Com volta do azul e branco, Filhos de Gandhy mostram fantasia de 2020; veja

Este pode ser o último ano com três dias de desfile; 2021 devem ser apenas dois

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  • Gabriel Moura

Publicado em 17 de fevereiro de 2020 às 15:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho

Seguindo o ditado de que nem tudo que reluz é ouro, a indumentária dourada usada pelo afoxé Filhos de Gandhy nos desfiles de 2019 foi mal recebida e gerou polêmica entre alguns dos associados. Para 2020, o bloco “voltou às origens” e irá colorir as ruas de Salvador durante o Carnaval apenas com os tradicionais branco (referência a Oxalá) e azul (de Ogum). 

A indumentária alvi-celeste deste ano trará o tema Omolú-Obaluyê, deuses da doença e da cura. A escolha parte do entendimento do afoxé sobre as enfermidades que estão atingindo o mundo.

No traje (que traz tons azul em losangos na parte da frente e majoritariamente branco atrás) também estão presentes referências aos animais elefante (significando a força), camelo (a resistência) e cobra (Oxumarê).

“Diante de tanta infecção e tanta doença que assola o mundo, viemos com esse tema para saudar mais uma bandeira que defendemos, que é a da saúde. Além disso, nosso desfile irá defender o direito dos homossexuais, das mulheres e a da paz, honrando nosso grande líder Mahatma Gandhi”, aponta Gilsoney de Oliveira, presidente da entidade.

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Elogios O design da indumentária foi elogiado pelos associados (tanto os contra quanto os a favor do dourado. Para o analista de suporte Érico Rafael, que sai no bloco há 14 anos, essa é uma das fantasias mais bonitas que ele já viu.

“Achei muito linda, assim como a do ano passado. Gosto do branco e azul, mas acredito que em alguns momentos o traje deve ser dourado, principalmente em ocasiões festivas, pois a cor remete a festa”, avalia ele, que não faz parte do grupo de associados que acredita que as tradições devem permanecer intactas.

A posição favorável às inovações é compartilhada pelo presidente Gilsoney, que lembrou que a quebra de paradigmas faz parte da história da entidade. “Desde a fundação do bloco houve polêmica. No início os estivadores saíam com um cordão de cebola e quando trouxeram os turbantes gerou polêmica. Na década de 70 quando colocaram a cor azul, também teve resistência e hoje esses dois elementos são considerados tradicionais”, lembra.

Dourada ou não, o lançamento das fantasias é celebrado pelos comerciantes locais. "É uma oportunidade de conseguir uma graninha extra", comemora a artesã Itamara Cruz, 57, que há 39 anos costura turbantes para os Filhos de Gandhy.

Dois dias Além das tradições vestuárias, outra pode ser quebrada em 2021, o número de dias que o cortejo desfila. Em 2020 ainda serão os tradicionais três (domingo e terça-feira às 15h no Pelourinho e segunda-feira às 17h na Barra-Ondina), mas a tendência é que no próximo Carnaval o bloco saia apenas no domingo e na terça.

A mudança acontece devido a falta de recursos e patrocínios privados do bloco e foi revelada pelo presidente da instituição, Gilsoney de Oliveira. Para 2020 apenas a prefeitura de Salvador e o governo do Estado irão patrocinar o cortejo. 

"O Gandhy, assim como outros blocos afro, estão sofrendo com a falta de patrocínio e atualmente nossas despesas são maiores que as receitas. Por isso ano que vem devemos sair apenas dois dias ao invés de três", explica ele, após ressaltar que essa decisão só irá mudar caso haja um novo patrocínio ou investimento maior do poder público.

O CORREIO Folia tem o patrocínio do Hapvida, Sotero Ambiental, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e apoio do Salvador Bahia Airport e Claro.

*Com orientação do Chefe de Reportagem Jorge Gauthier.

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