Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Eduardo Dias
Publicado em 24 de janeiro de 2020 às 16:30
- Atualizado há 2 anos
Após o desabamento de um prédio de quatro pavimentos e oito apartamentos, na tarde de quinta-feira (23), na Travessa Isabel Souto, no bairro de Narandiba, equipes da Defesa Civil de Salvador (Codesal) e da Secretaria de Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) voltaram ao local nesta sexta (24), onde realizaram avaliações em outras oito casas próximas à estrutura que desabou.>
Moradores vizinhos relataram medo de novos desabamentos. Para evitar novos desastres, as equipes deram continuidade ao processo de demolição de dois imóveis condenados, iniciado após o ocorrido no local. Operários dos dois órgãos municipais contaram com o apoio de uma máquina escavadeira, que atuou para criar um acesso para que os funcionários retomassem as demolições das casas com auxílio de marteletes.>
O dono do imóvel que desabou ainda não foi encontrado para esclarecimentos e a Codesal e a Sedur ficarão responsáveis por notificá-lo.>
De acordo com o diretor geral da Codesal, Sosthenes Macedo, engenheiros do órgão estiveram em Narandiba nos dias 15 e 17 de janeiro, realizando vistorias e identificaram uma série de anormalidades, como fissuras e oxidação de armaduras, com risco alto de desabamento, o que demandou a retirada das pessoas de suas casas.>
Segundo ele, essas oito casas avaliadas serão reavaliadas para serem desocupadas e, talvez, haja a necessidade de mais evacuações nas próximas horas.>
“O trabalho das equipes vai se estender pela tarde desta sexta. As pessoas que moravam nos apartamentos eram locatários, moravam de aluguel, mas precisaram ser evacuar o local. As equipes da prefeitura, como da secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre) estiveram presentes, dando apoio às famílias. A Sedur iniciou o procedimento de demolição ainda ontem (quinta, 23) e dando prosseguimento na manhã desta sexta”, contou ele.>
Quem teve seus imóveis atingidos e precisou deixá-los, de acordo com a Codesal, deve procurar seus direitos contratuais de forma cível. O órgão informou ainda que o dono do imóvel que desabou será notificado pela prefeitura.>
“As pessoas que tinham alugado esses imóveis devem procurar de forma cível, por conta da relação que tinham em contrato com o locador. Já o dono do imóvel que desabou, nós notificamos ele e a Sedur também tomará as medidas cabíveis com relação a essa construção irregular”, disse Soshtenes.>
Sobre a possibilidade de mais evacuações, o diretor da Defesa Civil afirmou que as avaliações estão em curso e que vai aguardar o fim das demolições para avaliar a possibilidade de autorização de retorno das pessoas as suas residências.>
“Toda a região em torno do prédio está isolada para garantir a segurança das pessoas até que o serviço de demolição seja concluído. Uma nova avaliação dos nossos técnicos será apresentada e dirá a possibilidade, ou não, de retorno. A gente acredita que no término das demolições, as pessoas possam voltar à rotina normal na localidade”, completou.>
A Codesal já registrou, até às 14h desta sexta-feira, 142 ocorrências através do telefone 199. Dentre elas, estão denúncias de alagamento de imóveis, ameaça de desabamentos, ameaça de deslizamentos e avaliação de imóveis alagados.>
Medo, susto e alívio Morador há 20 anos da Travessa Isabel Souto, o churrasqueiro Wilson de Oliveira Pontes, de 42 anos, contou que precisou sair de sua residência, vizinha ao imóvel que desabou, no sábado (18), já por medo de o prédio desabar e os escombros caírem sobre sua casa. Ele garante que pretende voltar para o imóvel, no qual trabalhou dia e noite para construir.>
“A Codesal veio, olhou tudo e me disse que havia esse risco da casa desabar em cima da minha. A casa já estava escorregando, mostrando que ia cair em cima da minha. Saí e tive que alugar um imóvel para proteger minha esposa e meus dois filhos. Não sei o que é dormir esses dias. Como é que dorme sabendo que sua casa, que você lutou tanto parta erguer, pode cair a qualquer momento? Não sei o que vou fazer ainda. Trabalhei dia e noite para construir aquela casa, investi tanto. Espero poder voltar para lá, mas vou esperar o que eles vão me dizer”, afirmou o morador, que observava de longe o trabalho das máquinas nas demolições. De longe, Wilson acompanhava a demolição de casas vizinhas à sua, que foi condenada pela Codesal (Foto: Eduardo Dias/CORREIO) Assustada com o barulho da queda do prédio, a comerciante Lécia Aguiar de Almeida, 45, contou que estava na cozinha de casa, preparando o almoço para seus dois filhos que assistiam TV na sala, quando viu a movimentação de pessoas correndo na rua. Ela resolveu verificar o que estava acontecendo.>
Ao avistar a movimentação e a poeira do prédio, se apegou aos filhos para protegê-los e rezou. “Estava fazendo a comida quando vi as pessoas correndo e a poeira subir. Estava uma chuva fraca no momento da queda. À noite eu quase não consegui dormir, fiquei muito preocupada por conta do tombo que foi. Assustada, eu só pensava nos meus filhos, mas graças a Deus estamos bem e nossa casa não foi atingida, nem corre riscos, mas o susto foi grande”, contou ela aliviada por não ter o imóvel atingido.>
Já Liliane de Jesus, 27, que dormia dentro de sua casa no momento em que o prédio vizinho desabou, precisou sair imediatamente quando ouviu o barulho do desmoronamento. Ela ainda tentou negociar com os engenheiros da Codesal para retornar à residência e pegar alguns de seus pertences, mas foi impedida por mediadas de segurança. Aos prantos, ela sentou na calçada de uma vizinha e lamentou o fato de não poder recuperar seus bens, mas agradeceu o fato de estar viva. Liliane não segurou o choro ao saber que poderá recuperar seus pertences de imóvel condenado (Foto: Eduardo Dias/CORREIO) "Eu estava dormindo e acordei com o barulho. Inicialmente, achei que era alguma construção ou algo do tipo na rua. Moro sozinha há três anos, todas as minhas coisas estão lá na casa e não posso pegar. Dormi na casa da minha irmã, na Boca do Rio. Avisei no trabalho que só poderia ir trabalhar quando resolvesse a minha situação. Conversei com a Codesal e eles me disseram que estão fazendo o possível para eu conseguir tirar as minhas coisas ainda hoje, vou ficar aguardando”, disse a jovem, confiante em conseguir recuperar seus pertences.>
Previsão do tempo De acordo com a previsão do tempo do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Salvador tem temperatura mínima de 24°e máxima de 28° nesta sexta-feira. Os períodos da tarde e noite serão de céu nublado a encoberto, com pancadas de chuva e trovoadas isoladas. A umidade relativa do ar é de e chance de chuvas.>
Já no sábado (25), a tendência, segundo o INMET, é de temo estável, com temperatura mínima na casa dos 25° e máxima em 30°, com céu encoberto e umidade em 88% durante todo o dia. O domingo (26) os termômetros chegam a máxima de 28°e mínima de 25°, com possibilidade de céu nublado pancadas de chuva.>
*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier>