesta segunda-feira (23). Segundo a Secretaria Municipal de Educação (Smed), 100% dos 12.272 profissionais de educação da capital baiana estarão presentes nas escolas, uma vez que tomaram as duas doses da vacina.  

Esse requisito foi o principal ponto no acordo feito entre o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) e a prefeitura, no início de agosto. “Fizemos acordo com o prefeito, Bruno Reis, que garantiu que todo mundo ia estar vacinado e vacinou. Quem não estiver, não vai voltar, foi o acordo”, reforça o presidente da APLB Sindicato, Rui Oliveira. Ele diz que não tem conhecimento de professores que não estejam 100% imunizados.  

O protocolo sanitário é o mesmo desde o primeiro dia da reabertura, no dia 3 de maio. Metade das turmas irão presencialmente às segundas, quartas e sextas e, na outra semana, na terça e quinta. O espaçamento de 1,5 m entre os estudantes tem que ser respeitado, a máscara é obrigatória e atividades coletivas devem ser evitadas, por enquanto.  

A expectativa é receber pouco menos da metade dos 150 mil alunos da rede, ou seja, quase 75 mil pessoas. Segundo a Smed, todas as 431 escolas passaram por sanitização para o retorno desta segunda (23) e nenhum caso de covid-19 foi detectado entre os profissionais da rede. As aulas remotas retornaram no dia 18 de fevereiro de 2021. De 6 a 20 de agosto, foi realizada a jornada pedagígica com os professores. 

Existe ainda uma pesquisa do sindicato em curso, para entender a situação da infraestrutura das escolas. “Fizemos um formulário, que está sendo compilado. Diversas escolas tiveram problema, de contaminação por covid e várias com problemas na estrutura, de não ter banheiro, a sala ser pequena e janela que não abre”, declara Rui Oliveira, sem mencionar quais locais estariam nestas condições.  

Aulas uma vez por semana  No Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) São Gonçalo, na Federação, para respeitar o espaçamento entre as mesas, as aulas para cada criança serão somente uma vez por semana. Por esse motivo, a dona de casa Gardene Balbino prefere deixar o filho, João Pedro, em casa, optando pelo ensino remoto.  

“Aas aulas dele vão ser só uma vez por semana, por três horas. Com o protocolo de segurança, dos 25 alunos da turma dele, só seis podem ir. Eu teria que levar ele 7h45 e buscar 10h45, em ponto, não pode atrasar, porque tem os outros alunos. Então preferi continuar no modo online, recebendo as atividades impressas”, explica Gardene.  

Já a filha Yohane, de 10 anos, que estuda na Escola Municipal Padre José De Anchieta, também na Federação, irá retornar. “Ela está no quinto ano e as aulas também vão ser de forma escalonada, só que um dia sim e um dia não, no período de 7h às 11h30. Aí é mais viável mandar, porque moro distante da escola e tenho que subir e ladeira para buscar e levar, tenho que ter planejamento e não tem ninguém que faça isso por mim”, esclarece a dona de casa.  

Na Escola Municipal Makota Valdina, no Engenho Velho da Federação, a situação é parecida para os mais novos. Como só é permitido ter um aluno por carteira, o escalonamento não tem como ser um dia sim e outro não, como no Ensino Fundamental.

“Na Educação Infantil, o mobiliário é maior e só tem como ser um aluno por mesa, então o adensamento não tem como ser 50%, fica 33%. Ou seja, os alunos vão um dia e ficam dois em casa”, detalha a diretora da escola, Márcia Cristiana Pinto. 

Pais e alunos com receio do retorno  Dos 357 alunos matriculados na escola, cerca de 30% ainda não voltarão às salas de aula, segundo a diretora. “Estamos fazendo um chamamento dos pais pelos grupos de Whatsapp e com cartazes na frente da escola, mas 30% dizem que não voltariam, com medo ainda da covid. Alguns alunos têm problema respiratório”, explica.  

Márcia Cristina conta que, desde que voltaram, em maio, as crianças que têm maior aceitação aos protocolos sanitários. “Elas já chegam pedindo o álcool para passar nas mãos. Todas têm muita disciplina, porque trabalhamos diariamente isso com elas”, afirma.  

Os estudantes da Educação de Jovens Adultos (EJA), que ainda não tinham voltado às escolas, retomam nesta segunda, no turno noturno. A quadra não será usada nesta primeira semana.  

No Cmei Yolanda Pires, na Fazenda Grande do Retiro, uma minoria voltou aos corredores. Segundo a diretora, Cláudia Oliveira, mais de 90% dos pais de alunos disseram que não querem mandar os filhos para aulas semipresenciais. De um total de 175 estudantes, somente 20 retornaram.  

“A gente está funcionando desde o dia 3 de maio, mas a frequência não está regular, está bem baixa. Mesmo com o retorno dos professores, poucos alunos estão vindo para a escola. Os pais só dizem que ainda não se sentem seguros”, explica Cláudia Oliveira.  

O refeitório não está sendo usado e os lanches são feitos nas salas, individualmente. Nenhuma atividade esportiva ou que exija contato próximo está sendo realizada.  

Já no Cmei do Calabar, a frequência das crianças está alta: 80% delas aderiram ao modelo semipresencial, de acordo com a diretora, Kelle Gentil. As professoras da unidade não seguiram as recomendações do sindicato, de se ausentarem desde maio. Ao todo, são 250 alunos e 12 professores.  

Confira os protocolos sanitários das escolas municipais: 

Entrada e saída da escola  - Todos os alunos devem usar máscara, exceto os da Educação Infantil (0 a 5 anos) e os que têm autismo - Todos terão a temperatura aferida, e aqueles com resultado igual ou superior a 37,5°C devem ser direcionados para acompanhamento de saúde adequado - Todos os colaboradores devem higienizar as mãos com água potável e sabão ou devem realizar o uso de álcool 70%   - Não autorizar a entrada dos pais ou responsáveis nas escolas  - Qualquer suspeita de covid-19 devem ser encaminhados para um posto de saúde - Os estudantes, professores e outros funcionários que estiverem com suspeita de doença não devem ir à escola 

Salas de aula  - As mesas, cadeiras, pisos e portas devem ser higienizadas a cada turno  - Carteiras em sala de aula espaçadas em 1,5 m  - As janelas das salas de aula devem, preferencialmente, permanecer abertas  - Em caso de utilização de ar condicionado, ele não deve ser mantido no modo recirculação do ar  - Deve-se higienizar as mãos antes de entrar na sala de aula  - Os brinquedos e materiais de uso comum, em salas de aula, deverão ser higienizados a cada uso  - Evitar levar brinquedos pessoais, dando ênfase nas atividades recreativas ao ar livre 

Banheiros  - Higienizar diariamente, duas vezes por turno  - O número máximo de pessoas ao mesmo tempo no banheiro deve garantir o distanciamento mínimo de 1,5 metro  - As portas não devem ter travas, para facilitar a abertura com os cotovelos  - Deve-se deixar os basculantes e janelas abertos 

Áreas comuns  - Corredores, elevadores, corrimões, portas, pisos, maçanetas, etc devem ser higienizados diariamente, a cada três ou quatro horas - As portas devem permanecer abertas ou encostadas para reduzir o contato com as maçanetas  - Proibido o uso de bebedouros com esguichos. Alunos e funcionários devem levar copo individual e/ou descartável para pegar água do bebedouro   - Elevadores usados com 30% da capacidade, com dispenser de álcool em gel em cada um  - Deve-se isolar os botões externos e internos dos elevadores com capa plástica ou filme de PVC e higienizar regularmente 

Refeitório  - Flexibilizar horários das refeições com estudantes separadas por turmas  - Flexibilizar horários das refeições com estudantes separadas por turmas  - Oferecer os talheres diretamente aos estudantes, evitando deixá-los disponíveis para pegarem por conta própria  - As merendeiras devem usar sistematicamente máscaras, e devem ser trocadas a cada 2/3 horas ou quando se tornarem fonte de exposição - A higienização das lanchonetes deve ocorrer a cada 3h ou 4h  - Guardanapos, saquinhos de pão ou similares devem ser descartáveis  - Deve-se avaliar a possibilidade de as lanchonetes oferecerem kit´s lanche prontos e individuais, a serem entregues em cada sala de aula apoiando na redução da circulação de alunos nos intervalos 

Quadras  - Deverão ser utilizadas por turnos e em horários diferenciados por cada turma  - As atividades podem ser mantidas desde que garantido o espaçamento de 1,5 m entre os usuários  - As escolas deverão suspender atividades coletivas que exija maior proximidade 

Outras orientações  - O acesso de todos que tenham contato com casos suspeitos ou confirmados de Ccovid-19 só será permitido após 10 dias de isolamento e após 24h sem sintomas ou mediante a apresentação de teste negativo (RT-PCR)  - As escolas que possuem área para recreação devem realizar o recreio monitorados, organizando as turmas em horários intercalados, de modo a evitar aglomeração  - Proibido o compartilhamento de comida, utensílios e brinquedos entre os grupos  - Eventos escolares como viagens, atuação em campo externo ou teatros deverão ser suspensos  - A ocorrência de mais de um caso suspeito ou confirmado na mesma escola em um período de 15 dias, a direção deve informar ao Distrito Sanitário de abrangência da unidade escolar 

*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro