Com R$ 53 milhões bloqueados, Ufba é uma das 200 melhores universidades jovens do mundo

Mais uma vez, instituição também ficou entre as melhores da América Latina

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  • Tailane Muniz

Publicado em 5 de julho de 2019 às 17:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo CORREIO

Em meio à luta institucional, acadêmica e política enfrentada pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), nas palavras do reitor João Carlos Salles, a instituição foi reconhecida como uma das 200 melhores jovens universidades do mundo, segundo ranking geral da revista britânica Times Higher Education (THE). 

Na categoria Golden Agen, que faz parte do ranking The Young University 2019, a Ufba aparece na faixa que vai do 151º ao 200º colocado. Inicialmente, o CORREIO informou que a categoria era geral - incluía todas as instituições. No entanto, são consideradas universidades na 'era dourada' (em tradução livre) aquelas que foram fundadas nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial (entre 1945 e 1967). 

Entre as universidades brasileiras classificadas, a instituição baiana é considerada a quarta melhor do país nessa categoria, atrás apenas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que ocupa a 67ª posição, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), que estão na faixa entre o 101º e o 150º lugar. 

O ranking inglês também coloca a Ufba, pelo segundo ano consecutivo, no grupo das melhores entre as latino-americanas, na 31ª posição. No ranking geral do THE, a instituição que garantiu a melhor colocação foi a Universidade da Califórnia (EUA), seguida da Universidade Nacional da Austrália e da Universidade Chinesa de Hong Kong.   Agora, com mais um reconhecimento internacional, defende o reitor, é hora de “chamar a responsabilidade” e mostrar à sociedade que mesmo com R$ 53 milhões, em custeio e investimentos, bloqueados pelo Ministério da Educação (MEC) há três meses, a Ufba tem, agora, a missão de apresentar sua importância à sociedade por meio de seu maior ponto de destaque: as pesquisas."Uma instituição que atinge esse patamar, mesmo numa situação adversa, ocuparia espaços ainda maiores se tivesse maiores investimentos em seus laboratórios, manutenção. A Ufba vai, sim, continuar buscando seu potencial na pesquisa. Lutamos academicamente, institucionalmente e politicamente para que esse bloqueio seja revertido. São R$ 48 milhões em custeio e cerca de 5 milhões em investimentos, compra de equipamentos e obras", disse.O reitor falou ainda sobre a evolução da instituição, que realizará, entre 29 e 31 de outubro, o Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão da Ufba. "Temos a responsabilidade de mostrar à sociedade que estamos fazendo nossa pesquisa. Ao final de outubro, teremos nosso 4º congresso, que vai ser maior do que do que os anteriores. São mais de 3,8 mil trabalhos, é um congresso muito grandioso", completou.

Maíra Kubik Mano, professora do Departamento de Estudos de Gênero e coordenadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher, comentou a classificação e lamentou o congelamento de verba sofrido pela universidade.

"Por nós, professores, a gente subiria nos rankings cada vez mais, mas não depende só da gente. Com o corte, estamos tendo menos infraestrutura. Isso significa ter menos dinheiro para trabalho de campo, limpeza e segurança, além de corte dos terceirizados. Todo o ambiente vai se deteriorando. Infelizmente, a gente tem um governo que não acredita no investimento. Nossa intenção é mostrar que a universidade segue viva, forte, desenvolvendo a pesquisa e o pensamento crítico. A gente segue lutando", disse ao CORREIO.

Demissões e economias Sobre o possível início das demissões de trabalhadores terceirizados que prestam serviços à universidade, Salles esclareceu. "Não houve demissão. A empresa que se apressou lançando alguns avisos prévios. Uma redução de pessoal será necessária, mas estamos trabalhando para que ela seja mínima", disse.

A partir desta segunda-feira (8), a universidade passará a ter um horário reduzido e apenas funcionará das 7h30 às 13h30. Apesar da suspensão das aulas por conta do recesso, que inicia na próxima semana, as atividades de pesquisa e extensão da universidade não serão interrompidos e professores e alunos já começam a ver os impactos da medida.

Publicada em uma portaria pelo reitor João Carlos Salles, a alteração no horário de funcionamento deve ser mantida até o dia 2 de agosto, quando o recesso letivo será finalizado, mas a universidade admite que outros cortes realizados neste período podem ser mantido após o retorno das aulas por conta do bloqueio de verbas pelo Ministério da Educação.

Na portaria publicada pela universidade, o reitor explica que as despesas de energia elétrica e água somam R$ 26 milhões anualmente e que o horário entre 18h e 21h têm um custo sete vezes maior do que em outros horários. Mesmo durante o dia, a recomendação da universidade é de que “a comunidade universitária racionalize ao máximo o uso de equipamentos de alto consumo, como, por exemplo, os de ar condicionado”. Para diminuir gastos com energia elétrica, o reitor já havia determinado no final do mês de maio que as luzes da universidade fossem desligadas a partir das 23h.

Serviços considerados essenciais pela universidade não serão interrompidos. Dentre eles estão os de segurança, a manutenção predial, os de informação e comunicação, além do restaurante universitário e o funcionamento do hospital universitário.